Democracia

De Dicionário de Poética e Pensamento

(Diferença entre revisões)
(Criou página com '== 1 == : "Na democracia, a soberania está no direito e o exercício do poder está na lei. Pois a democracia não é a tirania da maioria. A democracia é o reconhe...')
 
(30 edições intermediárias não estão sendo exibidas.)
Linha 1: Linha 1:
== 1 ==
== 1 ==
-
: "Na democracia, a soberania está no [[direito]] e o exercício do [[poder]] está na [[lei]]. Pois a democracia não é a tirania da maioria. A democracia é o reconhecimento e a preservação dos direitos de todos numa [[ordem]] [[universal]] da [[lei]] pelo governo da maioria" (1).
+
: "Na [[democracia]], a [[soberania]] está no [[direito]] e o [[exercício]] do [[poder]] está na [[lei]]. Pois a [[democracia]] não é a tirania da maioria. A [[democracia]] é o reconhecimento e a preservação dos direitos de todos numa [[ordem]] [[universal]] da [[lei]] pelo [[governo]] da maioria" (1).
: Referência bibliográfica:
: Referência bibliográfica:
-
: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A questão do modelo democrático". In: ------. ''Filosofia contemporânea''. Teresópolis - RJ: Editora Daimon, 2013, p. 185.
+
: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro.''' "A [[questão]] do [[modelo]] democrático". In: ---. [[Filosofia]] [[contemporânea]]. Teresópolis - RJ: Editora Daimon, 2013, p. 185.'''
 +
 
 +
== 2 ==
 +
: O [[povo]] [[grego]] só experienciou a [[democracia]] porque experienciou profundamente a [[palavra]] e, com a [[palavra]], o [[poder]] da [[palavra]]. O [[poder]] da [[palavra]] enquanto [[vigor]] da [[linguagem]] é sempre [[Ética|ético]]. Por isso, é impossível [[pensar]] a [[democracia]] sem a [[linguagem]]. Isso no [[tempo]] dos [[gregos]] e hoje, mas mais no [[tempo]] dos [[gregos]], porque vão [[experienciar]] a [[palavra]] em níveis [[radicais]]: como [[palavra]] [[poética]], [[filosófica]] e [[retórica]]. Daí que para os [[gregos]] se eleva e se experiencia tão radicalmente o ''[[lógos]]''. Sobretudo nos advém na [[poesia]] e no [[pensamento]]. Não se pode [[pensar]] o [[poder]] do [[povo]] ([[democracia]]) sem o [[poder]] da [[linguagem]], mas só na [[medida]] em que o [[povo]] é tomado pela [[palavra]] e não administrado por ela, seja na [[palavra]] dos [[sofistas]] com a [[retórica]], seja nos [[jogos]] de [[poder]] dos [[meios]] de [[comunicação]]. Por isso, o [[grego]] é formado na [[palavra]], pela [[palavra]] e para a [[palavra]]. A [[cultura]] [[grega]] é [[linguagem]], é ''[[logos]]''. Desabrocham em [[plenitude]] enquanto [[linguagem]], daí o [[poder]] das suas [[artes]]. [[Linguagem]] para eles é [[vida]] em [[plenitude]]. Mas a [[linguagem]] pode também [[ser]] realizada como algo inessencial, fazendo da [[palavra]] um [[poder]] manipulatório: é a [[retórica]] pela [[retórica]] e a erística. É o [[jogo]] da ''dóxa''. Mas qual o lugar do [[diálogo]] na [[democracia]]? Qual o lugar da [[liberdade]] na [[linguagem]]? [[Tudo]] isto é [[essencial]] para a [[democracia]], se não consistir num mero [[conceito]]. Sem [[povo]] não há [[democracia]], mas sem [[linguagem]] não há [[povo]].
 +
 
 +
 
 +
: - [[Manuel Antônio de Castro]].
 +
 
 +
== 3 ==
 +
: "Numa [[democracia]] de [[verdade]], [[estar]] com a [[razão]] não autoriza ninguém a censurar a [[voz]] do [[outro]], daqueles que não concordam conosco. Se agirmos do mesmo modo que eles, como poderemos [[afirmar]] a [[diferença]] [[entre]] nós?" (1).
 +
 
 +
 
 +
: Referência:
 +
 
 +
: (1) DIEGUES, Cacá.''' "Indispensável fênix". [[Crônica]] publicada em O Globo, 9-12-2019, p. 3.'''
 +
 
 +
== 4 ==
 +
: "Existe uma corrente de [[pensamento]] bastante efervescente segundo a qual o [[conceito]] de [[eleição]], tal qual o conhecemos, foi enterrado junto com o século 20. A [[ideia]] de que esta [[forma]] de consulta [[democrática]] consegue nivelar [[diferenças]] nacionais e concede ao vencedor [[tempo]] e [[espaço]] para implementar seu [[programa]] de [[governo]] é [[coisa]] do [[passado]]. Como escreveu o [[autor]] britânico John Harris, a [[política]], depois que o [[mundo]] migrou para a [[vida]] ''on-line'', passou a [[operar]] num ambiente de descrédito, cinismo e guerra tribal que a impede de chegar a qualquer desfecho. ''Ninguém [mais] [[realmente]] vence'', conclui Harris. E mesmo quando vence, acaba mantendo a cabeça e o [[corpo]] em campanha eleitoral [[permanente]]" (1).
 +
 
 +
 
 +
: Referência:
 +
 
 +
: (1) HARAZIM, Dorrit. '''No eixo Boris-Trump. [[Crônica]] publicada em O Globo, 15-12-2019, p. 3. Caderno Opinião'''.
 +
 
 +
== 5 ==
 +
: "As [[democracias]] deveriam proteger-se sujeitando os candidatos a altos cargos governamentais a severos testes de [[empatia]] e [[gramática]], e investindo mais no [[ensino]] básico" (1).
 +
 
 +
 
 +
: Referência:
 +
 
 +
: (1) AGUALUSA, José Eduardo.''' "Exercícios de [[empatia]]". In: O Globo. Segundo Caderno, p. 6, 28-12-2019.'''
 +
 
 +
== 6 ==
 +
: "[[Democracia]] é um regime [[político]] em que todos os [[cidadãos]] elegíveis participam igualmente — diretamente ou através de representantes eleitos — na proposta, no desenvolvimento e na [[criação]] de [[leis]], exercendo o [[poder]] da governação através do sufrágio [[universal]]. Ela abrange as condições [[sociais]], econômicas e [[culturais]] que permitem o exercício [[livre]] e igual da autodeterminação [[política]].
 +
 
 +
: O [[termo]] origina-se do [[grego]] antigo ''δημο-κÏατία'': ''demo-kratía'': "governo do povo". A [[palavra]] foi formada a partir dos termos gregos: ''δῆμος'': ''demos'', isto é: "[[povo]]"; e ''κÏάτος'': ''kratos'', isto é: "[[poder]]", no século V a.C. A palavra nomeia os sistemas políticos então existentes em cidades-Estados gregas, principalmente Atenas; o termo é um antônimo para ''á¼€Ïιστο''-''κÏατία'': ''aristo''-''kratia'': ''[[aristocracia]]'', sistema político no qual o [[poder]]: ''kratia'', em [[grego]], é exercido pelos ''aristoi'', isto é: melhores. Embora, teoricamente, estas definições sejam opostas, na prática, a distinção entre elas foi obscurecida historicamente. No [[sistema]] [[político]] da Atenas Clássica, por exemplo, a [[cidadania]] [[democrática]] abrangia apenas [[homens]], filhos de pai e mãe atenienses, [[livres]] e maiores de 21 anos, enquanto estrangeiros, escravos e [[mulheres]] eram grupos excluídos da participação [[política]]. Em praticamente todos os governos [[democráticos]], em toda a [[história]] antiga e [[moderna]], a [[cidadania]] [[democrática]] valia apenas para uma elite de [[pessoas]], até que a emancipação completa foi conquistada para todos os [[cidadãos]] adultos na maioria das [[democracias]] [[modernas]] através de movimentos por sufrágio [[universal]] durante os séculos XIX e XX" (1).
 +
 
 +
 
 +
: Referência:
 +
 
 +
: '''(1) https:/pt.wikipedia.org/wiki/[[Democracia]]'''

Edição atual tal como 20h28min de 15 de Junho de 2025

Tabela de conteúdo

1

"Na democracia, a soberania está no direito e o exercício do poder está na lei. Pois a democracia não é a tirania da maioria. A democracia é o reconhecimento e a preservação dos direitos de todos numa ordem universal da lei pelo governo da maioria" (1).


Referência bibliográfica:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A questão do modelo democrático". In: ---. Filosofia contemporânea. Teresópolis - RJ: Editora Daimon, 2013, p. 185.

2

O povo grego só experienciou a democracia porque experienciou profundamente a palavra e, com a palavra, o poder da palavra. O poder da palavra enquanto vigor da linguagem é sempre ético. Por isso, é impossível pensar a democracia sem a linguagem. Isso no tempo dos gregos e hoje, mas mais no tempo dos gregos, porque vão experienciar a palavra em níveis radicais: como palavra poética, filosófica e retórica. Daí que para os gregos se eleva e se experiencia tão radicalmente o lógos. Sobretudo nos advém na poesia e no pensamento. Não se pode pensar o poder do povo (democracia) sem o poder da linguagem, mas só na medida em que o povo é tomado pela palavra e não administrado por ela, seja na palavra dos sofistas com a retórica, seja nos jogos de poder dos meios de comunicação. Por isso, o grego é formado na palavra, pela palavra e para a palavra. A cultura grega é linguagem, é logos. Desabrocham em plenitude enquanto linguagem, daí o poder das suas artes. Linguagem para eles é vida em plenitude. Mas a linguagem pode também ser realizada como algo inessencial, fazendo da palavra um poder manipulatório: é a retórica pela retórica e a erística. É o jogo da dóxa. Mas qual o lugar do diálogo na democracia? Qual o lugar da liberdade na linguagem? Tudo isto é essencial para a democracia, se não consistir num mero conceito. Sem povo não há democracia, mas sem linguagem não há povo.


- Manuel Antônio de Castro.

3

"Numa democracia de verdade, estar com a razão não autoriza ninguém a censurar a voz do outro, daqueles que não concordam conosco. Se agirmos do mesmo modo que eles, como poderemos afirmar a diferença entre nós?" (1).


Referência:
(1) DIEGUES, Cacá. "Indispensável fênix". Crônica publicada em O Globo, 9-12-2019, p. 3.

4

"Existe uma corrente de pensamento bastante efervescente segundo a qual o conceito de eleição, tal qual o conhecemos, foi enterrado junto com o século 20. A ideia de que esta forma de consulta democrática consegue nivelar diferenças nacionais e concede ao vencedor tempo e espaço para implementar seu programa de governo é coisa do passado. Como escreveu o autor britânico John Harris, a política, depois que o mundo migrou para a vida on-line, passou a operar num ambiente de descrédito, cinismo e guerra tribal que a impede de chegar a qualquer desfecho. Ninguém [mais] realmente vence, conclui Harris. E mesmo quando vence, acaba mantendo a cabeça e o corpo em campanha eleitoral permanente" (1).


Referência:
(1) HARAZIM, Dorrit. No eixo Boris-Trump. Crônica publicada em O Globo, 15-12-2019, p. 3. Caderno Opinião.

5

"As democracias deveriam proteger-se sujeitando os candidatos a altos cargos governamentais a severos testes de empatia e gramática, e investindo mais no ensino básico" (1).


Referência:
(1) AGUALUSA, José Eduardo. "Exercícios de empatia". In: O Globo. Segundo Caderno, p. 6, 28-12-2019.

6

"Democracia é um regime político em que todos os cidadãos elegíveis participam igualmente — diretamente ou através de representantes eleitos — na proposta, no desenvolvimento e na criação de leis, exercendo o poder da governação através do sufrágio universal. Ela abrange as condições sociais, econômicas e culturais que permitem o exercício livre e igual da autodeterminação política.
O termo origina-se do grego antigo δημο-κÏατία: demo-kratía: "governo do povo". A palavra foi formada a partir dos termos gregos: δῆμος: demos, isto é: "povo"; e κÏάτος: kratos, isto é: "poder", no século V a.C. A palavra nomeia os sistemas políticos então existentes em cidades-Estados gregas, principalmente Atenas; o termo é um antônimo para á¼€Ïιστο-κÏατία: aristo-kratia: aristocracia, sistema político no qual o poder: kratia, em grego, é exercido pelos aristoi, isto é: melhores. Embora, teoricamente, estas definições sejam opostas, na prática, a distinção entre elas foi obscurecida historicamente. No sistema político da Atenas Clássica, por exemplo, a cidadania democrática abrangia apenas homens, filhos de pai e mãe atenienses, livres e maiores de 21 anos, enquanto estrangeiros, escravos e mulheres eram grupos excluídos da participação política. Em praticamente todos os governos democráticos, em toda a história antiga e moderna, a cidadania democrática valia apenas para uma elite de pessoas, até que a emancipação completa foi conquistada para todos os cidadãos adultos na maioria das democracias modernas através de movimentos por sufrágio universal durante os séculos XIX e XX" (1).


Referência:
(1) https:/pt.wikipedia.org/wiki/Democracia
Ferramentas pessoais