Sentido do ser
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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+ | : O [[ser humano]] faz parte [[essencialmente]] da [[realidade]]. O [[lugar]] do [[ser humano]] no todo da [[realidade]] é que se torna a grande [[questão]]. A [[experiência]] [[histórica]], desde Esparta, é que não se pode reduzir a [[realidade]] e nela incluído o [[ser humano]] a um [[sistema]], por mais [[ideal]] que seja, pois a [[realidade]] é não se reduzirá jamais a um [[sistema]], pois ela em sua [[essência]] é um [[processo]] contínuo e complexo. Esse [[processo]] é a [[História]] como [[Sentido do Ser]]. | ||
+ | : E é como [[processo]] e no [[processo]] que cada [[ser humano]] encontra o seu [[sentido]] de [[realização]]. Ele é experienciado por cada um de acordo com seu [[próprio]] e manifestado nas [[obras de arte]]. A [[obra de arte]] inclui [[trabalho]], [[sentido]] e [[existência]]. | ||
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+ | : (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal. |
Edição de 22h11min de 30 de Junho de 2020
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- "Mas, no que se dá a ver, a realidade ao mesmo tempo se vela e retrai, tornando-a inesgotável e misteriosa. Ora, esta dinâmica de mostrar-se e ocultar-se é o que os gregos denominaram a-letheia, ou seja, verdade. A grande força de todo paradigma está na visão de verdade que ele propõe. Porém, não é possível qualquer paradigma dar conta de toda a realidade, muito menos de todo o acontecer do sentido do ser. E o alcance de sua verdade ficará restrito ao que se vê daquilo que se deu a ver. Como este não cessa, é ele que possibilita ultrapassar e criar novos paradigmas e suas verdades. Esta dinâmica histórica de transformações não é ditada pela ação da vontade do homem, mas pelo destinar-se do sentido do ser, que permanece enigmático para o ser humano" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 19.
2
- "Pensar o sentido do ser é escutar a realidade nos vórtices das realizações, deixando-se dizer para si mesmo o que é digno de ser pensado como o outro" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Apresentação". In: HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. Petrópolis: Vozes, 1988, p. 15.
- Ver também:
3
- "O presente vigorando entre passado e futuro é a memória. Enquanto memória ela é o que foi, o que é, o que será. A memória é o ser vigorando. E como se constitui em unidade a memória ou o ser vigorando? Quando assim perguntamos só podemos perguntar porque a memória do ser já se nos ofereceu como pergunta. Só podemos perguntar porque já vigoramos no ser, na memória do sentido do ser. É que o ser, a memória ou sentido do ser, é questão" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Espelho: o perigoso caminho do auto-diálogo". Ensaio ainda não publicado.
4
- O valor está ligado à linguagem; e esta ao sentido; e este à compreensão; e esta à abertura para o sentido do Ser, o qual se manifesta poeticamente. Interpretar poeticamente é abrir-se para o sentido do Ser enquanto linguagem. E nisso consiste o ético, ou seja, medir-se pela medida do sentido do Ser. Portanto, o ético é valor enquanto sentido do Ser e sua medida. O ético nos advém na eclosão de uma tal medida, ou seja, a verdade do sentido do Ser. É a medida do valor ético. Porém, a sua verdade é a não-verdade porque não se pode confundir com a verdade relacionada aos entes, daí também não poder ser confundida a medida das relações entre os entes e das nossas relações com os entes com a medida fundada no sentido do Ser. E dessa maneira se diferencia a moral (entes e suas relações) da ética (medida do sentido do Ser). Para aprofundar estas questões, veja-se o ensaio de Heidegger: "... poeticamente habita o homem" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. "... poeticamente habita o homem". In: ______. Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002.
5
- "O que nos faz falta é o sentido do ser. O que é o sentido? Dessa maneira tudo que acontece fora do sentido é falta, que é o mal radical. É mal porque sem o sentido de ser a vida perde o seu motivo de viver. Mas o que nos motiva o viver? O simplesmente estar ou no e por estar sendo deixar o ser ser o motivo, isto é, o sentido? Como se pode viver sem sentido? E quem dá o sentido? A perda de sentido não é já deixar estar o mal nos secando?" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 245.
6
- "... a crítica acerba ao sistema hegeliano, feita pelos existencialistas (a começar por Kierkegaard), precisamente com a acusação de que, em Hegel, chegou ao seu auge uma filosofia do sujeito, mas em quem o homem concreto, este sujeito concreto, acabou se perdendo na identidade absoluta do sujeito infinito. No sistema hegeliano, o homem concreto e individual não tinha mais sentido como tal. Ora, diziam os existencialistas, é o homem concreto que se trata de salvar e de explicar" (1).
- O ser humano faz parte essencialmente da realidade. O lugar do ser humano no todo da realidade é que se torna a grande questão. A experiência histórica, desde Esparta, é que não se pode reduzir a realidade e nela incluído o ser humano a um sistema, por mais ideal que seja, pois a realidade é não se reduzirá jamais a um sistema, pois ela em sua essência é um processo contínuo e complexo. Esse processo é a História como Sentido do Ser.
- E é como processo e no processo que cada ser humano encontra o seu sentido de realização. Ele é experienciado por cada um de acordo com seu próprio e manifestado nas obras de arte. A obra de arte inclui trabalho, sentido e existência.
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.