Afeto

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: "No [[filme]] ''Todas as cores do amor'', centralizado no comportamento dos jovens de hoje, aparece uma [[imagem-questão]] extremamente preocupante, mas que diz muito: Cada [[relacionamento]] [[afetivo]] – e [[afeto]] não diz mera [[sensação]] [[estética]], mas [[ético]]-[[humana]] ou [[erótica]] - tinha aproximadamente a [[duração]] da [[memória]] de um peixe, em torno de um minuto. Para o peixe, a [[realidade]] a cada minuto aparece como uma [[realidade]] sempre nova, como se a visse pela primeira vez. Com um pouco de exagero é isso o que está acontecendo com a [[memória]] das [[relações]] na [[época]] da [[globalização]] da [[internet]]: não há [[permanência]], tudo muda muito rapidamente e se esquece. Podemos experimentar isso com as [[informações]]. Elas se sucedem tão rapidamente que nada perdura, vivem a frescura da [[novidade]] e a sorte da sua rápida substituição pelas mais recentes. E a [[sensação]] é de que [[nada]] fica, [[tudo]] se esvai com o correr e fluir do [[tempo]]. É o [[tempo]] da [[globalização]] e das [[redes]], das fáceis [[relações]] e rápidas [[mudanças]] e substituições. E não são apenas as [[relações]] [[afetivas]] [[pessoais]] que são afetadas, mas, sim, toda [[possibilidade]] de [[viver]] em [[comunidade]], pois não há laços que sustentem o que [[é]] [[comum]] e [[essencial]] para [[todos]]. [[Comunidade]] só é [[possível]] enquanto [[vigorar]] do [[universal concreto]]" (1).

Edição de 19h01min de 14 de janeiro de 2025

1

"No filme Todas as cores do amor, centralizado no comportamento dos jovens de hoje, aparece uma imagem-questão extremamente preocupante, mas que diz muito: Cada relacionamento afetivo – e afeto não diz mera sensação estética, mas ético-humana ou erótica - tinha aproximadamente a duração da memória de um peixe, em torno de um minuto. Para o peixe, a realidade a cada minuto aparece como uma realidade sempre nova, como se a visse pela primeira vez. Com um pouco de exagero é isso o que está acontecendo com a memória das relações na época da globalização da internet: não há permanência, tudo muda muito rapidamente e se esquece. Podemos experimentar isso com as informações. Elas se sucedem tão rapidamente que nada perdura, vivem a frescura da novidade e a sorte da sua rápida substituição pelas mais recentes. E a sensação é de que nada fica, tudo se esvai com o correr e fluir do tempo. É o tempo da globalização e das redes, das fáceis relações e rápidas mudanças e substituições. E não são apenas as relações afetivas pessoais que são afetadas, mas, sim, toda possibilidade de viver em comunidade, pois não há laços que sustentem o que é comum e essencial para todos. Comunidade só é possível enquanto vigorar do universal concreto" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 25.

2

"Energia do coração. Por sua essência, esta é a energia mais difícil de nomear e caracterizar. Na verdade, as palavras existentes já referem algo que esta energia ultrapassa. Até a palavra energia já lhe é imprópria. Ela é, mas não sabemos o que seja, embora seja larga e continuamente experienciada. Sua presença é indiscutível. Mas foge totalmente ao alcance da ciência, porque não é experimentável e calculável. Ela se caracteriza por nos afetar enquanto algo de qualidade e simplicidade, sem jamais poder ser quantificada, como acontece com nossos afetos. Ela pode-se denominar com propriedade como energia do coração, porque nos afeta e afeta as nossas relações com os outros e com todo o universo nas dimensões de proximidade e distância. De algum modo ela contém todas as demais energias. Seria Qi em sua plenitude de atuação e presença. As relações não são apenas funcionais, mas também existenciais. A tradicional divisão do corpo em matéria e psique, matéria e espírito etc., é-lhe totalmente estranha, inadequada, imprópria. É algo que nos impulsiona e arrasta e toma e envolve de uma maneira inexplicada, mas efetiva e real. Na sua presença deixa de haver tempo e espaço, limite e não-limite, bem como a tricotomia temporal de passado, presente e futuro. Ocidentalmente foi denominada libido e a melhor apreensão e experienciação acontece no mito de Eros" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Filosofia e o pensamento do corpo". In: Desdobramentos do corpo no século XXI. MONTEIRO, Maria Conceição & GIUCCI, Guilhermo (orgs.). Rio de Janeiro: FAPERJ, Editora Caetés, 2016, p. 24.
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