Deus
De Dicionrio de Potica e Pensamento
(Diferença entre revisões)
(→16) |
(→16) |
||
Linha 161: | Linha 161: | ||
== 16 == | == 16 == | ||
- | : "O [[Argumento]] [[Ontológico]] da [[existência]] de [[Deus]] foi pensado, primeiramente, por Anselmo de Aosta, prior do [[Mosteiro]] de Bec, eleito Arcebispo de Cantuária em 1093 e uma das principais [[figuras]] do [[pensamento]] [[escolástico]]. Anselmo quis atender ao pedido dos Monges para elaborar uma argumentação totalmente racional, sem depender das Sagradas Escrituras, e que fosse capaz de provar a existência de Deus; o pedido dos monges levou Anselmo a escrever a sua primeira obra chamada de Monologion, publicada em 1077. Esta obra atendia | + | : "O [[Argumento]] [[Ontológico]] da [[existência]] de [[Deus]] foi pensado, primeiramente, por Anselmo de Aosta, prior do [[Mosteiro]] de Bec, eleito Arcebispo de Cantuária em 1093 e uma das principais [[figuras]] do [[pensamento]] [[escolástico]]. Anselmo quis atender ao pedido dos [[Monges]] para [[elaborar]] uma [[argumentação]] totalmente [[racional]], sem depender das [[Sagradas]] [[Escrituras]], e que fosse capaz de [[provar]] a [[existência]] de [[Deus]]; o pedido dos [[monges]] levou Anselmo a [[escrever]] a sua primeira [[obra]] chamada de ''Monologion'', publicada em 1077. Esta [[obra]] atendia ao pedido dos [[Monges]], mas estava muito [[complexa]] devido ao [[entrelaçamento]] das [[argumentações]], fator este que o levou a [[escrever]] no ano seguinte, em 1078, a [[obra]] ''Proslogion'', cujo [[coração]] é o [[argumento]] [[ontológico]], [[argumentos]] “válidos por si e em si” e [[escritos]] para aqueles que não [[creem]] em [[Deus]]" (1). |
Edição de 15h27min de 8 de Outubro de 2019
1
- "É mostrando-se como aquele que é um Ele, que o deus desconhecido deve aparecer como o que se mantém desconhecido. A revelação de deus e não ele mesmo, esse é o mistério" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. " ... poeticamente o homem habita... ". In: -----. Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 174.
- Ver também:
- * Divino
- * Sagrado
- * Religião
- * Mito
2
- "Os gregos só puderam chamar de ζῷα as estátuas e imagens dos deuses, porque, para eles, as estátuas e imagens nunca eram estátuas e imagens no sentido de retrato e representação de ausentes na ausência. As imagens e estátuas eram os próprios deuses: presenças do mistério da realidade, realizações que emergem, surgem e vigoram por si mesmas, no vigor de uma vigência inesgotável, que não se deixa saturar" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Uma leitura órfica de uma sentença grega". In: ------. Aprendendo a pensar II. Petrópolis: Vozes, 1992, pp. 134-5.
3
- - "Acredita em Deus, tio Jakob? Um Pai do Céu, um Deus do Amor? Um Deus com mãos, um coração e olhar vigilante?"
- - "Não use a palavra "Deus". Diga "Santidade". Há santidade em todas as pessoas. Santidade humana. Todo o resto são atributos, disfarce, manifestação e truque. Não se pode decifrar ou capturar a santidade humana. Ao mesmo tempo... é algo que podemos pegar. Algo tangível que dura até a morte. O que acontece depois é escondido de nós. Apenas os poetas, músicos e santos... é que podem descrever aquilo que podemos apenas discernir: o inconcebível. Eles viram, conheceram, compreenderam... não totalmente, mas de modo fragmentado. Para mim é um conforto pensar na santidade humana" (1).
- Referência:
- (1) Ingmar Bergman. No filme A ilha de Bergman, de Marie Nyreröd. Bergman escolhe essa fala de um bispo, tio Jakob, personagem do filme Confições privadas, roteiro de Bergman e dirigido por Liv Ullmann, para dizer, sinteticamente, o que ele pensa a propósito dos temas religiosos de seus filmes.
4
- Referência:
- (1) SILESIUS, Angelus. Angelus Silesius - a mediação do nada. Org. Hubert Lepargner e Dora Ferreira da Silva. São Paulo: T. A. Queiroz, 1986, p. 69.
5
- "Porque na narrativa da Escritura, três dentre eles dependem de um Primus que é sua origem e também, ao mesmo tempo, seu centro. No lugar de estar em primeiro lugar ou de ser a primazia o divino, Heidegger nomeia, portanto, a quaternidade ou uma Uno-quaternidade do qual o centro não é nenhum dos quatro... Mas qual é então o nome de um tal centro? Heidegger o nomeia: das Heilige, que podemos provisoriamente traduzir por o sagrado" (1). O autor está se referindo à quaternidade composta por: Mortais (homens) e Imortais (deuses), Céu e Terra.
- Referência:
- (1) BEAUFRET, Jean. "Heidegger e a teologia". In: Heidegger e a questão de Deus. KEARNEY, Richard e O'LEAREY, Joseph Stephen (org). Paris: Bernard Grasset, 1980, p. 28. Trad. do francês: Manuel Antônio de Castro.
6
- "No Ocidente, “deus” tem a mesma raiz que “dia”, dei/di: iluminar. “Deiwos”, que culminou em Deus, coincide no grego com o sentido de “céu luminoso” (“Deiwos/Dýas”). Na medida em que todo dia vem da noite para a noite (é entre-noites), cada qual – isto é, “deus” – compreende um amanhecer que já e sempre anoitece, assim como toda noite afunda, funda amanhecer" (1).
- Referência:
- (1) FAGUNDES, Igor. "A experiência ioruba do sagrado - Provocações para um rito de raspagem do Ocidente". In: Revista Tempo Brasileiro, 194, Dialética em questão II. Rio de Janeiro,jul.-set., 2013, p. 142.
7
- "O mal ou o bem, estão é em quem faz; não é no efeito que dão" (1). "O que há é uma certa coisa - uma só, diversas para cada um - que Deus está esperando que esse faça. Neste mundo tem maus e bons - todo o grau de pessoa. Mas então todos são maus. Mas mais então, todos não serão bons?" (2).
- Referência:
- (1) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 77.
- (2) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 237.
8
- "Deus existe mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa existir para haver - a gente sabendo que ele não existe, aí é que ele toma conta de tudo" (1).
- Referência:
- (1) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 35.
9
- "Assim, o princípio “ ex nihilo nihil fit ”, “ de nada não se cria nada ”, só vale para as transações do já criado. Para o élan criador no sentido estrito, vale o inverso: “ex nihilo omnia fiunt”. Aqui o princípio é: “é do nada que tudo se cria”. Por isso é que o mestre Eckhart no século XIV, o pai da mística renana, podia dizer para os criacionistas de todos os tempos: “Esse est Deus et Deus est nihil ”. “ Ser é Deus e Deus é Nada ” (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O que significa pensar?". In: Revista da Academia Brasileira de Letras, maio-junho, 2012.
10
- "Mistério vem do verbo grego myo. E myo diz: trancar-se no centro, concentrar-se; diz: encerrar-se no âmago, recolher-se ao íntimo. Aqui, centro, âmago, íntimo, evocam a raiz da intensidade, o sumo da plenitude. Mistério não diz uma coisa, diz um movimento, o movimento de con-sumar, de concentrar-se na origem, de recolher-se à natividade da raiz, de retornar ao sem fundo e fundamento, ao a-bismo de ser. As palavras, Deus, Absoluto, Transcendência, Inconsciente, Espírito, Matéria, Psique, Estrutura, Ser são outras tantas redes em cujas malhas o poder do saber ocidental na teologia, na filosofia, na ciência, sempre de novo tentou, mas nunca conseguiu, prender e segurar a natividade do mistério" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. “Heidegger e a modernidade: a correlação de sujeito e objeto”. In: ------------. Aprendendo a pensar, II. Petrópolis / RJ: Vozes, 1992, p. 180.
11
- CÂNTICO DAS CRIATURAS
- Altíssimo, onipotente, bom Senhor!
- Teus são o louvor, a glória, a honra
- e todas as bênçãos;
- a ti somente, Altíssimo, eles convêm
- e nenhum homem é digno de te nomear.
- ............................................
- Note o leitor que Francisco nomeia diversos atributos de Deus, mas diz expressamente que nenhum homem é digno e capaz de nomeá-lo, uma vez que Ele é inefável, isto é, é impossível nomear e dar nome ao mistério que ele é.
- Referência: Cântico das Cristuras, de São Francisco de Assis (1181-1226).
12
- "Doação é o ato de conferir um dom, um presente ofertado. A liberdade, como oferta de um dom, não pertence ao homem. Ou melhor: a ele pertence somente na medida em que lhe foi doada. Deus é a imagem disto que, excedendo o humano, o institui enquanto tal" (1).
- Referência:
- (1) FERRAZ, Antônio Máximo. "O homem e a interpretação: da escuta do destino à liberdade". In: CASTRO, Manuel Antônio de e Outros (Org.). O educar poético. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2014, p. 105.
13
- "A antiga palavra egípcia neter e sua forma feminina netert, foi traduzida erroneamente, e é provável que intencionalmente, por deus e deusa pela maioria dos acadêmicos". Neteru (plural de neter/netert) são os princípios e funções divinos do Único Deus Supremo"(1).
- Referência:
- (1) GADALLA, Moustafa. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 15.
14
- "Para o Deus, tudo é belo e bom e justo. Os homens, porém, tomam umas coisas por injustas, outras por justas" (1).
- Referência:
- (1) HERÁCLITO. Fragmento 102. In: Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 85.
15
- "Os egípcios antigos acreditavam em um Único Deus que criou e concebeu a si mesmo, e que era imortal, invisível, eterno, onisciente, todo-poderoso, etc. Este Único Deus nunca era representado, as funções e atributos de seu domínio eram representadas. Estes atributos eram chamados de neteru (pronuncia-se net-er-u no singular, neter no masculino e netert no feminino). O termo deuses é uma representação incorreta do termo egípcio neteru" (1).
- Referência:
- (1) GADALLA, Moustafa. "O Mais Religioso". In: ------. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 22.
16
- "O Argumento Ontológico da existência de Deus foi pensado, primeiramente, por Anselmo de Aosta, prior do Mosteiro de Bec, eleito Arcebispo de Cantuária em 1093 e uma das principais figuras do pensamento escolástico. Anselmo quis atender ao pedido dos Monges para elaborar uma argumentação totalmente racional, sem depender das Sagradas Escrituras, e que fosse capaz de provar a existência de Deus; o pedido dos monges levou Anselmo a escrever a sua primeira obra chamada de Monologion, publicada em 1077. Esta obra atendia ao pedido dos Monges, mas estava muito complexa devido ao entrelaçamento das argumentações, fator este que o levou a escrever no ano seguinte, em 1078, a obra Proslogion, cujo coração é o argumento ontológico, argumentos “válidos por si e em si” e escritos para aqueles que não creem em Deus" (1).
- Referência:
- (1) FERREIRA, Antônio Marcos Maciel. "Santo Anselmo - Argumento Ontológico": https:pensamentoextemporaneo.com.br/?p=2763