Trabalho

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: O [[trabalho]] na [[dimensão]] da [[técnica]] é [[produzir]] para a entificação, isto é, fazer aparecer um [[ente]], é um produzir substancial, pois é a [[verdade]] manifestativa do que é enquanto ente, por isso a verdade se reduz à [[vigência]] da [[lógica]] e não da verdade enquanto ''[[aletheia]]''. É um trabalho onde predomina o fazer em detrimento e esquecimento do ser. Já o trabalho na dimensão do [[sentido do ser]], diz do [[agir]] no e pelo [[pensar]], e não simplesmente do fazer, porque nele o agir é deixar a verdade advir em sua [[essência]]: [[manifestação]] e [[vigorar]] do ser do [[sendo]] em tudo que é e está sendo. Neste agir, o ser humano não intervém e nem jamais tem a intenção de intervir nem comandar o [[destino]], a manifestação do sagrado, ele se empenha no [[penhor]] de chegar deixando advir o [[bem]] e ser tomado pelo pensar. Por isso ''[[noein]]'' e ''[[dianoia]]'' nos remetem muito mais para o pensar do que para o [[conhecer]], em sentido causal. O conhecer é então o descobrir as leis causais e através delas operar o real dentro de uma finalidade e eficiência funcional. Eis o trabalho técnico.
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: O [[trabalho]] na [[dimensão]] da [[técnica]] é [[produzir]] para a entificação, isto é, fazer [[aparecer]] um [[ente]], é um [[produzir]] [[substancial]], pois é a [[verdade]] manifestativa d' ''[[o que é]]'' enquanto [[ente]], por isso, a [[verdade]] se reduz à [[vigência]] da [[lógica]] e não a [[verdade]] enquanto ''[[aletheia]]''. É um [[trabalho]] onde predomina o [[fazer]] em detrimento e [[esquecimento]] do [[sentido do ser]]. Já o [[trabalho]] na [[dimensão]] do [[sentido do ser]], diz do [[agir]] no e pelo [[pensar]], e não simplesmente do [[fazer]], porque nele o [[agir]] é deixar a [[verdade]] advir em sua [[essência]]: [[manifestação]] e [[vigorar]] do [[ser]] do [[sendo]] em [[tudo]] que [[é]] e está [[sendo]]. Neste [[agir]], o [[ser humano]] não intervém e nem jamais tem a intenção de intervir nem comandar o [[destino]], a [[manifestação]] do [[sagrado]], ele se empenha no [[penhor]] de chegar deixando advir o [[bem]] e ser tomado pelo [[pensar]]. Por isso ''[[noein]]'' e ''[[dianoia]]'' nos remetem muito mais para o [[pensar]] do que para o [[conhecer]], em [[sentido]] [[causal]]. O [[conhecer]] é então o [[descobrir]] as [[leis]] [[causais]] e através delas [[operar]] o [[real]] dentro de uma [[finalidade]] e [[eficiência]] [[funcional]]. Eis o [[trabalho]] [[técnico]].

Edição de 22h25min de 5 de Novembro de 2019

1

É uma questão que aparece na ascese cristã por oposição à gnose – daí o lema de S. Bento: " Ora et labora ", Ora e trabalha. Surge em Marx como possibilidade de realização do homem, fundada no humanismo. Mas aparece também no domínio puramente pragmático do agir instrumental. O leitor confira o livro de Merquior (1), p. 137. Retoma o tema depois à página 198 e seguintes, mas agora a propósito de Nietzsche.


- Manuel Antônio de Castro
Referência:
(1) MERQUIOR, José Guilherme. Saudades do carnaval. Rio de Janeiro: Forense, 1972, p. 137.

2

"A Terra é essencialmente a que se fecha-em-si. Elaborar a Terra significa: trazê-la ao aberto como a que se fecha a si mesma" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70, 2010, p. 117.

3

Caminhar nas e com as questões dá o mesmo trabalho de limpar, arar, semear, plantar, o terreno e esperar a firme, mas lenta maturação do semeado para sua eclosão no e com o tempo propício. A semente para amadurecer precisa de três instâncias: a semente como tal, o terreno, o tempo de maturação. Notamos que a ação do homem - o trabalho - apenas agencia o que já tem ação em si mesmo, mas pelo ordenamento (legein) lhe dá sentido. Isso é o mesmo que questionar e aprender, porque quem medra enquanto aprender é o que se é, a vida que se recebeu e se é, o próprio. Desse trabalho surge o formar do que chega a desabrochar (infelizmente muitas sementes e seres humanos estiolam antes disso tudo acontecer), mas também a forma das obras de arte (e dos utensílios) e do próprio ser humano, que são indissociáveis, sendo impossível haver forma sem o triplo agir (trabalho em sentido amplo), onde se inclui e é necessário incluir o agir da natureza / physis, acima apresentado. Portanto, nada tem a ver com formalismos técnicos. Pelo contrário, é o que os gregos denominavam morphe, a presença da forma enquanto presença do agir e realizar-se. É nesse sentido que a obra de arte é aquela onde se faz presente não apenas uma forma, mas onde nesta vigora o próprio agir enquanto presença do sentido. Se considerarmos que a forma, de alguma maneira, introduz o limite, a presença enquanto sentido projeta o agir da obra para além do limite. É isso a morphe, em sentido grego. Evidente que faltou pensar o trabalho enquanto algo específico do agir do ser humano, ou seja, enquanto o trabalho no horizonte da techne e do logos.


- Manuel Antônio de Castro

4

" Com e na produção total, o homem moderno vive uma determinação bem precisa do real e dá uma decisão bem definida à história humana. A suposição de seu espírito é de que tudo resulta do trabalho de uma racionalidade instrumental e de que o trabalho da razão é capaz de tudo produzir, o real e o irreal, o bem e o mal, a verdade e a não verdade, o ser e o nada" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Ócio e negócio". In: Revista Tempo Brasileiro - Caminhos do pensamento hoje: novas linguagens no limiar do terceiro milênio, 136, jan.-mar., 1999, p. 74.

5

O trabalho na dimensão da técnica é produzir para a entificação, isto é, fazer aparecer um ente, é um produzir substancial, pois é a verdade manifestativa d' o que é enquanto ente, por isso, a verdade se reduz à vigência da lógica e não a verdade enquanto aletheia. É um trabalho onde predomina o fazer em detrimento e esquecimento do sentido do ser. Já o trabalho na dimensão do sentido do ser, diz do agir no e pelo pensar, e não simplesmente do fazer, porque nele o agir é deixar a verdade advir em sua essência: manifestação e vigorar do ser do sendo em tudo que é e está sendo. Neste agir, o ser humano não intervém e nem jamais tem a intenção de intervir nem comandar o destino, a manifestação do sagrado, ele se empenha no penhor de chegar deixando advir o bem e ser tomado pelo pensar. Por isso noein e dianoia nos remetem muito mais para o pensar do que para o conhecer, em sentido causal. O conhecer é então o descobrir as leis causais e através delas operar o real dentro de uma finalidade e eficiência funcional. Eis o trabalho técnico.


- Manuel Antônio de Castro

6

"Através da produção total, o homem moderno vive uma determinação bem precisa do real e dá uma decisão bem definida à sua história. A suposição de seu espírito é de que tudo resulta do trabalho da racionalidade e de que o trabalho da razão é capaz de produzir tudo, o bem e o mal, a verdade e a não-verdade, o real e o não-real" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Introdução". In: Revista Tempo Brasileiro - Caminhos do pensamento hoje: novas linguagens no limiar do terceiro milênio, 136, jan.-mar., 1999, p. 8.
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