Mítico

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: "Se o [[mito]] foi silenciado nem por isso deixou de [[vigorar]] à margem, sobretudo na terceira, comparecendo como o [[mítico]]. O [[mítico]] é a [[essência]] do [[humano]] [[vigorando]]. Em todos os [[tempos]] e [[culturas]] do [[mítico]] [[originaram-se]] todas as [[manifestações]] [[artísticas]]. [[Essencialmente]], o [[humano]] é o [[artístico]] [[acontecendo]]" (1).
: "Se o [[mito]] foi silenciado nem por isso deixou de [[vigorar]] à margem, sobretudo na terceira, comparecendo como o [[mítico]]. O [[mítico]] é a [[essência]] do [[humano]] [[vigorando]]. Em todos os [[tempos]] e [[culturas]] do [[mítico]] [[originaram-se]] todas as [[manifestações]] [[artísticas]]. [[Essencialmente]], o [[humano]] é o [[artístico]] [[acontecendo]]" (1).
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: (1) : CASTRO, Manuel Antônio de. “O mito de Midas da morte ou do ser feliz”. In: ------. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 187.
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: "Porém, se os [[mitos]] foram expulsos de nosso [[horizonte]], eles continuam [[presentes]] e fortes, porque eles não são [[invenções]] [[ficcionais]] nem [[irreais]]. Também não são [[explicações]] [[causais]] para os [[fenômenos]] [[naturais]] ou [[psíquicos]], como uma [[mitologia]] de base [[científica]] nos quer fazer [[acreditar]]. Nossas [[mentes]] e [[línguas]], poluídas por [[saberes]] [[metafísicos]], [[retóricos]] e [[científicos]], sentem uma [[real]] dificuldade de se abrir para o [[saber]] dos [[mitos]]. Eles são a [[dimensão]] mais profunda do que em nós é e teima em [[ser]]. Foram-se os [[mitos]], mas continua com sua força onipresente: o [[mítico]]. Ele se faz [[presente]] e irrompe principalmente nas [[obras poéticas]]. O [[vigorar]] das [[obras artísticas]] se manifestando é o [[mítico]] irrompendo em nossas [[vidas]]. O [[mítico]] é o [[vigorar]] das [[questões]]" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 152.
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: "A ligação do [[pensamento]] heraclitiano com o [[mítico]] é muito importante, porque a [[filosofia]] inaugurada com os [[sofistas]] e com o [[platonismo]] se esmera em combater os [[mitos]] e o [[pensamento mítico]]. E nisso esquecem a [[questão]] [[fundamental]] para o [[sentido]] do [[ser humano]]: a [[questão]] do [[destino]]. Neste [[esquecimento]] se inscreve a afirmação de Protágoras: O [[homem]] é a [[medida]] de todas as [[coisas]]. Numa [[posição]] completamente diferente afirma o [[pensador]] [[Platão]]: O [[sagrado]]/[[deus]] é a [[medida]] de [[todas]] as [[coisas]]. O [[pensador]] não apreende ''[[theos]]'' como o [[fundamento]] [[causal]] que ele se tornará depois. Só aparentemente se afasta do [[mítico]], uma vez que ele não cessa de se servir dos próprios [[mitos]]. O afastamento de [[Platão]] é muito mais em [[relação]] aos [[ritos]] [[retóricos]] e [[vazios]], que deram lugar à [[presença]] viva e atuante do ''[[eidos]]'' como [[doação]] de [[possibilidades]] sempre [[inaugurais]]. Não é sem [[motivo]] que no [[mito da caverna]] a [[plenitude]] ainda vem da [[luz]], ou seja, [[Zeus]] [[originário]]. O [[pensamento]] de [[Platão]], [[originário]], torna-se [[doutrina]] nos [[platonismos]]. E com ela fenece o [[vigorar]] do [[pensamento]], pois este é [[sempre]] [[questão]]" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 169.
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: "[[Originariamente]], todo [[educar]] é [[mítico]], posteriormente se desdobrou no [[lógico]]-[[racional]]. O [[educar poético]] é [[dialético]], nada excluindo. A sua [[origem]] [[mítica]] fica bem clara na conhecida [[afirmação]] de que [[Homero]] educou a [[Grécia]], pois ele, em suas [[obras]] [[poéticas]], trata de [[mitos]]. E estes são conaturais a todos os [[povos]] e [[culturas]]. Dessa maneira, as [[formas]] [[originárias]] de [[educar]] são os [[ritos]] dos [[mitos]], daí a força das [[narrativas]] hoje e [[sempre]], porque estas dizem respeito à [[narrativa]] da [[caminhada]] [[entre]] [[vida]] e [[morte]] do [[ser humano]], em seu [[sentido]] e [[mistério]]" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Educar poético: diálogo e dialética". In: ..... e outros. '''O educar poético'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2014, p. 15.

Edição atual tal como 20h42min de 30 de Dezembro de 2021

Tabela de conteúdo

1

O mítico é a essência do mito. Cf. o verbete mito. Neste caso não se pode confundir jamais essência com o conceito, seja metafísico, seja epistemológico. Essência é originariamente questão.


- Manuel Antônio de Castro

2

"Se o mito foi silenciado nem por isso deixou de vigorar à margem, sobretudo na terceira, comparecendo como o mítico. O mítico é a essência do humano vigorando. Em todos os tempos e culturas do mítico originaram-se todas as manifestações artísticas. Essencialmente, o humano é o artístico acontecendo" (1).


Referência:
(1) : CASTRO, Manuel Antônio de. “O mito de Midas da morte ou do ser feliz”. In: ------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 187.

3

"Porém, se os mitos foram expulsos de nosso horizonte, eles continuam presentes e fortes, porque eles não são invenções ficcionais nem irreais. Também não são explicações causais para os fenômenos naturais ou psíquicos, como uma mitologia de base científica nos quer fazer acreditar. Nossas mentes e línguas, poluídas por saberes metafísicos, retóricos e científicos, sentem uma real dificuldade de se abrir para o saber dos mitos. Eles são a dimensão mais profunda do que em nós é e teima em ser. Foram-se os mitos, mas continua com sua força onipresente: o mítico. Ele se faz presente e irrompe principalmente nas obras poéticas. O vigorar das obras artísticas se manifestando é o mítico irrompendo em nossas vidas. O mítico é o vigorar das questões" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 152.

4

"A ligação do pensamento heraclitiano com o mítico é muito importante, porque a filosofia inaugurada com os sofistas e com o platonismo se esmera em combater os mitos e o pensamento mítico. E nisso esquecem a questão fundamental para o sentido do ser humano: a questão do destino. Neste esquecimento se inscreve a afirmação de Protágoras: O homem é a medida de todas as coisas. Numa posição completamente diferente afirma o pensador Platão: O sagrado/deus é a medida de todas as coisas. O pensador não apreende theos como o fundamento causal que ele se tornará depois. Só aparentemente se afasta do mítico, uma vez que ele não cessa de se servir dos próprios mitos. O afastamento de Platão é muito mais em relação aos ritos retóricos e vazios, que deram lugar à presença viva e atuante do eidos como doação de possibilidades sempre inaugurais. Não é sem motivo que no mito da caverna a plenitude ainda vem da luz, ou seja, Zeus originário. O pensamento de Platão, originário, torna-se doutrina nos platonismos. E com ela fenece o vigorar do pensamento, pois este é sempre questão" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 169.

5

"Originariamente, todo educar é mítico, posteriormente se desdobrou no lógico-racional. O educar poético é dialético, nada excluindo. A sua origem mítica fica bem clara na conhecida afirmação de que Homero educou a Grécia, pois ele, em suas obras poéticas, trata de mitos. E estes são conaturais a todos os povos e culturas. Dessa maneira, as formas originárias de educar são os ritos dos mitos, daí a força das narrativas hoje e sempre, porque estas dizem respeito à narrativa da caminhada entre vida e morte do ser humano, em seu sentido e mistério" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Educar poético: diálogo e dialética". In: ..... e outros. O educar poético. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2014, p. 15.