Social

De Dicionrio de Potica e Pensamento

(Diferença entre revisões)
(5)
(4)
Linha 22: Linha 22:
== 4 ==
== 4 ==
-
: "O ''soma'' [ [[corpo]] ] de que fala Platão passou a ser entendido – enquanto [[organismo]] – como um ente composto de [[matéria]] e [[forma]], como qualquer [[utensílio]] é constituído. Porém, quando Platão reflete sobre a [[obra]], jamais a pensou no [[horizonte]] de um [[utensílio]], com seus aspectos formais e materiais ([[causas]] [[material]] e [[formal]]) ou com seus aspectos de [[finalidade]] [[funcional]] e utilitária ([[causa final]]), tanto melhor quanto for a sua [[funcionalidade]], incluída aí a [[eficiência]] [[funcional]] [[estética]]. A concepção da [[linguagem]] e do [[próprio]] [[ser humano]] como social parte deste [[horizonte]] [[funcional]] e sistêmico. E é justamente o contrário: tanto a [[linguagem]] como o [[ser humano]] (e um coincide com o outro) são [[seres]] dialogais. A [[essência]] [[originária]] do [[homem]] e da [[linguagem]] é o ''[[logos]]'' (1).  
+
: "O ''soma'' [ [[corpo]] ] de que fala Platão passou a ser entendido – enquanto [[organismo]] – como um [[ente]] composto de [[matéria]] e [[forma]], como qualquer [[utensílio]] é constituído. Porém, quando Platão reflete sobre a [[obra]], jamais a pensou no [[horizonte]] de um [[utensílio]], com seus aspectos formais e materiais ([[causas]] [[material]] e [[formal]]) ou com seus aspectos de [[finalidade]] [[funcional]] e utilitária ([[causa final]]), tanto melhor quanto for a sua [[funcionalidade]], incluída aí a [[eficiência]] [[funcional]] [[estética]]. A concepção da [[linguagem]] e do [[próprio]] [[ser humano]] como social parte deste [[horizonte]] [[funcional]] e sistêmico. E é justamente o contrário: tanto a [[linguagem]] como o [[ser humano]] (e um coincide com o outro) são [[seres]] dialogais. A [[essência]] [[originária]] do [[homem]] e da [[linguagem]] é o ''[[logos]]'' (1).  
Linha 28: Linha 28:
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte, vocabulário e mundo". In: ------------. ''Leitura: questões''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 250.
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte, vocabulário e mundo". In: ------------. ''Leitura: questões''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 250.
-
 
-
 
== 5 ==
== 5 ==

Edição de 01h54min de 12 de Outubro de 2017

Tabela de conteúdo

1

Proximidade e distância não são entes abstratos. Elas só acontecem onde os homens convivem. É, pois, fundamentalmente uma situação do ser e estar um com o outro, ou seja, social. Social vem do latim socius, que significa sócio, ou seja, reunião de duas ou mais pessoas. Só por metáfora se diz que outros entes vivem em sociedade. Só o ser humano é social. O social não é uma opção, mas uma condição existencial essencial porque somos uns-com-os-outros. Somos essencialmente diálogo. Se a solidão pode ocorrer, isso significa que a proximidade e a distância são uma conquista. Elas não se dão por si. Isso significa também que a sociedade, o grupo social, não é a justaposição de pessoas.


- Manuel Antônio de Castro

2

O social sempre me pré-ocupou, mas não e jamais como sistema, modelo ou ideologia. Nenhuma teoria sociológica dará jamais conta do enigma que é o social, enquanto fenômeno constitutivo do humano e, portanto, da própria realidade. Assedia-me um social poético inaugural, utópico, fraternal, livre.


- Manuel Antônio de Castro


3

Todo social para ser universal concreto precisa da energia das diferenças para se tornar um real vivo e atuante, enquanto realização da realidade em sua manifestação permanente. Noutras palavras, o social é um fenômeno real da realização da realidade histórica em que o humano de todo ser humano é a energia que lhe dá corpo e o projeta em sua presença concreta para além das meras circunstâncias conjunturais. O social é o humano, o humano é o social. E a unidade de ambos perfaz o histórico em seu sentido. Que energia será essa que constitui o humano, o social e o histórico, e acontece como realização da realidade? Não temos a menor dúvida de que essa energia, que se torna a própria possibilidade do acontecer, isto é, do tempo em seu devir permanecendo, é a memória.


- Manuel Antônio de Castro


4

"O soma [ corpo ] de que fala Platão passou a ser entendido – enquanto organismo – como um ente composto de matéria e forma, como qualquer utensílio é constituído. Porém, quando Platão reflete sobre a obra, jamais a pensou no horizonte de um utensílio, com seus aspectos formais e materiais (causas material e formal) ou com seus aspectos de finalidade funcional e utilitária (causa final), tanto melhor quanto for a sua funcionalidade, incluída aí a eficiência funcional estética. A concepção da linguagem e do próprio ser humano como social parte deste horizonte funcional e sistêmico. E é justamente o contrário: tanto a linguagem como o ser humano (e um coincide com o outro) são seres dialogais. A essência originária do homem e da linguagem é o logos (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte, vocabulário e mundo". In: ------------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 250.

5

"A questão que já pré-encaminha toda resposta ao que é ler é a questão: o que é o ser humano? A genética afasta qualquer pretensão sociológica como determinante do que ele é. E até histórica. Afastar não quer dizer excluir, mas reduzi-la à sua verdadeira dimensão: um fator entre muitos outros, sem ser o essencial. E até porque depende muito de que teoria social se trata. Há teorias e teorias" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O ler e suas questões". In: ---------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 18.


6

A pólis grega significa um modelo de estruturação social. O estruturar diz do juntar, agregar com ordem, do ordenar (de onde se pensa o construir, o instruir etc.). A face visível da ordenação se dá como instituição (in + stare), ou seja, a emergência do "lugar de um grupo social" como espaço e tempo tem a sua face visível nas instituições. Estas têm no poder a força de sua vigência. É um poder que não lhes é externo, mas que brota do vigor das instituições, enquanto força de estruturação do "lugar de um grupo social". À gerência, à administração desse poder se dá o nome de política. A política é, pois, a arte da mediação dos homens entre si e do "lugar do grupo social". Este lugar os gregos denominaram polis. E à realização nela e com ela os romanos denominaram cidadania.


- Manuel Antônio de Castro
Ferramentas pessoais