Utopia

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 15h55min de 18 de Agosto de 2020 por Profmanuel (Discussão | contribs)

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"Não é por acidente que estas grandes revoluções, fundadoras da história moderna, tenham imperado no pensamento do século XVIII. Foi um século rico em projetos de reforma social e em utopias... As utopias do século XVIII foram o grande fermento que pôs em movimento a história dos séculos seguintes. A utopia é a outra cara da crítica e só uma idade crítica pode ser inventora de utopias: o buraco deixado pelas demolições do espírito crítico é sempre ocupado pelas construções utópicas. As utopias são os sonhos da razão. Sonhos ativos que se transformaram em revoluções e reformas" (1).


Referência:
(1) PAZ, Octavio. "Ruptura e convergência". In: -----. A outra voz. São Paulo: Siciliano, 2001, pp. 35-6.

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"O mundo como o deseja, onde ninguém sofre de fome, frio ou injustiça não existe e nunca existirá. Mas eu ouvia como meu coração respondia das minhas profundezas: Apesar de não existir, existirá porque assim o desejo. Eu o desejo, eu o quero a cada pulsar de meu coração. Creio num mundo que não está, mas acreditando nele, eu o crio. Chamamos de "inexistente" tudo o que não desejamos com bastate força" (1).


Referência:
(1) KAZANTZAKIS, Nikos. Testamento para El Greco. Rio de Janeiro: Artenova, 1975, p. 269.

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"O que é utopia? É o modo extraordinário de manifestar-se da realidade, nos adventos históricos das realizações do mundo, das realizações dos homens, da humanidade e das comunidades" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Poesia e utopia. In: FAGUNDES, Igor (Org.). Permanecer silêncio - Manuel Antônio de Castro e o humano como obra. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2011, p. 131.

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"Nenhum real se desenvolve plenamente nem chega à plenitude de seu surgir e de seu realizar-se por si mesmo, no mundo, sem a vigência da utopia e da poesia nas obras. Qualquer real" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Poesia e utopia. In: FAGUNDES, Igor (Org.). Permanecer silêncio - Manuel Antônio de Castro e o humano como obra. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2011, p. 132.

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Nosso tempo é o tempo da globalização, onde predomina uma uniformidade assustadora e que aparentemente anula as diferenças. Esta uniformidade se traduz numa faceta paradoxal: aparentemente há muitas mudanças, mas no fundo parte-se de um mesmo e único paradigma: o global, e, por isso, no lugar das utopias passa a dominar a distopia: um tempo sem utopias. Isso de maneira alguma nos impede de sermos utópicos. Só temos que ter aprendido com a história e não fazer da utopia um paradigma, um sistema ideal de realidade a ser feito pela ação do homem, pois o homem pode fazer muitas coisas, só não pode fazer a realidade fundamentada num sistema ideal. Isso jamais quer dizer que não seja da diferença ontológica do ser humano ser utópico, mas como possibilidade de ser sempre como possibilidade, ou seja: ser utópico. Nenhuma realização ou sistema, modelo, paradigma, de realização jamais acabará com a possibilidade de realizar e, portanto, com a utopia, que poderia ser denominada: utopia concreta.


- Manuel Antônio de Castro

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"Pensa-se que destino é o que a razão, fonte do livre agir do ser humano, não podia determinar nem controlar. Pela visão racionalista, o destino se opõe à liberdade humana. No existir o ser humano deve-se dar livremente a sua essência, o seu genos enquanto seu quinhão. Nessa visão, a existência precede e determina a essência. O existir enquanto o como é deve determinar livremente o que é. O homem não tem um destino, dá-se um destino. Esta foi a utopia moderna, esquecida dos ensinamentos do mito de Édipo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte: corpo, mundo e terra. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 26.

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"... quando Heidegger escreveu esse pequeno, mas essencial ensaio (1), ele estava perplexo e preocupado com a descoberta da energia atômica, mas não se fazia na época a menor ideia do que estava por vir: todo o poder da realidade digital e a criação da internet e das redes sociais. E neste momento as pesquisas em torno da internet das coisas. É como um abismo que nos aguarda. E a efetivação desse poder é o que nos assombra hoje e desafia, pois o ser humano é mais do que qualquer sistema, do que qualquer utopia coletiva. Simples: Sem o agir essencial do ser humano não há a menor possibilidade de qualquer utopia. É que a essência do agir não é social, é ontológica. Realmente, bem lá no fundo, a utopia concreta e poética é a essência do agir, pois agir em sua essência é pensar e não se reduz, sem o excluir, ao fazer" (2).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. HEIDEGGER, Martin. Serenidade. Trad. Maria Madalena Andrade e Olga Santos. Lisboa: Instituto Piaget, s/d.
(2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Globalização: o sentido da técnica e a serenidade". In: ----. https.www.travessiapoetica.blogspot.com, 2017.

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"É que nosso tempo é o tempo das redes. Hoje há rede para tudo, locais e globais: redes de serviços, de produtos, de ensino, de conhecimentos, de relacionamentos, de suportes, de aplicativos etc. etc. A sociedade em rede não é uma máquina, nem um conjunto de máquinas ou procedimentos fundamentados em meios instrumentais, tendo sempre como finalidade algo útil. A técnica deixou de ser um fator entre muitos outros que vieram integrar-se, a posteriori, numa sociedade não técnica, numa civilização autônoma e natural. Na sociedade em rede, a técnica se tornou dominante. A sociedade em rede substitui progressivamente com grande vantagem o conjunto de todas as coisas ou real. Trata-se de um ambiente completo e total em que o homem, a sociedade, a cultura, a civilização, tudo se vê compelido a viver e a determinar-se pelo técnico e suas funções. Não é apenas mais uma totalidade das muitas já propostas pelos diferentes humanismos, mas a totalidade sem utopia que tudo absorve e decide" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 23.

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"A utopia será uma faceta dessa paideia humanista, mas não a sua essência, o que será um dos maiores paradoxos da modernidade, porque ela, ao colocar o homem no centro, substituindo todo o sistema teológico, era primordialmente um movimento de valorização e de resgate do homem. De tal maneira que a utopia aparecia como uma decorrência natural. E foi, por isso, nessa época, que surgiram as grandes teorias utópicas. De Morus a Campanella" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Metamorfose da narrativa". In: ..... Tempos de metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 66.
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