Social

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: A [[pólis]] grega significa um [[modelo]] de estruturação [[social]].  O [[estruturar]] diz do juntar, agregar com ordem, do ordenar (de onde se pensa o [[construir]], o [[instruir]] etc.). A face visível da ordenação se dá como [[instituição]] (''in + stare''), ou seja, a emergência do "lugar de um grupo social"  como [[espaço]] e [[tempo]] tem a sua face visível nas [[instituições]].  Estas têm no [[poder]] a força de sua [[vigência]]. É um [[poder]] que não lhes é externo, mas que brota do [[vigor]] das [[instituições]], enquanto força de [[estruturação]] do "[[lugar]] de um grupo social". À gerência, à administração desse [[poder]] se dá o nome de [[política]].  A [[política]] é, pois, a [[arte]] da [[mediação]] dos [[homens]] entre si e do "[[lugar]] do grupo [[social]]". Este [[lugar]] os gregos denominaram ''[[polis]]''. E à [[realização]] nela e com ela os romanos denominaram [[cidadania]].
: A [[pólis]] grega significa um [[modelo]] de estruturação [[social]].  O [[estruturar]] diz do juntar, agregar com ordem, do ordenar (de onde se pensa o [[construir]], o [[instruir]] etc.). A face visível da ordenação se dá como [[instituição]] (''in + stare''), ou seja, a emergência do "lugar de um grupo social"  como [[espaço]] e [[tempo]] tem a sua face visível nas [[instituições]].  Estas têm no [[poder]] a força de sua [[vigência]]. É um [[poder]] que não lhes é externo, mas que brota do [[vigor]] das [[instituições]], enquanto força de [[estruturação]] do "[[lugar]] de um grupo social". À gerência, à administração desse [[poder]] se dá o nome de [[política]].  A [[política]] é, pois, a [[arte]] da [[mediação]] dos [[homens]] entre si e do "[[lugar]] do grupo [[social]]". Este [[lugar]] os gregos denominaram ''[[polis]]''. E à [[realização]] nela e com ela os romanos denominaram [[cidadania]].
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: - [[Manuel Antônio de Castro]]
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: Proximidade e distância não são [[entes]] abstratos. Elas só acontecem onde os [[homens]] convivem. É, pois, fundamentalmente uma [[situação]] do [[ser]] e [[estar]] um com o outro, ou seja, social. Social vem do latim ''socius'', que significa sócio, ou seja, reunião de duas ou mais pessoas. Só por [[metáfora]] se diz que outros entes vivem em sociedade. Só o [[ser humano]] é social. O social não é uma opção, mas uma condição existencial essencial porque somos uns-com-os-outros. Somos essencialmente [[diálogo]]. Se a [[solidão]] pode ocorrer, isso significa que a [[proximidade]] e a [[distância]] são uma conquista. Elas não se dão por si. Isso significa também que a [[sociedade]], o grupo [[social]], não é a justaposição de [[pessoas]]. Há [[necessidade]] de [[convivência]] numa mútua [[experienciação]] de [[eu]] e [[tu]], [[sendo]] cada um o que [[é]]. Então aconteceu [[proximidade]] e [[distância]]. O [[impessoal]] é a falta de [[convivência]], onde o [[tu]] inexiste naquilo que ele [[é]], não faz parte do [[lugar]] do [[eu]]. Dessa maneira o [[impessoal]] se torna a [[experienciação]] do [[social]] em sua [[essência]].
: - [[Manuel Antônio de Castro]]
: - [[Manuel Antônio de Castro]]

Edição de 16h16min de 27 de Outubro de 2018

Tabela de conteúdo

1

Proximidade e distância não são entes abstratos. Elas só acontecem onde os homens convivem. É, pois, fundamentalmente uma situação do ser e estar um com o outro, ou seja, social. Social vem do latim socius, que significa sócio, ou seja, reunião de duas ou mais pessoas. Só por metáfora se diz que outros entes vivem em sociedade. Só o ser humano é social. O social não é uma opção, mas uma condição existencial essencial porque somos uns-com-os-outros. Somos essencialmente diálogo. Se a solidão pode ocorrer, isso significa que a proximidade e a distância são uma conquista. Elas não se dão por si. Isso significa também que a sociedade, o grupo social, não é a justaposição de pessoas. Há necessidade de convivência numa mútua experienciação de eu e tu, sendo cada um o que é. Então aconteceu [[proximidade] e distância.


- Manuel Antônio de Castro

2

O social sempre me pré-ocupou, mas não e jamais como sistema, modelo ou ideologia. Nenhuma teoria sociológica dará jamais conta do enigma que é o social, enquanto fenômeno constitutivo do humano e, portanto, da própria realidade. Assedia-me um social poético inaugural, utópico, fraternal, livre.


- Manuel Antônio de Castro


3

Todo social para ser universal concreto precisa da energia das diferenças para se tornar um real vivo e atuante, enquanto realização da realidade em sua manifestação permanente. Noutras palavras, o social é um fenômeno real da realização da realidade histórica em que o humano de todo ser humano é a energia que lhe dá corpo e o projeta em sua presença concreta para além das meras circunstâncias conjunturais. O social é o humano, o humano é o social. E a unidade de ambos perfaz o histórico em seu sentido. Que energia será essa que constitui o humano, o social e o histórico, e acontece como realização da realidade? Não temos a menor dúvida de que essa energia, que se torna a própria possibilidade do acontecer, isto é, do tempo em seu devir permanecendo, é a memória.


- Manuel Antônio de Castro


4

"O soma [ corpo ] de que fala Platão passou a ser entendido – enquanto organismo – como um ente composto de matéria e forma, como qualquer utensílio é constituído. Porém, quando Platão reflete sobre a obra, jamais a pensou no horizonte de um utensílio, com seus aspectos formais e materiais (causas material e formal) ou com seus aspectos de finalidade funcional e utilitária (causa final), tanto melhor quanto for a sua funcionalidade, incluída aí a eficiência funcional estética. A concepção da linguagem e do próprio ser humano como social parte deste horizonte funcional e sistêmico. E é justamente o contrário: tanto a linguagem como o ser humano (e um coincide com o outro) são seres dialogais. A essência originária do homem e da linguagem é o logos (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte, vocabulário e mundo". In: ------------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 250.

5

"A questão que já pré-encaminha toda resposta ao que é ler é a questão: o que é o ser humano? A genética afasta qualquer pretensão sociológica como determinante do que ele é. E até histórica. Afastar não quer dizer excluir, mas reduzi-la à sua verdadeira dimensão: um fator entre muitos outros, sem ser o essencial. E até porque depende muito de que teoria social se trata. Há teorias e teorias" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O ler e suas questões". In: ---------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 18.


6

A pólis grega significa um modelo de estruturação social. O estruturar diz do juntar, agregar com ordem, do ordenar (de onde se pensa o construir, o instruir etc.). A face visível da ordenação se dá como instituição (in + stare), ou seja, a emergência do "lugar de um grupo social" como espaço e tempo tem a sua face visível nas instituições. Estas têm no poder a força de sua vigência. É um poder que não lhes é externo, mas que brota do vigor das instituições, enquanto força de estruturação do "lugar de um grupo social". À gerência, à administração desse poder se dá o nome de política. A política é, pois, a arte da mediação dos homens entre si e do "lugar do grupo social". Este lugar os gregos denominaram polis. E à realização nela e com ela os romanos denominaram cidadania.


- Manuel Antônio de Castro


7

Proximidade e distância não são entes abstratos. Elas só acontecem onde os homens convivem. É, pois, fundamentalmente uma situação do ser e estar um com o outro, ou seja, social. Social vem do latim socius, que significa sócio, ou seja, reunião de duas ou mais pessoas. Só por metáfora se diz que outros entes vivem em sociedade. Só o ser humano é social. O social não é uma opção, mas uma condição existencial essencial porque somos uns-com-os-outros. Somos essencialmente diálogo. Se a solidão pode ocorrer, isso significa que a proximidade e a distância são uma conquista. Elas não se dão por si. Isso significa também que a sociedade, o grupo social, não é a justaposição de pessoas. Há necessidade de convivência numa mútua experienciação de eu e tu, sendo cada um o que é. Então aconteceu proximidade e distância. O impessoal é a falta de convivência, onde o tu inexiste naquilo que ele é, não faz parte do lugar do eu. Dessa maneira o impessoal se torna a experienciação do social em sua essência.


- Manuel Antônio de Castro
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