Vida
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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+ | : (1) ROSA, João Guimarães. ''Grande Sertão: Veredas''. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 13. e., 1979, p. 241. |
Edição de 22h45min de 24 de Junho de 2018
1
- De maneira alguma devemos pensar a dzoé, a vida de todo ser vivo, no sentido classificatório de gênero e espécie, de inferior e superior. Por exemplo, em relação à distinção do ser-humano, segundo a sentença órfica grega: Dzoion logon echon, animal racional, ou seja, ser vivo dotado de razão, numa tradução muito pobre. Não, dzoé não é animal nesse sentido genérico e lógico. Dozé é vida, ou seja, todo e qualquer ser vivente. : "No modo grego de pensar, o animal se determina a partir do dzoion, do que surge, resguardando-se, portanto, de modo muito peculiar em si mesmo, pelo fato de não se exprimir" (1). O grego quando quer denominar qualquer ser vivente diz bios.
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Heráclito. Trad. Márcia Sá Cavalcante Schuback. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998, 108.
2
- "Ela simplesmente sentira, de súbito, que pensar não lhe era natural. Depois chegara à conclusão de que ela não tinha um dia-a-dia mas sim uma vida-a-vida. E aquela vida que era sua nas madrugadas era sobrenatural com suas inúmeras luas banhando-a de um prateado líquido tão terrível" (1).
- Referência:
- (1) LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. 4. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974, p. 32.
3
- "Pedir? Como é que se pede? E o que se pede? Pede-se vida? Pede-se vida. Mas já não se está tendo vida? Existe uma mais real. O que é real?" (1).
- Referência:
- (1) LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. 4. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974, p. 56.
4
- "O fim da vida é a morte, e no entanto o homem não vive pelo desígnio da morte, mas por ser um ser vivo, ele não pensa em vista de qualquer resultado que seja, mas por ser um 'ser pensante, isto é, meditativo'" (1).
- Referência:
- (1) ARENDT, Hannah. Homens em tempos sombrios. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p. 225.
5
- "A vida só é vida enquanto fenômeno, por isso toda fenomenologia da vida constitui-se no doar-se de uma intuição originária. Toda intuição é o 'entre' vigorando. Por conseguinte, tal intuição não resulta de um conteúdo reflexivo. Acontece na reflexão, mas não como reflexão" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o 'entre'". In: Revista Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro: número 164, jan.-mar. 2006, p. 11.
6
- O grande desafio de cada um na vida é fazer dela uma arte. Isso só se consegue quando se faz igualmente da arte uma vida.
7
- Quando dizemos que o sentido da vida se encontra na morte, estranhamos porque tomamos a vida como o conjunto das vivências que a morte destrói. Eis o engano, pois a vida humana encontra seu sentido na morte na medida em que a vida é vista não como ciência, mas como dinâmica de ex-periências pelas quais manifestamos nossas possilidades. O que nos é próprio, nosso quinhão, nosso destino, encontra o seu limite na impossibilidade de todas as possibilidades: a morte. A experiênciação de todo visível não se dá pelo visível, mas como doação do invisível. A morte vai estar, portanto, ligada ao nada, ao invisível, mas jamais como fim, como término, pois só experienciamos o limite a partir do ilimitado, ou seja, nossa angústia de experienciarmos a vida como entre-limite, visível e não-limite, não-visível. No fundo de todo limiar está a Cura, que, como penhor, imantiza todas as nossas ações e lhes dá sentido. A Cura de ser feliz, na verdade, como diz o mito, nos lança no querer que é o querer viver, logo simultaneamente, querer morrer. Por isso viver sendo querer no querer viver como horizonte de sentido e verdade, a vida como experienciação de morte.
- Ver também:
8
- "A vida é sempre outra além do que se pensa ser, pois aquilo que se pensa da vida costumeiramente é um artifício próprio do descontentamento com a desmedida do real. De uma certa maneira, o que nos é facultado ver da vida é comparável à porção de água que retemos em nossas mãos quando as mergulhamos num rio, portanto, uma parcela delimitada da realidade" (1).
- Referência:
- (1) PESSANHA, Fábio Santana. "Homem: corpo insólito". In: GARCÍA, Flavio; PINTO, Marcello de Oliveira; MICHELLI, Regina (orgs.). O insólito e seu duplo – Anais do VI Painel Reflexões sobre o Insólito na narrativa ficcional/ I Encontro Regional Insólito como Questão na Narrativa Ficcional. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2010, p. 140.
- Ver também:
9
- "De imediato, é preciso entender-se vida no sentido limpo, cristalino e incisivo da formulação grega para a psyché, movimento que, a partir de si mesmo, move a si mesmo" (1).
- Referência:
- (1) FOGEL, Gilvan. Vida, realidade, interpretação. In: FAGUNDES, Igor (org.). Permanecer silêncio - Manuel Antônio de Castro e o humano como obra. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2011, p. 100.
10
- "Vida é, pois, atividade, acontecimento que se dá no presente contínuo de sua efetivação: vida é verbo realizando-se: falando, andando, ouvindo, amando, fazendo, morrendo. O tempo próprio da vida é o gerúndio. A tragédia é, nesta perspectiva, a imitação da vida no que ela tem de mais central, no que a distingue: a ação" (1).
- Referência:
- (1) FRANCALANCI, Carla. "Antígona e as leis não escritas". In: Revista TB, Rio de Janeiro, 157: Caminhos da ética, abr.-jun., 2004, p. 46.
11
- "Esperou sem pressa pela madrugada. A melhor luz de se viver era na madrugada, leve tão leve promessa de manhãzinha. Ela sabia disso, já passara inúmeras vezes por isso. Como para um pintor que escolhe a luz que lhe convém, Lóri preferia para a descoberta do que se chama viver essas horas tímidas do vago começo do dia" (1).
- Referência:
- (1) LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. 4. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974, p. 31.
- Ver também:
12
- "A filosofia grega é uma experiência de Pensamento. Mas não é a única experiência grega de pensamento. Outra experiência grega de Pensamento é o Mito e a Mística. Uma outra, são os deuses e o extraordinário. Ainda uma outra é a Poesia e a Arte. Ainda outra é a Polis e a Politeia. A última, por ser no fundo a primeira experiência grega de Pensamento, é Vida e a Morte, Eros e Thanatos " (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Apresentação". In: -------. Filosofia grega - uma introdução. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2010, p. 11.
13
- "Por que se parte do on? Este é ambíguo, porque tudo para nós é ambíguo, uma vez que somos finitos, pois não há finito sem o não-finito. Se o finito nasce, cresce e morre, ele vigora no não-finito, o que permanece no fluxo das mudanças. O vivente é o finito e mutável. A vida é o não-finito e não mutável" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O próprio como possibilidades". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 129.
14
- "A triste verdade é que a vida do homem consiste de um complexo de fatores antagônicos inexoráveis: o dia e a noite, o nascimento e a morte, a felicidade e o sofrimento, o bem e o mal. Não nos resta nem a certeza de que um dia um destes fatores vai prevalecer sobre o outro, que o bem vai se transformar em mal, ou que a alegria há de derrotar a dor. A vida é uma batalha. Sempre foi e sempre será. E se tal não acontecesse ela chegaria ao fim" (1).
- Referência:
- (1) JUNG, Carl G. "A alma do homem". In: JUNG, Carl G e Outros. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, Tradução Maria Lúcia Pinho, s/d, p. 85.
15
- "Quem diz que na vida tudo se escolhe? O que castiga, cumpre também" (1).
- Referência:
- (1) ROSA, João Guimarães. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 13. e., 1979, p. 165.
16
- "O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem" (1).
- Referência:
- (1) ROSA, João Guimarães. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 13. e., 1979, p. 241.