Estética

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: Não podemos reduzir o [[sentido]] da vida às sensações dos [[sentidos]]. Estes geram estados sem o sentido do [[ser]]. Por isso, o sentido da vida não se pode reduzir às sensações estéticas nem a estesias racionais ou simbólicas. A Estética diz respeito a estados não ao sentido de ser. A estesia é sempre [[causal]]. Já o [[poético]] é não-causal, porque vigora no sentido do [[silêncio]] do  ser. Em nosso [[mundo]] ou [[real]] atual onde predominam os meios de [[comunicação]] com um poder enorme de  criação de estesias racionais e simbólicas, há uma tendência muito forte para as pessoas viverem dessas estesias e passarem a considerá-las como sendo a [[realidade]]. E isso ainda fica mais acentuado pela expansão e domínio cada vez maior da realidade [[virtual]] e seu poder de provocar sensações estéticas.  
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: "A [[estética]] não [[funda]]. Pelo contrário, é fundada pela [[poética]], porque esta [[radica]] na [[essência]] do [[agir]]. É a [[essência]] do [[agir]]. É também o que Guimarães [[Rosa]] considera [[ser]] a [[travessia]] – uma tarefa [[poética]] – em ''Grande sertão: veredas''. “Existe é [[homem]] [[humano]]. [[Travessia]]” (1),(1968, 460).  Ela dá-se no [[entre]] de [[nada]] e [[tudo]]. Dando-se no “[[entre]]”, toda nossa tarefa [[poética]], enquanto [[vigorar]] da [[necessidade]], da [[liberdade]] e da [[verdade]], consiste em um [[acontecer poético]], em que no [[ordinário]] se [[dá]] o [[extraordinário]]. “A [[morada]] do [[homem]], o [[extraordinário]]: ''[[Ethos]] anthropou daímon'' ([[Heráclito]]: 1991, 91)" (2) " (3).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Liberdade, vontade e uso de drogas". In: ----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 278.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). ''Arte em questão: as questões da arte''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 34.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' “[[Heidegger]] e as [[questões]] da [[arte]]”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). [[Arte]] em [[questão]]: as [[questões]] da [[arte]]. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 34. '''
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: (1) "Estética: Liberdade e necessidade". '''Ensaio''' não publicado.
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Edição atual tal como 22h04min de 25 de Dezembro de 2024

1

A estética está essencialmente ligada a um sentimento de prazer e nem sempre tiramos as devidas consequências teóricas em relação a um conceito de arte estética, ou seja, entre a estética e a filosofia da arte. Michel Haar explica bem isso quando, entre outras coisas, afirma: "A estética, em primeiro lugar, na realidade só pode preocupar-se com o sujeito, e não com a natureza do objeto representado. Achar uma coisa bela é sentir subjetivamente um elo necessário entre a representação desta coisa e o prazer que esta representação produz" (1).


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) HAAR, Michel. A obra de arte. Rio de Janeiro: Difel, 2000, p. 33.

2

A questão da estética está ligada ao belo e à percepção, através dos sentidos e das sensações elaboradas racionalmente, ou seja, são as sensações representadas pelo e no sujeito. Na estética predomina a epistemologia e não a ontologia. Por isso, a estética se opõe à poética enquanto esta apreende o vigorar do poético, em seu vigorar ontológico. O estético não foi e jamais será um transcendental.


- Manuel Antônio de Castro

3

Não podemos reduzir o sentido da vida às sensações dos sentidos. Estes geram estados sem o sentido do ser. Por isso, o sentido da vida não se pode reduzir às sensações estéticas nem a estesias racionais ou simbólicas. A Estética diz respeito a estados não ao sentido de ser. A estesia é sempre causal. Já o poético é não-causal, porque vigora no sentido do silêncio do ser. Em nosso mundo ou real atual onde predominam os meios de comunicação com um poder enorme de criação de estesias racionais e simbólicas, há uma tendência muito forte para as pessoas viverem dessas estesias e passarem a considerá-las como sendo a realidade. E isso ainda fica mais acentuado pela expansão e domínio cada vez maior da realidade virtual e seu poder de provocar sensações estéticas.


- Manuel Antônio de Castro

4

Quanto à verdade poética, ela se tornou propriedade da estética. A estética é a poética cientifizada. E ela quer entificar a verdade poética, dentro do mesmo jogo de compra e venda de sensações estéticas. A sensação sem o sentido é um estar sem ser.


- Manuel Antônio de Castro

5

A vivência só se torna experienciação quando há uma mudança qualitativa no modo de ser, em que, portanto, o modo de ser é poético e não simplesmente estético. Experienciação implica linguagem, sentido e mundo: verdade.


- Manuel Antônio de Castro

6

"E [Eduardo Portella] pensa em tempo integral para poder levar todo ser humano a pensar, fazendo do educar um permanente ensaio de aprendizagem do pensar, tarefa hoje cada vez mais difícil e rara, porque o midiático monta uma cena obscena, onde predomina o dispersivo, o circunstancial, o ralo e passageiro da estesia da espetáculo estético. Nessa encenação virtual, o estético é mais importante do que o poético, com a evidente perda do ético. Só o poético, numa permanente ensaio de acerto e erro, de risco de perda e ganho, se funda no ético" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Eduardo Portella, o professor". In: Quatro vezes vinte - Eduardo Portella - Depoimentos. Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Letras, 2012, p. 39.

7

"Toda estetica vigora no agir, porém, dentro de uma relação funcional e causal, tendo em vista sempre alguma finalidade, externa ou interna. Ela supõe a experiência e o domínio da relação entre sujeito e objeto e suas peripécias. Eis os seus limites teóricos e datados. Ela não atinge a essência do agir porque sempre se move em um duplo: sujeito e objeto estético, ação e função, autor e intencionalidade, leitor e recepção. Na estética sempre estão juntos o útil e o agradável, segundo o poeta retórico romano Horácio" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Liberdade, vontade e uso de drogas”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 269.

8

"Na vida, entretanto, não basta sentir, é necessário ser o que se sente. Ao contrário, a poética é um enigma que se dá em uma dobra. O seu desdobrar-se é mais que estético, algo somente preso às sensações ou percepções, é poético. Só o poético vigora no e a partir da essência do agir. Eis aí a diferença radical entre estética e poética. A essência do agir vigora a partir do sentido do ser e acontece em nós quando nos abrimos para o operar do pensar" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Liberdade, vontade e uso de drogas”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 269.

9

"O ordinário da estética não me dá jamais o extraordinário do ético-poético, da liberdade e da necessidade essencial do agir. A estética não passa de uma modalidade da causalidade subjetivo-racional na qual se fundamenta a vontade de quem se lança nas vivências subjetivas, dando a falsa impressão de uma liberdade que responde e corresponde à necessidade de ser" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Liberdade, vontade e uso de drogas". In: ----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 278.

10

"A estética não funda. Pelo contrário, é fundada pela poética, porque esta radica na essência do agir. É a essência do agir. É também o que Guimarães Rosa considera ser a travessia – uma tarefa poética – em Grande sertão: veredas. “Existe é homem humano. Travessia” (1),(1968, 460). Ela dá-se no entre de nada e tudo. Dando-se no “entre”, toda nossa tarefa poética, enquanto vigorar da necessidade, da liberdade e da verdade, consiste em um acontecer poético, em que no ordinário se o extraordinário. “A morada do homem, o extraordinário: Ethos anthropou daímon (Heráclito: 1991, 91)" (2) " (3).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Liberdade, vontade e uso de drogas". In: ----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 278.

11

"Insistindo na questão do esquecimento do sentido do Ser, Heidegger põe toda a filosofia em questão. Mas esse questionar não significa um excluir ou tentar superar os sistemas anteriores, para pôr em seu lugar uma nova verdade e um novo sistema ou, no caso da arte, uma nova estética. Não. Ele se mantém firme sempre nas questões a serem pensadas, no a-se-pensar. Este não cabe jamais nos conceitos nem em algum sistema. Os leitores profissionais de filosofia querem de qualquer maneira rotulá-lo e classificá-lo. No fundo, ler Heidegger é se abrir para as questões, para o a-se-pensar" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de.Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 34.

12

"A Estética não passa de uma modalidade da causalidade subjetiva, em que se fundamenta a vontade de quem se lança nas vivências subjetivas, dando a impressão falsa de uma liberdade que responde e corresponde à necessidade de ser" (1).


Referência:
(1) "Estética: Liberdade e necessidade". Ensaio não publicado.
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