Télos
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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- | : (1) HEIDEGGER, Martin. "A questão da técnica". In: | + | : (1) [[HEIDEGGER]], Martin.''' "A [[questão]] da [[técnica]]". In: ---. [[Ensaios]] e conferências. [[Tradução]]: Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 2002, p.14.''' |
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- | : "No [[utensílio]], a [[forma]] é a sua [[finalidade]]. Como a [[obra de arte]] não tem [[finalidade]] nem [[funcionalidade]], ela não tem [[forma]]. Presencia, desvela a [[realidade]], que não cessa de [[velar-se]], retrair-se. À presencialização da [[realidade]] no que ela é sendo é o que se chama ''[[telos]]'', ou seja, a [[realidade]] se dando em [[sentido]] enquanto [[realização]]" (1). | + | : "No [[utensílio]], a [[forma]] é a sua [[finalidade]]. Como a [[obra]] de [[arte]] não tem [[finalidade]] nem [[funcionalidade]], ela não tem [[forma]]. Presencia, desvela a [[realidade]], que não cessa de [[velar-se]], retrair-se. À presencialização da [[realidade]] no que ela é sendo é o que se chama ''[[telos]]'', ou seja, a [[realidade]] se dando em [[sentido]] enquanto [[realização]]" (1). |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte: presença e forma". In:---. | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Obra de arte]]: [[presença]] e [[forma]]". In:---. [[Leitura]]: [[questões]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 221.''' |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Época e tempo poético". In: | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Época]] e [[tempo]] [[poético]]". In: ---. [[Leitura]]: [[questões]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 279.''' |
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- | : "Costuma-se [[traduzir]] ''[[telos]]'' por meta, [[fim]], [[finalidade]]. Todavia ''[[telos]]'' não diz nem a meta a que se dirige a [[ação]], nem o [[fim]] em que a [[ação]] finda, nem a [[finalidade]] a que serve a [[ação]]. ''[[Telos]]'' é o [[sentido]], enquanto [[sentido]] implica [[princípio]] de desenvolvimento, [[vigor]] de [[vida]], [[plenitude]] de [[estruturação]]" (1). | + | : "Costuma-se [[traduzir]] ''[[telos]]'' por [[meta]], [[fim]], [[finalidade]]. Todavia ''[[telos]]'' não diz nem a [[meta]] a que se dirige a [[ação]], nem o [[fim]] em que a [[ação]] finda, nem a [[finalidade]] a que serve a [[ação]]. ''[[Telos]]'' é o [[sentido]], enquanto [[sentido]] implica [[princípio]] de desenvolvimento, [[vigor]] de [[vida]], [[plenitude]] de [[estruturação]]" (1). |
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- | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O problema da | + | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro.''' "O [[problema]] da [[Poética]] de Aristóteles". In: ---. [[Aprendendo]] a [[pensar]] II. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 156.''' |
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+ | : ''[[Télos]]'', enquanto [[sentido]], não se traduz então como ''[[fim]]'', ''[[finalidade]]''. Por isso, Gadamer, a propósito do ''[[sentido do Ser]]'' em [[Heidegger]], diz: | ||
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- | : (2) Cf. GADAMER, Hans-Georg. ''Verdade e método II | + | : (2) Cf. GADAMER, Hans-Georg. '''[[Verdade]] e [[método]] II. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 428.''' |
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- | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O problema da | + | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro.''' "O [[problema]] da [[Poética]] de Aristóteles". In: ------. [[Aprendendo]] a [[pensar]] II. Petrópolis, Vozes, 1992, p. 156.''' |
- | : (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Notas de tradução". In: HEIDEGGER, Martin. | + | : (2) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "Notas de [[tradução]]". In: [[HEIDEGGER]], Martin. A [[origem]] da [[obra]] de [[arte]]. Trad.Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70, 2010, p. 228.''' |
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- | : "A [[liberdade]] não vem do “[[eu]]”, mas do [[destino]] do “[[sou]]”, de cada “[[sou]]”, em cada [[sendo]] um “[[eu]]”. [[Liberdade]] [[necessária]]. A [[plenitude]] acontece enquanto o [[pensar]], que é a [[ascese]] da [[paixão]] de [[viver]]. A [[plenitude]] incorpora toda [[possível]] | + | : "A [[liberdade]] não vem do “[[eu]]”, mas do [[destino]] do “[[sou]]”, de cada “[[sou]]”, em cada [[sendo]] um “[[eu]]”. [[Liberdade]] [[necessária]]. A [[plenitude]] acontece enquanto o [[pensar]], que é a [[ascese]] da [[paixão]] de [[viver]]. A [[plenitude]] incorpora toda [[possível]] estesia na [[paixão]] do [[consumar]], do levar ao [[sumo]], onde [[razão]], [[paixão]] e [[sentir]] são [[concretamente]] [[integrados]], sendo um e o [[mesmo]]. Os [[gregos]] chamaram a esta [[realização]] de [[plenitude]] ''[[télos]]''. Este é, portanto, não apenas todo [[agir]] [[causal]]. É algo além e muito mais, o levar à [[plenitude]] o que se [[é]]" (1). |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Liberdade, vontade e uso de drogas". In: ----. | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Liberdade]], [[vontade]] e uso de drogas". In: ----. [[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 277.''' |
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- | : "A característica [[essencial]] da [[dicotomia]] é que parte [[sempre]] de [[oposições]] excludentes. Mas desde a formulação lapidar de | + | : "A característica [[essencial]] da [[dicotomia]] é que parte [[sempre]] de [[oposições]] excludentes. Mas desde a formulação lapidar de Aristóteles do que seja [[princípio]] (''[[arché]]'') em sua [[consumação]] (''[[télos]]'') somos convocados a [[pensar]] a [[realidade]] sem exclusões, pois afirma na ''[[Metafísica]]'' " (1): |
+ | : “Só é [[possível]] [[pensar]] em [[princípio]] porque ''[[physis]]'', a [[realidade]], não é estática, é [[dinâmica]]. Só é [[possível]] [[pensar]] em [[princípio]] porque a [[dinâmica]] da ''[[physis]]'' não é linear, é [[circular]]. Só é [[possível]] [[pensar]] em [[princípio]] porque a circulação da ''[[physis]]'' não é [[finita]], é [[infinita]]. Só é [[possível]] [[pensar]] em [[princípio]] porque a [[infinitude]] da ''[[physis]]'' não é de exclusão, mas de inclusão” (In: Leão, 2010, 89 (2)". | ||
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- | : ( | + | : (2) LEÃO, Emmanuel Carneiro. '''[[Filosofia]] [[grega]] - uma introdução. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2010, p. 89.''' |
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+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Educar]] [[poético]]: [[diálogo]] e [[dialética]]". In: ..... e [[outros]]. O [[educar]] [[poético]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2014, p. 16.''' | ||
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+ | : "...só podemos [[entender]] o que é ''[[télos]]'' se pensamos o [[sentido]] e se pensamos o [[sentido]] como [[princípio]]. E é neste [[horizonte]] de [[pensamento]] que o [[princípio]] é o ''[[lógos]]''. E o ''[[lógos]]'' é o [[sentido do Ser]], ou seja, o ''[[télos]]''. Então se coloca a [[questão]]: o que é [[princípio]]?" | ||
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- | : ( | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "[[Télos]] e [[sentido]]", '''[[ensaio]] ainda não publicado'''. |
Edição atual tal como 20h39min de 5 de fevereiro de 2025
- Télos
Tabela de conteúdo |
1
- "Com ele, o cálice circunscreve-se como utensílio sacrificial. A circunscrição finaliza o utensílio. Com este fim, porém, o utensílio não termina ou deixa de ser, mas começa a ser o que será depois de pronto. É, portanto, o que finaliza, no sentido de levar à plenitude, à (consumação) o que, em grego, se diz com a palavra télos. Com muita frequência, traduz-se télos por "fim", entendido como meta, e também por "finalidade", entendida como propósito, interpretando-se mal essa palavra grega" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. "A questão da técnica". In: ---. Ensaios e conferências. Tradução: Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 2002, p.14.
2
- "A integração de penhor e bem constitui e perfaz o sentido, tò télos, do empenho na dinâmica da ação. Costuma-se traduzir télos por meta, fim, finalidade. Todavia, télos não diz nem a meta a que dirige a ação nem o fim em que a ação finda, nem a finalidade a que serve a ação. Télos é o sentido, enquanto sentido implica princípio de desenvolvimento, vigor de vida, plenitude de estruturação. Assim o télos, o sentido de toda ação, é consumar a atitude, é o sumo desenvolvimento do vigor de sua plenitude. Atitude, como a consumação de todos os sentidos das ações, to teleiotaton, é pois, a perfeita integração de penhor e bem" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O problema da Poética de Aristóteles". In: .... Aprendendo e pensar II. Petrópolis, Vozes, 1992, p. 156.
3
- "O manter-se que se contém nos limites, o ter-se seguro a si mesmo, aquilo no que se sustenta o consistente, é o ser do sendo. Faz com que o sendo seja tal em distinção ao não-sendo. Vir à consistência significa, portanto: conquistar limites para si, de-limitar-se. Daí ser um caráter fundamental do sendo o telos, que não diz nem finalidade nem meta ou alvo e, sim, "fim". Mas "fim" não é entendido aqui no sentido negativo, como se alguma coisa já não continuasse e, sim, findasse e cessasse de todo. "Fim" é conclusão no sentido do grau supremo de plenitude. No sentido de per-feição. Pois bem, limite e fim constituem aquilo em que o sendo principia a ser. São os princípios do ser de um sendo" (1).
- Referência:
- (1)HEIDEGGER, Martin. Introdução à metafísica. "Introdução". Tradução e Notas de Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2.e. 1969, p. 88.
4
- "No utensílio, a forma é a sua finalidade. Como a obra de arte não tem finalidade nem funcionalidade, ela não tem forma. Presencia, desvela a realidade, que não cessa de velar-se, retrair-se. À presencialização da realidade no que ela é sendo é o que se chama telos, ou seja, a realidade se dando em sentido enquanto realização" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte: presença e forma". In:---. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 221.
5
- "Télos é uma palavra grega que diz o processo contínuo de referência entre o operar do princípio (arché) e sua realização e plenificação de sentido (finalidade de cada próprio) " (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Época e tempo poético". In: ---. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 279.
6
- "Costuma-se traduzir telos por meta, fim, finalidade. Todavia telos não diz nem a meta a que se dirige a ação, nem o fim em que a ação finda, nem a finalidade a que serve a ação. Telos é o sentido, enquanto sentido implica princípio de desenvolvimento, vigor de vida, plenitude de estruturação" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O problema da Poética de Aristóteles". In: ---. Aprendendo a pensar II. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 156.
7
- Sentido está ligado a Télos. "Télos é o sentido, enquanto sentido implica princípio de desenvolvimento, vigor de vida, plenitude de estruturação" (1).
- Télos, enquanto sentido, não se traduz então como fim, finalidade. Por isso, Gadamer, a propósito do sentido do Ser em Heidegger, diz:
- "A meu ver, porém, quando pergunta pelo sentido do ser, Heidegger tampouco pensa "sentido" na linha da metafísica e de seu conceito de essência. Pensa-o, antes, como sentido interrogativo que não espera uma determinada resposta, mas que sugere uma direção ao perguntar" (2).
- Só vejo aí direção como tensão entre saber e não-saber, dialeticamente na procura da plenitude de realização.
- Referências:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar II. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 156.
8
- "Ao vigor do originário realizando-se, doando-se, plenificando-se, denominaram os Gregos télos. O que é télos? "Costuma-se traduzir télos por meta, fim, finalidade. Todavia télos não diz nem a meta a que se dirige a ação, nem o fim em que a ação finda, nem a finalidade a que serve a ação. Télos é o sentido, enquanto sentido implica princípio de desenvolvimento, vigor de vida, plenitude de estruturação. Assim o télos, o sentido, de toda ação é consumar a atitude, é o sumo desenvolvimento do vigor em sua plenitude" (1). Portanto, só podemos entender o que é télos se pensarmos o sentido e se o pensarmos como princípio" (2).
- Referências:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O problema da Poética de Aristóteles". In: ------. Aprendendo a pensar II. Petrópolis, Vozes, 1992, p. 156.
- (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Notas de tradução". In: HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte. Trad.Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70, 2010, p. 228.
9
- "A liberdade não vem do “eu”, mas do destino do “sou”, de cada “sou”, em cada sendo um “eu”. Liberdade necessária. A plenitude acontece enquanto o pensar, que é a ascese da paixão de viver. A plenitude incorpora toda possível estesia na paixão do consumar, do levar ao sumo, onde razão, paixão e sentir são concretamente integrados, sendo um e o mesmo. Os gregos chamaram a esta realização de plenitude télos. Este é, portanto, não apenas todo agir causal. É algo além e muito mais, o levar à plenitude o que se é" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Liberdade, vontade e uso de drogas". In: ----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 277.
10
- "A característica essencial da dicotomia é que parte sempre de oposições excludentes. Mas desde a formulação lapidar de Aristóteles do que seja princípio (arché) em sua consumação (télos) somos convocados a pensar a realidade sem exclusões, pois afirma na Metafísica " (1):
- “Só é possível pensar em princípio porque physis, a realidade, não é estática, é dinâmica. Só é possível pensar em princípio porque a dinâmica da physis não é linear, é circular. Só é possível pensar em princípio porque a circulação da physis não é finita, é infinita. Só é possível pensar em princípio porque a infinitude da physis não é de exclusão, mas de inclusão” (In: Leão, 2010, 89 (2)".
- Referências:
- (2) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Filosofia grega - uma introdução. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2010, p. 89.
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Educar poético: diálogo e dialética". In: ..... e outros. O educar poético. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2014, p. 16.
11
- "...só podemos entender o que é télos se pensamos o sentido e se pensamos o sentido como princípio. E é neste horizonte de pensamento que o princípio é o lógos. E o lógos é o sentido do Ser, ou seja, o télos. Então se coloca a questão: o que é princípio?"
- Referência: