Espírito
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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Edição de 20h20min de 14 de Agosto de 2019
1
- Espírito/espelho não é saber algo, ou seja, isto e aquilo e aquilo outro, mas, sim, especular "como saber" o seu próprio ser, o que ele é no "como ele sabe". Porém, este saber não pode ficar no saber do "eu" (Ego cogito, de Descartes), mas no saber do "sou" que o "eu" é "como" saber. O "eu" só é a partir do ser. Ou seja, tem de vigorar no Ser para ser o que ele é. Por isso, o Ser nunca se restringe a um "como se sabe" nem se limita ao "que é" do ente. Daí a afirmação de Heidegger dizendo que o Ser não é, pois, se fosse, seria ente e não Ser. Por outro lado, o sendo é sendo do Ser. E, por isso, afirmou também que o que antes de tudo é é o Ser. Há, pois, um Espírito relacionado ao saber/ente do homem e o Espírito referenciado ao Saber/Ser, como fundar de todos os saberes e entes. Porém, entre ente e Ser não há uma dicotomia e um isolamento, pois todo sendo é sendo do Ser. Portanto, o sendo que se sabe (Espírito) só se sabe e é na medida em que sabe e é como sendo do Ser (Espírito).
2
- A palavra portuguesa espírito provém diretamente do latim: spiritus. Este substantivo origina-se do verbo spiro, spirare. "Spiritus significa: ar em movimento, vento, brisa; sopro, respiração; ar necessário à vida; vida; espírito, alma, mente; paixão; indignação; entusiasmo, inspiração" (1). Já o verbo: "spiro, spirare, significa: soprar (vento); respirar ruidosamente, fremir; viver; sentir-se inspirado; rescender, ser aromático; estar cheio ou compenetrado de alguma coisa" (2).
- Referência:
- (1) KOEHLER S. J., Pe. H. Dicionário Escolar Latino-Português. Rio de Janeiro/Porto Alegre/São Paulo: Editora Globo, 7. e., p. 307.
- (2) KOEHLER S. J., Pe. H. Dicionário Escolar Latino-Português. Rio de Janeiro/Porto Alegre/São Paulo: Editora Globo, 7. e., p. 307.
3
- "Chamamos de espírito o ente que é capaz de exercer-se como um ser-presente-a-si-mesmo, em quem o ser toma consciência de si e cientemente toma posse de si mesmo numa identidade de ser e saber" (1).
- Referência:
- HUMMES, Cláudio. Metafísica. Daltro Filho/Imigrantes/RS, 1964. Mímeo.
4
- "A essência do espírito é a vontade originária que se quer a ela mesma, a qual é pensada umas vezes como "substância", outras como "sujeito", outras como a unidade de ambos" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. La pobreza. Buenos Aires: Amorrutu, 2006, p.99.
5
- "Mistério vem do verbo grego myo. E myo diz: trancar-se no centro, concentrar-se; diz: encerrar-se no âmago, recolher-se ao íntimo. Aqui, centro, âmago, íntimo, evocam a raiz da intensidade, o sumo da plenitude. Mistério não diz uma coisa, diz um movimento, o movimento de con-sumar, de concentrar-se na origem, de recolher-se à natividade da raiz, de retornar ao sem fundo e fundamento, ao a-bismo de ser. As palavras, Deus, Absoluto, Transcendência, Inconsciente, Espírito, Matéria, Psique, Estrutura, Ser são outras tantas redes em cujas malhas o poder do saber ocidental na teologia, na filosofia, na ciência, sempre de novo tentou, mas nunca conseguiu, prender e segurar a natividade do mistério" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. “Heidegger e a modernidade: a correlação de sujeito e objeto”. In: ------------. Aprendendo a pensar, II. Petrópolis / RJ: Vozes, 1992, p. 180.
6
- "Os budistas consideram que o espírito está sempre desperto. A consciência e a compaixão são sua natureza [essência]. Para descobri-la e saboreá-la plenamente, o Buda ensinou diversos métodos de meditação. Sejam quais forem as práticas que nós utilizamos, todas são destinadas a aumentar a nossa atenção e nossa consciência despertada, a reforçar nosso sentimento de paz interior, bem como a melhorar nossa capacidade de lidar com nossas emoções" (1).
- Referência:
- (1) PANLOP RINPOCHÉ, Dzogehen. "Apêndice I - Instruções para a prática da meditação", p. 338. In: ------. Buda rebelde - sobre o caminho da libertação.Traduzido do americano por Philippe delamare. Marabout. Belfon, um Departamento de Place des éditeurs, 2012, para a tradução francesa. Tradução do francês para o português de Manuel Antônio de Castro.
7
- "Ora, na medida em que o sujeito sai de si mesmo ele é-ausente-de-si-mesmo. Esta ausência-de-si-mesmo é a negação da espiritualidade que é total presença-a-si-mesmo. Esta negatividade do espírito chamamos materialidade. Esta, portanto, só é definível a partir da espiritualidade, como negatividade desta última. Isto porque o ser é, fundamentalmente, espírito e por isto toda a realidade positiva provém do espírito, é participação do espírito, com a consequência de que a materialidade, como negação do espírito, é puro princípio de negatividade, ou seja, de não-ser, enquanto que o espírito é o princípio de toda a positividade, ou seja, de ser (1).
- (1) HUMMES o.f.m., Dom Cláudio. Metafísica, mimeo. Daltro Filho (Imigrantes), RS, 1964.
8
- "Psykhé, psiqué, que se perpetuou universalmente com o sentido de alma nas línguas cultas e em tantos compostos, provém do verbo psykhein, soprar, respirar, donde psiqué, do ponto de vista etimológico, significa respiração, sopro vital, vida" (1). O importante a observar, ao tomarmos conhecimento da origem da palavra espírito, é que tanto espírito quanto alma têm ambas as palavras como aquilo em que se fundam o elemento ar. Ora, o ar é um dos quatro elementos fundadores de tudo, ao lado do fogo, da água e da terra. O elemento ar é essencial no pensamento oriental. Assim ele, como respiração e controle desta é essencial para a Ioga, bem como para o pensamento e prática do Budismo. O ar que na vida inspiramos e expiramos é o próprio sopro vital ou anima, isto é, alma. Daí a ligação entre ar e vida, alma e espírito. Seguem um caminho diferente do ocidental, onde tudo está fundado no logos, traduzido para o latim como verbo e razão. Fundamentados na razão, na modernidade chega-se a negar o espírito.
- Referência:
- (1) BRANDÃO, Junito de Souza. Mitologia Grega, vol. I. Petrópolis/RJ: Vozes, 1986, p. 144.
8
- "A cultura é o espírito da nação, o valor simbólico que a mantém una, que a faz existir. Ela não é só responsável por produtos de cinema, música, televisão, literatura, artes plásticas etc., como também pelos costumes de um povo, os hábitos da população que se desenvolvem ao longo do tempo" (1).
- Referência:
- (1) DIEGUES, Cacá. "Cultura como economia". In: Jornal O Globo, 1o. Caderno, p.3, Segunda-feira, 20-08-2018.