Inteligência artificial

De Dicionrio de Potica e Pensamento

(Diferença entre revisões)
(6)
(11)
 
(24 edições intermediárias não estão sendo exibidas.)
Linha 1: Linha 1:
== 1 ==
== 1 ==
: O excepcional desenvolvimento tecnológico levou à "criação" da denominada ''[[inteligência artificial]]''. Esta denominação é apropriada? Até onde há aí [[inteligência]]? E o termo "artificial" é apropriado? Eis algumas considerações, porque tudo se comprime no entendimento do alcance da palavra grega ''[[techne]]'', hoje reduzida à [[técnica]], mas que as [[realizações]] técnicas estão problematizando.
: O excepcional desenvolvimento tecnológico levou à "criação" da denominada ''[[inteligência artificial]]''. Esta denominação é apropriada? Até onde há aí [[inteligência]]? E o termo "artificial" é apropriado? Eis algumas considerações, porque tudo se comprime no entendimento do alcance da palavra grega ''[[techne]]'', hoje reduzida à [[técnica]], mas que as [[realizações]] técnicas estão problematizando.
 +
: "A Escolástica medieval distinguiu no [[conhecimento]] [[humano]] [[entre]] ''ratio'', [[razão]] e ''intellectus'' ([[intelecto]]). A ''ratio'' ([[razão]]) é o [[poder]] da discursividade do raciocínio que busca e investiga, que abstrai e argumenta, que define e conceitua. O ''intellectus''  ([[intelecto]])  é o ''simplex intuitus'' (simples [[intuição]]), a força de acolhimento que recebe o [[real]] em sua [[realidade]]. O [[conhecimento]] [[humano]] é a integração de ambos, tanto da ''ratio'' ([[razão]]) como do ''intellectus'' ([[intelecto]])" (1).
: "A Escolástica medieval distinguiu no [[conhecimento]] [[humano]] [[entre]] ''ratio'', [[razão]] e ''intellectus'' ([[intelecto]]). A ''ratio'' ([[razão]]) é o [[poder]] da discursividade do raciocínio que busca e investiga, que abstrai e argumenta, que define e conceitua. O ''intellectus''  ([[intelecto]])  é o ''simplex intuitus'' (simples [[intuição]]), a força de acolhimento que recebe o [[real]] em sua [[realidade]]. O [[conhecimento]] [[humano]] é a integração de ambos, tanto da ''ratio'' ([[razão]]) como do ''intellectus'' ([[intelecto]])" (1).
 +
: Sem dúvida nenhuma hoje teríamos que diferenciar além de [[intelecto]], [[razão]] e [[conhecimento]], também [[conhecimento]], [[intuição]] e [[emoção]]. O enigmático é que tudo isto era dito em grego pela [[palavra]] ''[[logos]]''. Por isso Heráclito será o grande [[pensador]] do ''[[logos]]''. E a [[referência]] do [[ser humano]] com o ''[[logos]]'' Platão a pensou como ''[[eidos]]''. É que [[entre]] o [[ser humano]] e o [[ser]] ([[realidade]]), tradução latina da palavra grega (''[[Physis]]'') há um [[mediador]], denominado por Platão, o maior [[pensador]] grego e de todos os [[tempos]]: [[Demiurgo]]. Não foi sem motivo que São João, Apóstolo, chama Cristo de ''[[logos]]'', no início do seu Evangelho. De uma maneira ou de outra, as grandes [[culturas]] sempre falam de um [[mediador]]. Miticamente, os gregos tinham o [[deus]] [[Hermes]].
: Sem dúvida nenhuma hoje teríamos que diferenciar além de [[intelecto]], [[razão]] e [[conhecimento]], também [[conhecimento]], [[intuição]] e [[emoção]]. O enigmático é que tudo isto era dito em grego pela [[palavra]] ''[[logos]]''. Por isso Heráclito será o grande [[pensador]] do ''[[logos]]''. E a [[referência]] do [[ser humano]] com o ''[[logos]]'' Platão a pensou como ''[[eidos]]''. É que [[entre]] o [[ser humano]] e o [[ser]] ([[realidade]]), tradução latina da palavra grega (''[[Physis]]'') há um [[mediador]], denominado por Platão, o maior [[pensador]] grego e de todos os [[tempos]]: [[Demiurgo]]. Não foi sem motivo que São João, Apóstolo, chama Cristo de ''[[logos]]'', no início do seu Evangelho. De uma maneira ou de outra, as grandes [[culturas]] sempre falam de um [[mediador]]. Miticamente, os gregos tinham o [[deus]] [[Hermes]].
-
: Em vista disso, até onde a denominação atual de ''inteligência artificial'' é apropriada? A invenção de um sistema operacional não é ainda uma criação racional? Há de fato nele ''[[inteligência]]''? Para [[compreender]] este meu [[questionamento]], remeto para o filme ''Ela'', de Spike Jonze, 2013.
 
 +
: Em vista disso, até onde a denominação atual de ''[[inteligência artificial]]'' é apropriada? A [[invenção]] de um [[sistema]] operacional não é ainda uma [[criação]] [[racional]]? Há de [[fato]] nele ''[[inteligência]]''? Para [[compreender]] este meu [[questionamento]], remeto para o [[filme]] '''Ela''', de Spike Jonze, 2013.
-
: - [[Manuel Antônio de Castro]]
 
 +
: - [[Manuel Antônio de Castro]]
: Referência:
: Referência:
-
: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Ócio e negócio". In: ''Revista Tempo Brasileiro - Caminhos do pensamento hoje: novas linguagens no limiar do terceiro milênio'', 136, jan.-mar., 1999, p. 75.
+
: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Ócio e negócio". In: '''Revista Tempo Brasileiro - Caminhos do pensamento hoje: novas linguagens no limiar do terceiro milênio''', 136, jan.-mar., 1999, p. 75.
-
 
+
-
 
+
== 2 ==
== 2 ==
-
: " - '''O que é inteligência artificial?'''
+
: " - '''O que é [[inteligência artificial]]?'''
: " - Desde que os computadores foram inventados as [[pessoas]] sonham em torná-los inteligentes. Assim, o campo da [[inteligência artificial]] tem uma [[história]] longa, que remonta aos anos 1940 e 1950. Naquele [[tempo]], a abordagem era baseada em regras. Achava-se que se poderia construir uma [[inteligência]] programando regras para tudo. De fato, durante mais de 20 anos foi assim. Mas não deu certo, já que não dá para codificar tudo em regras" (1).
: " - Desde que os computadores foram inventados as [[pessoas]] sonham em torná-los inteligentes. Assim, o campo da [[inteligência artificial]] tem uma [[história]] longa, que remonta aos anos 1940 e 1950. Naquele [[tempo]], a abordagem era baseada em regras. Achava-se que se poderia construir uma [[inteligência]] programando regras para tudo. De fato, durante mais de 20 anos foi assim. Mas não deu certo, já que não dá para codificar tudo em regras" (1).
Linha 22: Linha 22:
: Referência:
: Referência:
-
: (1) Jeff Dean, novo chefe da área de [[inteligência artificial]] do Google. Entrevista dada a César Baima - cesar.baima@oglobo.com.br. In: Jornal '''O Globo''', sábado, 12-05-2018, p. 25 Primeiro Caderno.
+
: (1) Jeff Dean, novo chefe da área de [[inteligência artificial]] do Google. Entrevista dada a César Baima - cesar.baima@oglobo.com.br. In: Jornal '''O Globo''', sábado, 12-05-2018, p. 25, Primeiro Caderno.
-
 
+
-
 
+
== 3 ==
== 3 ==
: " - '''Existe algo que seja essencialmente [[humano]] que uma [[inteligência artificial]] nunca conseguirá [[realizar]]?'''
: " - '''Existe algo que seja essencialmente [[humano]] que uma [[inteligência artificial]] nunca conseguirá [[realizar]]?'''
-
: " - Ainda estamos muito longe de [[criar]] qualquer [[coisa]] que seja flexível e [[emocional]] como os [[humanos]] são. Existem diferentes forças e fraquezas nos [[sistemas]] de [[inteligência artificial]] e biológica, então não acho que devamos tentar levar a [[inteligência  artificial]] a [[fazer]] [[coisas]] exatamente como os [[humanos]] fazem. Não sei se poderemos incluir [[emoções]] em [[sistemas]] de computador, mas somos nós que estamos criando esses [[sistemas]], e podemos decidir que tipos de comportamento queremos que eles tenham. Então, no fim, imagino que sim, [[inteligências artificiais]] poderão ter [[emoções]]. Meu computador poderá ficar cansado às vezes. Afinal, eu faço ele [[realizar]] um monte de cálculos, então é justo que fique cansado" (1).
+
: " - Ainda estamos muito longe de [[criar]] qualquer [[coisa]] que seja flexível e [[emocional]] como os [[humanos]] são. Existem diferentes forças e fraquezas nos [[sistemas]] de [[inteligência artificial]] e biológica, então não acho que devamos tentar levar a [[inteligência  artificial]] a [[fazer]] [[coisas]] exatamente como os [[humanos]] fazem. Não sei se poderemos incluir [[emoções]] em [[sistemas]] de computador, mas somos nós que estamos criando esses [[sistemas]], e podemos decidir que tipos de comportamento queremos que eles tenham. Então, no fim, imagino que sim, [[inteligências artificiais]] poderão ter [[emoções]]. Meu computador poderá ficar cansado às vezes. Afinal, eu faço com que ele [[realizae]] um monte de cálculos, então é justo que fique cansado" (1).
: Referência:
: Referência:
-
: (1) Jeff Dean, novo chefe da área de [[inteligência artificial]] do Google. Entrevista dada a César Baima - cesar.baima@oglobo.com.br. In: Jornal '''O Globo''', sábado, 12-05-2018, p. 25 Primeiro Caderno.
+
: (1) Jeff Dean, novo chefe da área de [[inteligência artificial]] do Google. Entrevista dada a César Baima - cesar.baima@oglobo.com.br. In: Jornal '''O Globo''', sábado, 12-05-2018, p. 25, Primeiro Caderno.
== 4 ==
== 4 ==
-
: Tenho uma [[questão]]: no lugar de [[inteligência artificial]] não deveríamos falar com propriedade em [[razão]] artificial. Propriamente para se falar de [[inteligência artificial]] deveríamos  nos [[perguntar]] se ela comporta ou poderá um dia comportar duas [[instâncias]]: Não depender de [[sistema]] nenhum; [[incorporar]] o [[tempo]], o que significa algo absolutamente inviável: [[ser]], não enquanto um objeto ou coisa, mas no [[sentido]] de [[ser]] a partir de e na [[vigência]] do [[tempo]], enquanto ele é o [[próprio]] [[ser]] acontecendo. Implicitamente, o filme ''[[Ela]]'', de Spyke Jonze já mostra isso. Para acompanhar o [[acontecer]] do [[tempo]], a [[inteligência artificial]] precisaria deixar de [[ser]] [[sistema]]. Um outro filme onde se faz pioneiramente a atuação da [[inteligência artificial]] é ''[[2001 - Uma odisseia no espaço]]'', de Stanley Kubrick. Sendo [[sistema]], quando ela se revolta e demonstra ter [[vontade]], o astronauta penetra em seu cérebro artificial e o desliga, acabando a [[inteligência artificial]], ou seja, isso só o [[ser humano]] pode [[fazer]], porque não se pode reduzi-lo a um [[sistema]]. Há nele a [[vigência]] do [[inesperado]] e do [[tempo]]. E não serão estas duas [[dimensões]] o próprio [[intelecto]] [[humano]]? Sem dúvida nenhuma, a [[criação]] da [[inteligência artificial]] abre [[horizontes]] para o [[ser humano]] quase inesgotáveis, daí a tentação de igualá-lo ao [[ser humano]]. Certamente, de todas as [[criações]] técnicas essa é a mais revolucionária até agora criada. E ao [[ser humano]] compete pensá-la essencialmente, o que estou tentando fazer aqui e agora.  
+
: Tenho uma [[questão]]: no lugar de [[inteligência artificial]] não deveríamos falar com propriedade em [[razão]] artificial. Propriamente para se falar de [[inteligência artificial]] deveríamos  nos [[perguntar]] se ela comporta ou poderá um dia comportar duas [[instâncias]]: Não depender de [[sistema]] nenhum; [[incorporar]] o [[tempo]], o que significa algo absolutamente inviável: [[ser]], não enquanto um objeto ou coisa, mas no [[sentido]] de [[ser]] a partir de e na [[vigência]] do [[tempo]], enquanto ele é o [[próprio]] [[ser]] acontecendo. Implicitamente, o filme ''[[Ela]]'', de Spyke Jonze já mostra isso. Para acompanhar o [[acontecer]] do [[tempo]], a [[inteligência artificial]] precisaria deixar de [[ser]] [[sistema]]. Um outro filme onde se faz pioneiramente a atuação da [[inteligência artificial]] é '''[[2001 - Uma odisseia no espaço]]''', de Stanley Kubrick. Sendo [[sistema]], quando ela se revolta e demonstra ter [[vontade]], o astronauta penetra em seu cérebro artificial e o desliga, acabando a [[inteligência artificial]], ou seja, isso só o [[ser humano]] pode [[fazer]], porque não se pode reduzi-lo a um [[sistema]]. Há nele a [[vigência]] do [[inesperado]] e do [[tempo]]. E não serão estas duas [[dimensões]] o próprio [[intelecto]] [[humano]]? Sem dúvida nenhuma, a [[criação]] da [[inteligência artificial]] abre [[horizontes]] para o [[ser humano]] quase inesgotáveis, daí a tentação de igualá-lo ao [[ser humano]]. Certamente, de todas as [[criações]] técnicas essa é a mais revolucionária até agora criada. E ao [[ser humano]] compete pensá-la essencialmente, o que estou tentando fazer aqui e agora.  
: - [[Manuel Antônio de Castro]].
: - [[Manuel Antônio de Castro]].
-
 
-
 
== 5 ==
== 5 ==
: " - '''Os algoritmos de [[inteligência artificial]] são realmente inteligentes'''?
: " - '''Os algoritmos de [[inteligência artificial]] são realmente inteligentes'''?
-
:  - Não. Nós temos a [[ideia]] de que [[sistemas]] de [[inteligência artificial]] são os que imitam, mimetizam a [[inteligência]] [[humana]]. Mas o escopo do que chamamos hoje de [[inteligência artificial]] é muito maior, não sendo necessário [[imitar]] a [[inteligência]] [[humana]] para ser considerado um [[sistema]] [[inteligente]]. Então, o que temos não são [[sistemas]] de [[inteligência artificial]], mas basicamente de [[sistemas]] de [[aprendizado]] de máquina" (1). É importante atentar para a [[distinção]] que o pesquisador faz quando introduz a [[questão]] do [[aprendizado]] da [[máquina]]. O [[leitor]] confira neste Decionário os termos [[aprendizado]] e [[aprendizagem]], sobretudo percebendo a [[diferença]] que há entre [[aprendizado]] e [[aprendizagem]].
+
:  - Não. Nós temos a [[ideia]] de que [[sistemas]] de [[inteligência artificial]] são os que imitam, mimetizam a [[inteligência]] [[humana]]. Mas o escopo do que chamamos hoje de [[inteligência artificial]] é muito maior, não sendo necessário [[imitar]] a [[inteligência]] [[humana]] para ser considerado um [[sistema]] [[inteligente]]. Então, o que temos não são [[sistemas]] de [[inteligência artificial]], mas basicamente de [[sistemas]] de [[aprendizado]] de máquina" (1).  
 +
 
 +
: É importante atentar para a [[distinção]] que o pesquisador faz quando introduz a [[questão]] do [[aprendizado]] da [[máquina]]. O [[leitor]] confira neste Decionário os termos [[aprendizado]] e [[aprendizagem]], sobretudo percebendo a [[diferença]] que há entre [[aprendizado]] e [[aprendizagem]].
Linha 51: Linha 49:
: (1) Michael Jordan / cientista, pesquisador e professor da Universidade da Califórnia. Entrevista dada a sérgio.matsuura@oglobo.com.br. In: Jornal '''O Globo''', domingo, 12-08-18, p. 44, Primeiro Caderno.
: (1) Michael Jordan / cientista, pesquisador e professor da Universidade da Califórnia. Entrevista dada a sérgio.matsuura@oglobo.com.br. In: Jornal '''O Globo''', domingo, 12-08-18, p. 44, Primeiro Caderno.
-
 
-
 
== 6 ==
== 6 ==
: "'''Existe um uso indevido do termo'''? [inteligência artificial]
: "'''Existe um uso indevido do termo'''? [inteligência artificial]
-
: Sim! Eu acho que existe um abuso no uso do termo [[[inteligência artificial]]]. Acredito que existem três [[coisas]] diferentes: uma é a [[inteligência artificial]] que tenta [[imitar]] os [[humanos]]; outra é a [[inteligência]] aumentada, com o uso da computação e dos dados para aumentar a [[inteligência]] [[humana]] (como ferramentas de buscas ou de [[tradução]]); e existe o que eu chamo de infraestrutura [[inteligente]], que é algo como  a [[internet]] das [[coisas]] com [[análise]] de dados. Então, certamente é um erro usar o termo [[inteligência artificial]] para [[nomear]] essas [[diferentes áreas" (1).
+
: Sim! Eu acho que existe um abuso no uso do termo '''inteligência artificial'''. Acredito que existem três [[coisas]] diferentes: uma é a [[inteligência artificial]] que tenta [[imitar]] os [[humanos]]; outra é a [[inteligência]] aumentada, com o uso da computação e dos dados para aumentar a [[inteligência]] [[humana]] (como ferramentas de buscas ou de [[tradução]]); e existe o que eu chamo de infraestrutura [[inteligente]], que é algo como  a [[internet]] das [[coisas]] com [[análise]] de dados. Então, certamente é um erro usar o termo [[inteligência artificial]] para [[nomear]] essas [[diferentes]] áreas" (1).
Linha 63: Linha 59:
: (1) Michael Jordan / cientista, pesquisador e professor da Universidade da Califórnia. Entrevista dada a sérgio.matsuura@oglobo.com.br. In: Jornal '''O Globo''', domingo, 12-08-18, p. 44, Primeiro Caderno.
: (1) Michael Jordan / cientista, pesquisador e professor da Universidade da Califórnia. Entrevista dada a sérgio.matsuura@oglobo.com.br. In: Jornal '''O Globo''', domingo, 12-08-18, p. 44, Primeiro Caderno.
-
 
-
 
== 7 ==
== 7 ==
Linha 72: Linha 66:
: Referência:
: Referência:
   
   
-
: (1) LIRA, André. "O ciborgue frente ao real". In: Revista ''Tempo Brasileiro: globalização, pensamento e arte'', 201/202, abr.-set., 2015, p. 82.
+
: (1) LIRA, André. "O ciborgue frente ao real". In: Revista '''Tempo Brasileiro: globalização, pensamento e arte''', 201/202, abr.-set., 2015, p. 82.
 +
 
 +
== 8 ==
 +
: "[[Inteligência artificial]], ou IA para os íntimos, é a capacidade de [[sistemas]] de [[computador]] simularem [[inteligência]] desenvolvendo [[raciocínio]], [[análise]] de [[problemas]]  complexos e tomada de [[decisões]]. Algoritmos gerando outros algoritmos, permitindo aos [[sistemas]] [[aprender]] por si mesmos e, assim se tornar autônomos para que executem, em nosso [[lugar]], [[tarefas]] cada vez mais complexas" (1).
 +
 
 +
 
 +
: Referência:
 +
 
 +
: (1) SERPA, Marcello. "Mickey, o estagiário do Google". In: '''O Globo''', '''Opinião''', p. 3, Segunda-feira, 28.6.2021.
 +
 
 +
== 9 ==
 +
: "Temos de [[pensar]] em mecanismos tributários específicos ou num esquema de participação acionária especial para garantir que os benefícios econômicos gerados pela IA sejam amplamente compartilhados. O [[problema]] é que nenhum de nós consegue oferecer, até o momento, [[visão]] convincente deste [[novo mundo]] em que [[sistemas]] de [[IA]] farão a maior [[parte]] do que hoje chamamos [[trabalho]]" (1).
 +
 
 +
 
 +
: Referência:
 +
 
 +
: (1) RUSSELL, Stuart - cientista da computação. "A inteligência artificial vai marginalizar mais pessoas", Entrevista a Eduardo Graça. In: '''O Globo''', p. 12, quinta-feira, 13-01-2022.
 +
 
 +
== 10 ==
 +
: "[[Inteligência artificial]] (por vezes mencionada pela sigla em [[português]] [[IA]] ou pela sigla em [[inglês]] AI - artificial intelligence) é a [[inteligência]] similar à [[humana]] exibida por [[sistemas]] de software, além de também [[ser]] um campo de [[estudo]] [[acadêmico]]. Os principais pesquisadores e livros didáticos definem o campo como "o [[estudo]] e [[projeto]] de agentes [[inteligentes]]", onde um agente [[inteligente]] é um [[sistema]] que percebe seu ambiente e toma [[atitudes]] que maximizam suas chances de sucesso" (1).
 +
 
 +
 
 +
: Referência:
 +
 
 +
: (1) https:/pt.wikipedia.org/wiki/inteligência artificial
 +
 
 +
== 11 ==
 +
: "A nova geração de [[inteligência artificial]] ('''IA'''), chamada '''generativa''', tem provocado [[espanto]] ao transpor fronteiras [[humanas]], como a da [[linguagem]]. Para especialistas, trata-se de um salto tecnológico sem precedentes, que pode dar escala à desinformação e fragilizar ainda mais a [[democracia]], eliminar postos de [[trabalho]], mexer com a [[saúde]] [[mental]] e a [[sociabilidade]], se não for acompanhada de  [[ética]] e regulação. A '''IA''' já modifica positivamente negócios que vão da maquiagem à [[busca]] de documentos e orienta [[soluções]], por exemplo, para tomada de [[decisões]] em hospitais em [[situações]] [[críticas]]" (1).
 +
 
 +
: Referência:
 +
 
 +
: (1) '''NOVA REALIDADE'''. '''Inteligência artificial supera limites, já modifica nossas vidas e assusta'''. In: '''O GLOBO''', p. 1, '''Domingo, 2 de Abril de 2023'''.

Edição atual tal como 22h19min de 3 de Abril de 2023

Tabela de conteúdo

1

O excepcional desenvolvimento tecnológico levou à "criação" da denominada inteligência artificial. Esta denominação é apropriada? Até onde há aí inteligência? E o termo "artificial" é apropriado? Eis algumas considerações, porque tudo se comprime no entendimento do alcance da palavra grega techne, hoje reduzida à técnica, mas que as realizações técnicas estão problematizando.
"A Escolástica medieval distinguiu no conhecimento humano entre ratio, razão e intellectus (intelecto). A ratio (razão) é o poder da discursividade do raciocínio que busca e investiga, que abstrai e argumenta, que define e conceitua. O intellectus (intelecto) é o simplex intuitus (simples intuição), a força de acolhimento que recebe o real em sua realidade. O conhecimento humano é a integração de ambos, tanto da ratio (razão) como do intellectus (intelecto)" (1).
Sem dúvida nenhuma hoje teríamos que diferenciar além de intelecto, razão e conhecimento, também conhecimento, intuição e emoção. O enigmático é que tudo isto era dito em grego pela palavra logos. Por isso Heráclito será o grande pensador do logos. E a referência do ser humano com o logos Platão a pensou como eidos. É que entre o ser humano e o ser (realidade), tradução latina da palavra grega (Physis) há um mediador, denominado por Platão, o maior pensador grego e de todos os tempos: Demiurgo. Não foi sem motivo que São João, Apóstolo, chama Cristo de logos, no início do seu Evangelho. De uma maneira ou de outra, as grandes culturas sempre falam de um mediador. Miticamente, os gregos tinham o deus Hermes.
Em vista disso, até onde a denominação atual de inteligência artificial é apropriada? A invenção de um sistema operacional não é ainda uma criação racional? Há de fato nele inteligência? Para compreender este meu questionamento, remeto para o filme Ela, de Spike Jonze, 2013.


- Manuel Antônio de Castro
Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Ócio e negócio". In: Revista Tempo Brasileiro - Caminhos do pensamento hoje: novas linguagens no limiar do terceiro milênio, 136, jan.-mar., 1999, p. 75.

2

" - O que é inteligência artificial?
" - Desde que os computadores foram inventados as pessoas sonham em torná-los inteligentes. Assim, o campo da inteligência artificial tem uma história longa, que remonta aos anos 1940 e 1950. Naquele tempo, a abordagem era baseada em regras. Achava-se que se poderia construir uma inteligência programando regras para tudo. De fato, durante mais de 20 anos foi assim. Mas não deu certo, já que não dá para codificar tudo em regras" (1).


Referência:
(1) Jeff Dean, novo chefe da área de inteligência artificial do Google. Entrevista dada a César Baima - cesar.baima@oglobo.com.br. In: Jornal O Globo, sábado, 12-05-2018, p. 25, Primeiro Caderno.

3

" - Existe algo que seja essencialmente humano que uma inteligência artificial nunca conseguirá realizar?
" - Ainda estamos muito longe de criar qualquer coisa que seja flexível e emocional como os humanos são. Existem diferentes forças e fraquezas nos sistemas de inteligência artificial e biológica, então não acho que devamos tentar levar a inteligência artificial a fazer coisas exatamente como os humanos fazem. Não sei se poderemos incluir emoções em sistemas de computador, mas somos nós que estamos criando esses sistemas, e podemos decidir que tipos de comportamento queremos que eles tenham. Então, no fim, imagino que sim, inteligências artificiais poderão ter emoções. Meu computador poderá ficar cansado às vezes. Afinal, eu faço com que ele realizae um monte de cálculos, então é justo que fique cansado" (1).


Referência:
(1) Jeff Dean, novo chefe da área de inteligência artificial do Google. Entrevista dada a César Baima - cesar.baima@oglobo.com.br. In: Jornal O Globo, sábado, 12-05-2018, p. 25, Primeiro Caderno.

4

Tenho uma questão: no lugar de inteligência artificial não deveríamos falar com propriedade em razão artificial. Propriamente para se falar de inteligência artificial deveríamos nos perguntar se ela comporta ou poderá um dia comportar duas instâncias: Não depender de sistema nenhum; incorporar o tempo, o que significa algo absolutamente inviável: ser, não enquanto um objeto ou coisa, mas no sentido de ser a partir de e na vigência do tempo, enquanto ele é o próprio ser acontecendo. Implicitamente, o filme Ela, de Spyke Jonze já mostra isso. Para acompanhar o acontecer do tempo, a inteligência artificial precisaria deixar de ser sistema. Um outro filme onde se faz pioneiramente a atuação da inteligência artificial é 2001 - Uma odisseia no espaço, de Stanley Kubrick. Sendo sistema, quando ela se revolta e demonstra ter vontade, o astronauta penetra em seu cérebro artificial e o desliga, acabando a inteligência artificial, ou seja, isso só o ser humano pode fazer, porque não se pode reduzi-lo a um sistema. Há nele a vigência do inesperado e do tempo. E não serão estas duas dimensões o próprio intelecto humano? Sem dúvida nenhuma, a criação da inteligência artificial abre horizontes para o ser humano quase inesgotáveis, daí a tentação de igualá-lo ao ser humano. Certamente, de todas as criações técnicas essa é a mais revolucionária até agora criada. E ao ser humano compete pensá-la essencialmente, o que estou tentando fazer aqui e agora.


- Manuel Antônio de Castro.

5

" - Os algoritmos de inteligência artificial são realmente inteligentes?
- Não. Nós temos a ideia de que sistemas de inteligência artificial são os que imitam, mimetizam a inteligência humana. Mas o escopo do que chamamos hoje de inteligência artificial é muito maior, não sendo necessário imitar a inteligência humana para ser considerado um sistema inteligente. Então, o que temos não são sistemas de inteligência artificial, mas basicamente de sistemas de aprendizado de máquina" (1).
É importante atentar para a distinção que o pesquisador faz quando introduz a questão do aprendizado da máquina. O leitor confira neste Decionário os termos aprendizado e aprendizagem, sobretudo percebendo a diferença que há entre aprendizado e aprendizagem.


Referência:
(1) Michael Jordan / cientista, pesquisador e professor da Universidade da Califórnia. Entrevista dada a sérgio.matsuura@oglobo.com.br. In: Jornal O Globo, domingo, 12-08-18, p. 44, Primeiro Caderno.

6

"Existe um uso indevido do termo? [inteligência artificial]
Sim! Eu acho que existe um abuso no uso do termo inteligência artificial. Acredito que existem três coisas diferentes: uma é a inteligência artificial que tenta imitar os humanos; outra é a inteligência aumentada, com o uso da computação e dos dados para aumentar a inteligência humana (como ferramentas de buscas ou de tradução); e existe o que eu chamo de infraestrutura inteligente, que é algo como a internet das coisas com análise de dados. Então, certamente é um erro usar o termo inteligência artificial para nomear essas diferentes áreas" (1).


Referência:
(1) Michael Jordan / cientista, pesquisador e professor da Universidade da Califórnia. Entrevista dada a sérgio.matsuura@oglobo.com.br. In: Jornal O Globo, domingo, 12-08-18, p. 44, Primeiro Caderno.

7

"E quanto a Watson, o computador da IBM que promete ser muito mais eficiente do que médicos no diagnóstico e tratamento de doenças? Ele agrega as informações e referências de inúmeros artigos e livros científicos. Ele não pensa, tampouco faz pesquisa científica, apenas relaciona informações. Em última instância, é a compreensão da inteligência em torno do pensamento humano: coletar e relacionar informação. Estará o robô servindo como instrumento para servir os médicos a melhorarem a saúde dos seus pacientes, como querem seus proponentes? Ou estará o robô substituindo o médico, cada vez mais desobrigado de olhar para, de cuidar e pensar seu paciente?" (1).


Referência:
(1) LIRA, André. "O ciborgue frente ao real". In: Revista Tempo Brasileiro: globalização, pensamento e arte, 201/202, abr.-set., 2015, p. 82.

8

"Inteligência artificial, ou IA para os íntimos, é a capacidade de sistemas de computador simularem inteligência desenvolvendo raciocínio, análise de problemas complexos e tomada de decisões. Algoritmos gerando outros algoritmos, permitindo aos sistemas aprender por si mesmos e, assim se tornar autônomos para que executem, em nosso lugar, tarefas cada vez mais complexas" (1).


Referência:
(1) SERPA, Marcello. "Mickey, o estagiário do Google". In: O Globo, Opinião, p. 3, Segunda-feira, 28.6.2021.

9

"Temos de pensar em mecanismos tributários específicos ou num esquema de participação acionária especial para garantir que os benefícios econômicos gerados pela IA sejam amplamente compartilhados. O problema é que nenhum de nós consegue oferecer, até o momento, visão convincente deste novo mundo em que sistemas de IA farão a maior parte do que hoje chamamos trabalho" (1).


Referência:
(1) RUSSELL, Stuart - cientista da computação. "A inteligência artificial vai marginalizar mais pessoas", Entrevista a Eduardo Graça. In: O Globo, p. 12, quinta-feira, 13-01-2022.

10

"Inteligência artificial (por vezes mencionada pela sigla em português IA ou pela sigla em inglês AI - artificial intelligence) é a inteligência similar à humana exibida por sistemas de software, além de também ser um campo de estudo acadêmico. Os principais pesquisadores e livros didáticos definem o campo como "o estudo e projeto de agentes inteligentes", onde um agente inteligente é um sistema que percebe seu ambiente e toma atitudes que maximizam suas chances de sucesso" (1).


Referência:
(1) https:/pt.wikipedia.org/wiki/inteligência artificial

11

"A nova geração de inteligência artificial (IA), chamada generativa, tem provocado espanto ao transpor fronteiras humanas, como a da linguagem. Para especialistas, trata-se de um salto tecnológico sem precedentes, que pode dar escala à desinformação e fragilizar ainda mais a democracia, eliminar postos de trabalho, mexer com a saúde mental e a sociabilidade, se não for acompanhada de ética e regulação. A IA já modifica positivamente negócios que vão da maquiagem à busca de documentos e orienta soluções, por exemplo, para tomada de decisões em hospitais em situações críticas" (1).
Referência:
(1) NOVA REALIDADE. Inteligência artificial supera limites, já modifica nossas vidas e assusta. In: O GLOBO, p. 1, Domingo, 2 de Abril de 2023.
Ferramentas pessoais