Utopia

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: Diz Octavio Paz: "Não é por acidente que estas grandes revoluções, fundadoras da [[história]] moderna, tenham imperado no [[pensamento]] do século XVIII. Foi um século rico em projetos de reforma social e em [[utopias]]... As [[utopias]] do século XVIII foram o grande fermento  que pôs em movimento a [[história]] dos séculos seguintes. A [[utopia]] é a outra cara da [[crítica]] e só uma [[idade]] [[crítica]] pode ser inventora de [[utopias]]: o buraco deixado pelas demolições do [[espírito]] crítico é sempre ocupado pelas construções utópicas. As [[utopias]] são os [[sonhos]] da [[razão]]. [[Sonhos]] ativos que se transformaram em revoluções e reformas" (1).
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: "Não é por acidente que estas grandes revoluções, fundadoras da [[história]] moderna, tenham imperado no [[pensamento]] do século XVIII. Foi um século rico em projetos de reforma social e em [[utopias]]... As [[utopias]] do século XVIII foram o grande fermento  que pôs em [[movimento]] a [[história]] dos séculos seguintes. A [[utopia]] é a outra cara da [[crítica]] e só uma [[idade]] [[crítica]] pode ser inventora de [[utopias]]: o buraco deixado pelas demolições do [[espírito]] crítico é sempre ocupado pelas construções utópicas. As [[utopias]] são os [[sonhos]] da [[razão]]. [[Sonhos]] ativos que se transformaram em revoluções e reformas" (1).
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:- [[Manuel Antônio de Castro]]
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:(1) PAZ, Octavio. "Ruptura e convergência". In: -----. ''A outra voz''. São Paulo: Siciliano, 2001, pp. 35-6.
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: (1) PAZ, Octavio. "Ruptura e convergência". In: ---. '''A outra voz'''. São Paulo: Siciliano, 2001, pp. 35-6.
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:"O mundo como o deseja, onde ninguém sofre de fome, frio ou injustiça não existe e nunca existirá. Mas eu ouvia como meu coração respondia das minhas profundezas: Apesar de não existir, existirá porque assim o desejo. Eu o desejo, eu o quero de cada pulsar de meu coração. Creio num mundo que não está, mas acreditando nele, eu o crio. Chamamos de "inexistente" tudo o que não desejamos com bastate força" (1).
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: "O [[mundo]] como o deseja, onde ninguém sofre de fome, frio ou injustiça não existe e nunca existirá. Mas eu ouvia como meu [[coração]] respondia das minhas profundezas: Apesar de não existir, existirá porque assim o desejo. [[Eu]] o desejo, [[eu]] o quero a cada pulsar de meu [[coração]]. Creio num [[mundo]] que não está, mas acreditando nele, [[eu]] o crio. Chamamos de "inexistente" tudo o que não desejamos com bastante força" (1).
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:(1) KAZANTZAKIS, Nikos. ''Testamento para El Greco''. Rio de Janeiro: Artenova, 1975, p. 269.
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: (1) KAZANTZAKIS, Nikos. '''Testamento para El Greco'''. Rio de Janeiro: Artenova, 1975, p. 269.
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Poesia e utopia. In: FAGUNDES, Igor (Org.). ''Permanecer silêncio - Manuel Antônio de Castro e o humano como obra''. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2011, p. 131.
: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Poesia e utopia. In: FAGUNDES, Igor (Org.). ''Permanecer silêncio - Manuel Antônio de Castro e o humano como obra''. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2011, p. 131.
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Poesia e utopia. In: FAGUNDES, Igor (Org.). ''Permanecer silêncio - Manuel Antônio de Castro e o humano como obra''. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2011, p. 132.
: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Poesia e utopia. In: FAGUNDES, Igor (Org.). ''Permanecer silêncio - Manuel Antônio de Castro e o humano como obra''. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2011, p. 132.
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: Nosso [[tempo]] é o tempo da [[globalização]], onde predomina uma [[uniformidade]] assustadora e que aparentemente anula as [[diferenças]]. Isso de maneira alguma nos impede de sermos utópicos.  Só temos que ter aprendido com a [[história]] e não fazer da utopia um [[paradigma]], um sistema [[ideal]] de [[realidade]] a ser feito pela [[ação]] do [[homem]], pois o homem pode fazer muitas coisas, só não pode fazer a realidade fundamentada num sistema ideal. Isso jamais quer dizer que não seja da diferença ontológica do ser humano ser utópico, mas como possibilidade de ser sempre como possibilidade, ou seja: ser utópico. Nenhuma realização jamais acabará com a possibilidade de realizar e, portanto, com a utopia.
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: Nosso [[tempo]] é o tempo da [[globalização]], onde predomina uma [[uniformidade]] assustadora e que aparentemente anula as [[diferenças]]. Esta uniformidade se traduz numa faceta paradoxal: aparentemente há muitas [[mudanças]], mas no fundo parte-se de um mesmo e único [[paradigma]]: o global, e, por isso, no lugar das [[utopias]] passa a dominar a [[distopia]]: um [[tempo]] sem [[utopias]]. Isso de maneira alguma nos impede de sermos utópicos.  Só temos que ter aprendido com a [[história]] e não fazer da [[utopia]] um [[paradigma]], um [[sistema]] [[ideal]] de [[realidade]] a ser feito pela [[ação]] do [[homem]], pois o [[homem]] pode fazer muitas coisas, só não pode fazer a [[realidade]] fundamentada num [[sistema]] ideal. Isso jamais quer dizer que não seja da [[diferença ontológica]] do ser humano ser utópico, mas como [[possibilidade]] de ser sempre como [[possibilidade]], ou seja: ser utópico. Nenhuma [[realização]] ou sistema, modelo, paradigma, de realização jamais acabará com a [[possibilidade]] de [[realizar]] e, portanto, com a [[utopia]], que poderia ser denominada: [[utopia]] concreta.
: - [[Manuel Antônio de Castro]]
: - [[Manuel Antônio de Castro]]
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: "Pensa-se que [[destino]] é o que a [[razão]], fonte do [[livre]] [[agir]] do [[ser humano]], não podia determinar nem controlar. Pela [[visão]] racionalista, o [[destino]] se opõe à [[liberdade]] [[humana]]. No [[existir]] o [[ser humano]] deve-se [[dar]] livremente a sua [[essência]], o seu ''[[genos]]'' enquanto seu [[quinhão]]. Nessa [[visão]], a [[existência]] precede e determina a [[essência]]. O [[existir]] enquanto o ''como é'' deve determinar livremente o ''que é''. O [[homem]] não tem um [[destino]], dá-se um [[destino]]. Esta foi a [[utopia]] [[moderna]], esquecida dos ensinamentos do [[mito]] de [[Édipo]]" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: Manuel Antônio de Castro, (org.). '''Arte: corpo, mundo e terra'''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 26.
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: "... quando [[Heidegger]] escreveu esse pequeno, mas [[essencial]] [[ensaio]] (1), ele estava perplexo e preocupado com a descoberta da [[energia]] atômica, mas não se fazia na [[época]] a menor [[ideia]] do que estava por vir: todo o [[poder]] da [[realidade digital]] e a [[criação]] da [[internet]] e das [[redes]] sociais. E neste momento as pesquisas em torno da [[internet]] das [[coisas]]. É como um abismo que nos aguarda. E a efetivação desse [[poder]] é o que nos assombra hoje e desafia, pois o [[ser humano]] é mais do que qualquer [[sistema]], do que qualquer [[utopia]] coletiva. Simples: Sem o [[agir]] [[essencial]] do [[ser humano]] não há a menor [[possibilidade]] de qualquer [[utopia]]. É que a [[essência]] do [[agir]] não é [[social]], é [[ontológica]]. Realmente, bem lá no fundo, a [[utopia]] [[concreta]] e [[poética]] é a [[essência]] do [[agir]], pois [[agir]] em sua [[essência]] é [[pensar]] e não se reduz, sem o excluir, ao [[fazer]]" (2).
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: (1) HEIDEGGER, Martin. HEIDEGGER, Martin. ''Serenidade''. Trad. Maria Madalena Andrade e Olga Santos. Lisboa: Instituto Piaget, s/d.
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: (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Globalização: o sentido da técnica e a  serenidade". In: ----. https.www.travessiapoetica.blogspot.com, 2017.
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: "É que nosso [[tempo]] é o [[tempo]] das [[redes]]. Hoje há [[rede]] para tudo, locais e [[globais]]: [[redes]] de serviços, de produtos, de ensino, de [[conhecimentos]], de [[relacionamentos]], de [[suportes]], de [[aplicativos]] etc. etc. A [[sociedade]] em [[rede]] não é uma máquina, nem um conjunto de máquinas ou [[procedimentos]] [[fundamentados]] em meios [[instrumentais]], tendo sempre como [[finalidade]] algo [[útil]]. A [[técnica]] deixou de [[ser]] um fator entre muitos outros que vieram [[integrar-se]], a posteriori, numa [[sociedade]] não [[técnica]], numa [[civilização]] autônoma e [[natural]]. Na [[sociedade em rede]], a [[técnica]] se tornou dominante. A [[sociedade em rede]] substitui [[progressivamente]] com grande vantagem o [[conjunto]] de todas as [[coisas]] ou [[real]]. Trata-se de um ambiente completo e total em que o [[homem]], a [[sociedade]], a [[cultura]], a [[civilização]], tudo se vê compelido a [[viver]] e a determinar-se pelo [[técnico]] e suas [[funções]]. Não é apenas mais uma [[totalidade]] das muitas já propostas pelos diferentes [[humanismos]], mas a [[totalidade]] sem [[utopia]] que tudo absorve e decide" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: ''Revista Tempo Brasileiro'', 201/202 - ''Globalização, pensamento e arte''. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 23.
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: "A [[utopia]]  será uma faceta dessa [[paideia humanista]], mas não a sua [[essência]], o que será um dos maiores [[paradoxos]] da [[modernidade]], porque ela, ao colocar o [[homem]] no centro, substituindo todo o [[sistema]] [[teológico]], era primordialmente um [[movimento]] de [[valorização]] e de resgate do [[homem]]. De tal maneira que a [[utopia]] aparecia como uma decorrência [[natural]]. E foi, por isso, nessa [[época]], que surgiram as grandes [[teorias]] [[utópicas]]. De Morus a Campanella" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Metamorfose da narrativa". In: ---. '''Tempos de metamorfose'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 66.
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: "A [[função]] da [[utopia]] não é se [[realizar]] plenamente, aí deixaria de [[ser]] [[utopia]], mas para tentar chegar o mais perto [[possível]] de um [[ideal]], uma [[referência]], uma [[meta]]" (1).
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: (1) MOTTA, Nelson. "Um novo Brasil de novo", '''Crônica''' publicada no "Segundo Caderno", em '''O Globo''', sexta-feira, 30-12-2022, p. 2.

Edição atual tal como 21h08min de 30 de Dezembro de 2022

1

"Não é por acidente que estas grandes revoluções, fundadoras da história moderna, tenham imperado no pensamento do século XVIII. Foi um século rico em projetos de reforma social e em utopias... As utopias do século XVIII foram o grande fermento que pôs em movimento a história dos séculos seguintes. A utopia é a outra cara da crítica e só uma idade crítica pode ser inventora de utopias: o buraco deixado pelas demolições do espírito crítico é sempre ocupado pelas construções utópicas. As utopias são os sonhos da razão. Sonhos ativos que se transformaram em revoluções e reformas" (1).


Referência:
(1) PAZ, Octavio. "Ruptura e convergência". In: ---. A outra voz. São Paulo: Siciliano, 2001, pp. 35-6.

2

"O mundo como o deseja, onde ninguém sofre de fome, frio ou injustiça não existe e nunca existirá. Mas eu ouvia como meu coração respondia das minhas profundezas: Apesar de não existir, existirá porque assim o desejo. Eu o desejo, eu o quero a cada pulsar de meu coração. Creio num mundo que não está, mas acreditando nele, eu o crio. Chamamos de "inexistente" tudo o que não desejamos com bastante força" (1).


Referência:
(1) KAZANTZAKIS, Nikos. Testamento para El Greco. Rio de Janeiro: Artenova, 1975, p. 269.

3

"O que é utopia? É o modo extraordinário de manifestar-se da realidade, nos adventos históricos das realizações do mundo, das realizações dos homens, da humanidade e das comunidades" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Poesia e utopia. In: FAGUNDES, Igor (Org.). Permanecer silêncio - Manuel Antônio de Castro e o humano como obra. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2011, p. 131.

4

"Nenhum real se desenvolve plenamente nem chega à plenitude de seu surgir e de seu realizar-se por si mesmo, no mundo, sem a vigência da utopia e da poesia nas obras. Qualquer real" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Poesia e utopia. In: FAGUNDES, Igor (Org.). Permanecer silêncio - Manuel Antônio de Castro e o humano como obra. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2011, p. 132.

5

Nosso tempo é o tempo da globalização, onde predomina uma uniformidade assustadora e que aparentemente anula as diferenças. Esta uniformidade se traduz numa faceta paradoxal: aparentemente há muitas mudanças, mas no fundo parte-se de um mesmo e único paradigma: o global, e, por isso, no lugar das utopias passa a dominar a distopia: um tempo sem utopias. Isso de maneira alguma nos impede de sermos utópicos. Só temos que ter aprendido com a história e não fazer da utopia um paradigma, um sistema ideal de realidade a ser feito pela ação do homem, pois o homem pode fazer muitas coisas, só não pode fazer a realidade fundamentada num sistema ideal. Isso jamais quer dizer que não seja da diferença ontológica do ser humano ser utópico, mas como possibilidade de ser sempre como possibilidade, ou seja: ser utópico. Nenhuma realização ou sistema, modelo, paradigma, de realização jamais acabará com a possibilidade de realizar e, portanto, com a utopia, que poderia ser denominada: utopia concreta.


- Manuel Antônio de Castro

6

"Pensa-se que destino é o que a razão, fonte do livre agir do ser humano, não podia determinar nem controlar. Pela visão racionalista, o destino se opõe à liberdade humana. No existir o ser humano deve-se dar livremente a sua essência, o seu genos enquanto seu quinhão. Nessa visão, a existência precede e determina a essência. O existir enquanto o como é deve determinar livremente o que é. O homem não tem um destino, dá-se um destino. Esta foi a utopia moderna, esquecida dos ensinamentos do mito de Édipo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte: corpo, mundo e terra. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 26.

7

"... quando Heidegger escreveu esse pequeno, mas essencial ensaio (1), ele estava perplexo e preocupado com a descoberta da energia atômica, mas não se fazia na época a menor ideia do que estava por vir: todo o poder da realidade digital e a criação da internet e das redes sociais. E neste momento as pesquisas em torno da internet das coisas. É como um abismo que nos aguarda. E a efetivação desse poder é o que nos assombra hoje e desafia, pois o ser humano é mais do que qualquer sistema, do que qualquer utopia coletiva. Simples: Sem o agir essencial do ser humano não há a menor possibilidade de qualquer utopia. É que a essência do agir não é social, é ontológica. Realmente, bem lá no fundo, a utopia concreta e poética é a essência do agir, pois agir em sua essência é pensar e não se reduz, sem o excluir, ao fazer" (2).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. HEIDEGGER, Martin. Serenidade. Trad. Maria Madalena Andrade e Olga Santos. Lisboa: Instituto Piaget, s/d.
(2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Globalização: o sentido da técnica e a serenidade". In: ----. https.www.travessiapoetica.blogspot.com, 2017.

8

"É que nosso tempo é o tempo das redes. Hoje há rede para tudo, locais e globais: redes de serviços, de produtos, de ensino, de conhecimentos, de relacionamentos, de suportes, de aplicativos etc. etc. A sociedade em rede não é uma máquina, nem um conjunto de máquinas ou procedimentos fundamentados em meios instrumentais, tendo sempre como finalidade algo útil. A técnica deixou de ser um fator entre muitos outros que vieram integrar-se, a posteriori, numa sociedade não técnica, numa civilização autônoma e natural. Na sociedade em rede, a técnica se tornou dominante. A sociedade em rede substitui progressivamente com grande vantagem o conjunto de todas as coisas ou real. Trata-se de um ambiente completo e total em que o homem, a sociedade, a cultura, a civilização, tudo se vê compelido a viver e a determinar-se pelo técnico e suas funções. Não é apenas mais uma totalidade das muitas já propostas pelos diferentes humanismos, mas a totalidade sem utopia que tudo absorve e decide" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 23.

9

"A utopia será uma faceta dessa paideia humanista, mas não a sua essência, o que será um dos maiores paradoxos da modernidade, porque ela, ao colocar o homem no centro, substituindo todo o sistema teológico, era primordialmente um movimento de valorização e de resgate do homem. De tal maneira que a utopia aparecia como uma decorrência natural. E foi, por isso, nessa época, que surgiram as grandes teorias utópicas. De Morus a Campanella" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Metamorfose da narrativa". In: ---. Tempos de metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 66.

10

"A função da utopia não é se realizar plenamente, aí deixaria de ser utopia, mas para tentar chegar o mais perto possível de um ideal, uma referência, uma meta" (1).


Referência:
(1) MOTTA, Nelson. "Um novo Brasil de novo", Crônica publicada no "Segundo Caderno", em O Globo, sexta-feira, 30-12-2022, p. 2.
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