Solidão

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: "Eu me sentia [[sozinha]], mas a [[solidão]] era minha. Não foi ele quem a criou. Ninguém cria a nossa [[solidão]]. Ninguém cria a [[escuridão]] que a gente carrega. Cada um tem a sua. E como a gente lida com ela é que faz a [[diferença]]". Fala de Liv Ullmann. (1).
: "Eu me sentia [[sozinha]], mas a [[solidão]] era minha. Não foi ele quem a criou. Ninguém cria a nossa [[solidão]]. Ninguém cria a [[escuridão]] que a gente carrega. Cada um tem a sua. E como a gente lida com ela é que faz a [[diferença]]". Fala de Liv Ullmann. (1).
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: Contextualizando esta fala de Liv Ullmann: Ela  se refere à sua vida com Ingmar Bergman na ilha onde ele tinha a casa e onde ela morava com ele. Bergman vivia recluso nessa sua casa e não permitia que ela recebesse visitas. Daí a forte tendência para se sentir só.
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: Contextualizando esta fala de Liv Ullmann: Ela  se refere à sua vida com Ingmar [[Bergman]] na ilha onde ele tinha a casa e onde ela morava com ele. [[Bergman]] vivia recluso nessa sua casa e não permitia que ela recebesse visitas. Daí a forte tendência para se sentir [[]].

Edição de 01h21min de 13 de Outubro de 2019

1

"E ninguém é eu. E ninguém é você. Esta é a solidão" (1).
Referência:
(1) LISPECTOR, Clarice. Água viva. Rio de Janeiro: Artenova, 1973, p. 41.

2

"Solidão é o isto do eu sendo. Portanto, sem predicativos, a não ser os transcendentais que lhe são próprios. Solidão não é angústia, é o deixar-se tomar pela vigência do silêncio, pela plena instância do repouso e uma dor indisível. Então o eu é sem existência nesta ou naquela forma de relação ou função, porque, ao não ter nem poder ter predicativos, nunca se pode tornar um tu do eu, nem um eu do tu" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Fundar e fundamentar". In: Pensamento no Brasil, v.I. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Hexis, 2010, p. 218.

3

"Nunca fui solitária, nem quando estive sozinha, nem acompanhada. Mas eu teria gostado de ser solitária. Solidão significa o seguinte: finalmente estou inteira. Agora posso afirmar isso, pois agora me sinto solitária" (1).


Referência:
(1) WENDERS, Wim. No filme Asas dos desejo, 1987. Fala da personagem Marion (Solveig Dommantin).

4

A solidão é o diálogo da finitude na qual sendo o que somos já estamos lançados. Finitude é posição de ser e estar, de estar e ser, dialeticamente. A solidão poderá ser positiva e libertadora, desde que nela haja uma aprendizagem: não a de ser , mas a de ser.


- Manuel Antônio de Castro.

5

"— [...] mulheres como eu nunca deviam se casar. Somos independentes o bastante para nos virarmos sozinhas. Mas não independentes o bastante para sermos capazes de apoiar aqueles com quem casamos. A solidão é nossa única opção.
— O que acha que é a solidão? Uma serenidade tranquila? Uma segurança inviolável? Isso é uma ilusão, Cissi. A verdadeira solidão é um ato de coragem, atrás do qual um medo constante se oculta, um medo constante, Cissi."


Referência:
BERGAMAN, Ingmar. No filme: No limiar da vida. Suécia, 1958.

6

"Trata-se da solidão. Em verdade, nas grandes cidades, o homem consegue isolar-se, como mal chega a fazer em qualquer outro lugar. Mas lá em cima nunca é possível isolar-se. Pois a solidão traz consigo a força primigênia que não nos isola, mas lança toda existência na proximidade profunda de todas as coisas" (1)


Referência:
HEIDEGGER, Martin. "Por que ficamos na província?" - 1934-. In: Revista de cultura Vozes, n. 4, 1977, ano 71, p. 44.

7

O sou do eu nunca pode ser ocupado por qualquer outro sou. Caso isso acontecesse algum sou, algum próprio, seria anulado, deixaria de ser o que é, porque todo sou é único e abismalmente solitário, porque possibilidade de plenitude, eros. A solidão do eu é o sou que todo sou é. A solidão é o eu incorporado ao sou e este a plenitude de sentido e corpo. Nessa solidão o outro só pode ser acolhido amorosamente como o não-eu do eu, como o não-sou do sou, mas jamais se pode tornar outro sou que não o que ele é, ou seja, ser ocupado e habitado pelo que não é ele mesmo: seu próprio.


- Manuel Antônio de Castro.

8

"Na solidão a-fundamos para chegar a ser o eu sou que nos funda e sem o qual não há nem pode haver eu" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Fundar e fundamentar". In: Pensamento no Brasil, v.I - Emmanuel Carneiro Leão. SANTORO, Fernando e Outros, Org. Rio de Janeiro: Hexis, 2010, p. 219.


9

"Você não notou que só há um lugar para quem traz o lugar consigo?" (1).
Em nenhum momento do filme aparece um instante de convivência ou experienciação social verdadeira, por mais que perambule sem direção e algum motivo. Separada, convive com um filho de 6 ou 7 anos. Nem isso quebra a sua solidão, que se torna o seu único mundo, tornando-se este o seu único lugar. Vive numa profunda solidão.
- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) Filme A mulher canhota. Direção e roteiro: Peter Handke, 1978. Produção de Wim Wenders.


10

"Na era global da comunicação instantânea (Whatsapp, Twitter) nunca houve tanto isolamento e imersão numa realidade que nos foge dos pés. Todos conectados e todos isolados. Tanto nas artes quanto nas ciências reina a mais absoluta perplexidade. Os sistemas faliram e nunca se tornou tão urgente pensar o ético do humano e o humano do ético enquanto vigorar do princípio originário (arché). O ético é a verdade libertadora do universal concreto. Eis algumas denominações tentando dizer a atual globalização: pós-modernidade, baixa-modernidade, contemporâneo (como se toda época não fosse contemporânea de quem a experiencia!!!!), sociedade da informação, sociedade do espetáculo, sociedade da comunicação, sociedade de consumo, sociedade do conhecimento, pós-tudo, o tempo das redes, o fim das certezas, a realidade virtual. A pura negação ou a total aceitação deslumbrante é uma nescidade" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 22.

11

"Desaprender o social, o coletivo, o público e o hábito, que é este ver e interpretar publicamente, socialmente, habitualmente - isso quer pois dizer: retirar-se do uso abusado; retrair-se para o , ensozinhar-se, ou seja, singularizar-se, fazer-se um e . Aprender a desaprender é igual e simultaneamente aprender a ser , é exercício de encaminhamento da solidão para a solidão - o lugar e a hora do ver" (1).


Referência:
(1) FOGEL, Gilvan. "O desaprendizado do símbolo (A poética do ver imediato)". In: Revista Tempo Brasileiro, 171, Permanência e atualidade da Poética. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2007, p. 40.


12

"Eu me sentia sozinha, mas a solidão era minha. Não foi ele quem a criou. Ninguém cria a nossa solidão. Ninguém cria a escuridão que a gente carrega. Cada um tem a sua. E como a gente lida com ela é que faz a diferença". Fala de Liv Ullmann. (1).
Contextualizando esta fala de Liv Ullmann: Ela se refere à sua vida com Ingmar Bergman na ilha onde ele tinha a casa e onde ela morava com ele. Bergman vivia recluso nessa sua casa e não permitia que ela recebesse visitas. Daí a forte tendência para se sentir .


- Manuel Antônio de Castro.
(1) Do filme em que Liv Ullmann narra a sua vida afetiva com Bergman e sua vida professional: Liv & Ingmar - Uma História de Amor. Serendip Filmes, 2013.