Mesmo

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: (1) TORRANO, Jaa. ''O sentido de Zeus''. São Paulo: Iluminuras, 1996.
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: "Só podemos tentar achar uma [[resposta]] à [[pergunta]] que nos orienta e nos deixa, diante da [[morte]], sempre perplexos – o que há para além da [[morte]]? – se pensarmos o [[mesmo]]. Sem este nem é [[possível]] a [[pergunta]] sobre o [[tempo]]. Ou melhor, o [[tempo]] só pode [[ser]] antes e depois e [[viagem]] por já estar vigorando no [[mesmo]], que lhe dá [[unidade]]. O [[tempo]] é o [[mesmo]] que é a [[unidade]] das três marcações [[tradicionais]] do [[tempo]]: o [[passado]], o [[presente]] e o [[futuro]]. O [[além]] é o [[futuro]], assim como o [[passado]] é o que no [[presente]] não pode mais [[ser]] [[futuro]] nem [[presente]], pensa-se" (1).
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:  Referência:
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:  (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 248.
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: (2) TORRANO, Jaa. ''O sentido de Zeus''. São Paulo: Iluminuras, 1996.
: (2) TORRANO, Jaa. ''O sentido de Zeus''. São Paulo: Iluminuras, 1996.
: (3) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 165.
: (3) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 165.

Edição de 22h12min de 31 de Dezembro de 2019

1

"O mesmo não se confunde com o igual e nem tampouco com a unidade vazia do que é meramente idêntico. Com frequência, o igual se transfere para o indiferenciado a fim de que tudo nele convenha. O mesmo é, ao contrário, o mútuo pertencer do diverso que se dá, pela diferença, desde uma reunião integradora. O mesmo apenas se deixa dizer quando se pensa a diferença. No ajuste dos diferentes vem à luz a essência integradora do mesmo. O mesmo deixa para trás toda sofreguidão por igualar o diverso ao igual. O mesmo reúne integrando o diferente numa unicidade originária. O igual, ao contrário, dispersa na unidade pálida do um, somente uni-forme" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "... poeticamente o homem habita...". In: ---------. Ensaios e conferências. Trad. Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel, Marcia Sá Cavcalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 170.

2

Sentença - III.
"... to gar auto noein estin te kai einai" (1). "...pois o mesmo é pensar e ser" (1).


Referência:
(1) PARMÊNIDES. Sentença III, (Trad. Sérgio Wrubleswski). In: Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito. Petrópolis / RJ: Vozes, 1991, p. 44 / 45.

3

"Para nos entregarmos ao mesmo é necessário pensar. Pensar o mesmo que é a vida, a morte, o amor, o tempo, a linguagem, a verdade, a solidão, o cuidado, o ético, o sentido. E são estas questões que aguardam sempre nossas experienciações, que constituem, em verdade, a realidade; uma realidade que não depende de nós, que não é construída pelos nossos conceitos ou vontade ou desejos" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Época e tempo poético". In: ---------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 282.

4

"Transformar em linguagem cada vez esse advento permanente do Ser que, em sua permanência, espera pelo homem, é a única causa (Sache) do pensamento. É por isso que os pensadores Essenciais dizem sempre o mesmo (Das Selbe); isso, no entanto, não significa que digam sempre coisas iguais (Das Gleiche)" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Sobre o humanismo. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967, p. 98.

5

"A entrega ao mesmo enfrenta muitos obstáculos. Para tal seriam necessárias a disciplina, o desprendimento e a determinação de sairmos da banalização da linguagem em seu uso comercial e cotidiano, de sairmos da repetição das ideias e valores já feitos e estabelecidos, de sairmos da funcionalidade dos sistemas, fonte de conceitos que não cessam de nos lançar na repetição e aniquilação de nossa originalidade e originariedade, de sairmos da aparente novidade dos conhecimentos dos entes, em suas relações sempre funcionais e operativas, de sairmos do esquecimento do sentido do ser e nos deixarmos tomar por sua memória, a unidade vigorante do mesmo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Época e tempo poético". In: ---------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 282.


6

"Todas as línguas, como ritos, dizem o diferente, mas como linguagem dizem sempre o mesmo, embora não digam as mesmas coisas. Só porque a linguagem diz sempre o mesmo é que um mesmo ser humano pode falar diferentes línguas, traduções podem ser feitas e haver a tradição viva da memória. Tudo isso é leitura" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A linguagem poética e instrumental". In: --------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 56.

7

"O mais difícil em nossas vidas é compreender o que é isto – o mesmo. Como diz Rosa numa de suas obras, não é um ele ou um ela: é o que e o quem das coisas. Jamais podemos ou devemos reduzi-lo ao conhecimento de um conceito. Como tal é a questão, o a-ser-pensado. Não nos advém nunca no e pelo raciocinar. Advém enquanto linguagem, no pensar da compreensão. Mas é o nunca cessar de advir porque não tem início nem fim, vigora. Isto é o mesmo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Época e tempo poético". In: ---------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 279.


8

"Só por já estarmos e sermos no tempo e enquanto tempo é que podemos formular as perguntas em torno das três possíveis posições. Portanto, perguntar pelo que há para além da morte é perguntar pelo que o tempo é enquanto ex-iste, está sendo. O tempo só é tempo porque está e é ou será o inverso, isto é, ser e estar só são e estão porque são tempo? Não será mais lógico, porque real, dizer que não há a alternativa ou, e sim que um e outro são o mesmo? Qual a importância de se pensar o mesmo, não como conceito, mas como o elemento no qual tempo é e está sendo tempo? É que o mesmounidade ao antes e ao depois e à travessia. Essa unidade é a realidade enquanto morte, não mais como fim, mas como simples possibilidade de ser e de consumar o próprio"(1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 247.


9

"Caminho para cima, para baixo, um e o mesmo" (1).


Referência:
(1) HERÁCLITO. Fragmento 60. In: Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 73.


10

"O que é o Ser para a experiência grega, mítica, arcaica? O Ser se “manifesta como numinoso e na qual [experiência grega arcaica] o universo não é senão um conjunto não-enumerável de teofanias” (Torrano, 1992: 74)(1). Tudo sendo teofanianuminosa é importante entender que tanto “‘faculdades mentais’” de Zeus como os atributos constitutivos da natureza mesma de Zeus [...] são Divindades com esfera de existência e de atribuições própria” (Torrano: 1992, 76). A experiência filosófica de Ser, sobretudo a partir de Platão e Aristóteles, e mais tarde com o platonismo e aristotelismo, empobrece a riqueza do pensamento mítico.
"Na verdade, o pensamento mítico, servindo-se de figuras não-conceituais, de imagens concretas e ideações plásticas, servindo-se de relatos e de fábulas (i.é, disto em que se constituem propriamente os mythoi e os hieroi lógoi, os “mitos” e os “relatos sagrados”), coloca em seus próprios termos [...] o problema da relação entre a Alteridade e a Ipseidade. Zeus é ele-Mesmo e o Outro; o Outro é tanto o Outro quanto é o Mesmo [...] A Alteridade coincide com a Ipseidade tanto quanto dela difere: o Outro é o Mesmo (coincide com o Mesmo) tanto quanto é – na referência ao Mesmo – o Outro (difere de si Mesmo) (Torrano: 1992, 77)" (2) "(3).


Referências:
(1) TORRANO, Jaa. O sentido de Zeus. São Paulo: Iluminuras, 1996.


11

"Só podemos tentar achar uma resposta à pergunta que nos orienta e nos deixa, diante da morte, sempre perplexos – o que há para além da morte? – se pensarmos o mesmo. Sem este nem é possível a pergunta sobre o tempo. Ou melhor, o tempo só pode ser antes e depois e viagem por já estar vigorando no mesmo, que lhe dá unidade. O tempo é o mesmo que é a unidade das três marcações tradicionais do tempo: o passado, o presente e o futuro. O além é o futuro, assim como o passado é o que no presente não pode mais ser futuro nem presente, pensa-se" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 248.


(2) TORRANO, Jaa. O sentido de Zeus. São Paulo: Iluminuras, 1996.
(3) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 165.