Valor

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: O [[valor]] está ligado à [[linguagem]]; e esta ao [[sentido]]; e este à [[compreensão]]; e esta à [[abertura]] para o [[sentido do Ser]], o qual se manifesta poeticamente. [[Interpretar]] poeticamente é abrir-se para o [[sentido do Ser]] enquanto [[linguagem]]. E nisso consiste o [[ético]], ou seja, medir-se pela [[medida]] do [[sentido do Ser]]. Portanto, o [[ético]] é [[valor]] enquanto [[sentido do Ser]] e sua [[medida]]. O [[ético]] nos advém na eclosão de uma tal [[medida]], ou seja, a [[verdade]] do [[sentido do Ser]]. É a [[medida]] do [[valor]] [[ético]]. Porém, a sua [[verdade]] é a [[não-verdade]] porque não se pode confundir com a [[verdade]] relacionada aos [[entes]], daí também não [[poder]] [[ser]] confundida a [[medida]] das [[relações]] [[entre]] os [[entes]] e das nossas [[relações]] com os [[entes]] com a [[medida]] fundada no [[sentido do Ser]]. E dessa maneira se diferencia a [[moral]] ([[entes]] e suas [[relações]]) da [[ética]] ([[medida]] do [[sentido do Ser]]). Para aprofundar estas [[questões]], veja-se o [[ensaio]] de [[Heidegger]]:  "... poeticamente habita o [[homem]]" (1).
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: (1) HEIDEGGER, Martin. "... poeticamente habita o homem". In: ______. '''Ensaios e conferências'''. Petrópolis: Vozes, 2002.
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:Cf. HEIDEGGER, Martin. "... poeticamente habita o homem". In: ______. ''Ensaios e conferências''. Petrópolis: Vozes, 2002.
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: A [[questão]] do [[valor]] é o [[tema]] central do livro '''Saudades do carnaval''' (1). Muito importante é a [[análise]] da [[questão]] da [[intersubjetividade]] vista por Habermas. Mas este parte da [[crítica]] de três autores: Schütz, Wittgenstein e Gada. O [[autor]] deixa bem claro que se trata de ver o [[problema]] sob o ângulo da [[sociologia]], isto é, como a [[sociologia]] pode ao mesmo tempo ser científica e incluir a [[ação]] não instrumental, ou seja, a partir de [[valores]] que passam por uma [[compreensão]] [[subjetiva]]. Falta-lhe, portanto, a [[dimensão]] do [[pensamento]] em [[tudo]] que expõe e defende. Falta-lhe, enfim, o que é [[valor]] [[ontológico]] ou [[poético]].
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: (1) LIRA, André. "O ciborgue frente ao real". In: Revista '''Tempo Brasileiro: globalização, pensamento e arte, 201/202, abr.-set., 2015''', p. 80.
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: "Sendo o [[humano]] [[ontológico]], não pode ficar dependente nem submetido aos [[recursos]] e [[valores]] [[técnicos]] ou [[valores]] [[culturais]]. O [[horizonte]] do [[valor]] do [[humano]] é o [[ético]]. Entende-se por [[valor]] aquilo que constitui a sua [[essência]]" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista '''Tempo Brasileiro: globalização, pensamento e arte, 201/202, abr.-set., 2015''', p. 20.
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:  (1) KAUR, rupi. '''meu corpo / minha casa'''. Trad. Ana Guadalupe. São Paulo: Editora Planeta, 2020, p. 127.

Edição atual tal como 01h02min de 2 de fevereiro de 2024

1

O valor está ligado à linguagem; e esta ao sentido; e este à compreensão; e esta à abertura para o sentido do Ser, o qual se manifesta poeticamente. Interpretar poeticamente é abrir-se para o sentido do Ser enquanto linguagem. E nisso consiste o ético, ou seja, medir-se pela medida do sentido do Ser. Portanto, o ético é valor enquanto sentido do Ser e sua medida. O ético nos advém na eclosão de uma tal medida, ou seja, a verdade do sentido do Ser. É a medida do valor ético. Porém, a sua verdade é a não-verdade porque não se pode confundir com a verdade relacionada aos entes, daí também não poder ser confundida a medida das relações entre os entes e das nossas relações com os entes com a medida fundada no sentido do Ser. E dessa maneira se diferencia a moral (entes e suas relações) da ética (medida do sentido do Ser). Para aprofundar estas questões, veja-se o ensaio de Heidegger: "... poeticamente habita o homem" (1).


- Manuel Antônio de Castro
Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "... poeticamente habita o homem". In: ______. Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002.

2

Em geral, as concepções das questões essenciais: o que seja a realidade, o humano e a poética/arte, nos vêm das seguintes fontes:
1º. Mitos; 2º. Religiões; 3º. Filosofias; 4º. Teologias; 5º. Ciência.
E todas essas fontes, através da ciência e no paradigma da ciência, foram transformadas em disciplinas. Então, frente às disciplinas temos de nos perguntar que lugar ocupam nelas a Poética, uma vez que ela não é nenhum cânone, paradigma, modelo, arquétipo, teoria, corrente crítica, pois não parte de conceitos abstratos, de universal abstrato. A Poética é uni-versal concreto, porque nela acontece a aprendizagem do valor da vida e do valor da morte. E essa aprendizagem constitui a essência do valor ético. Enfim, é o valor que dá sentido à vida e se faz presente em todos os nossos atos e escolhas.


- Manuel Antônio de Castro

3

A questão do valor é o tema central do livro Saudades do carnaval (1). Muito importante é a análise da questão da intersubjetividade vista por Habermas. Mas este parte da crítica de três autores: Schütz, Wittgenstein e Gada. O autor deixa bem claro que se trata de ver o problema sob o ângulo da sociologia, isto é, como a sociologia pode ao mesmo tempo ser científica e incluir a ação não instrumental, ou seja, a partir de valores que passam por uma compreensão subjetiva. Falta-lhe, portanto, a dimensão do pensamento em tudo que expõe e defende. Falta-lhe, enfim, o que é valor ontológico ou poético.


- Manuel Antônio de Castro
Referência:
(1) MERQUIOR, José Guilherme. Saudades do carnaval. Rio de Janeiro: Forense, 1972.

4

"Há uma escolha valorativa em toda discussão cibernética: poder mais ou poder o que já se pode? Valoremos o poder mais, pois eles nos libertam das amarras do que já somos. Assim, o ser permanece ente, e a régua de sua interpretação, substituição e transformação é o tecnológico. Assim, o ser é constitor, e torná-lo descartável, materiável, é o horizonte necessário para a subjetividade" (1).


Referência:
(1) LIRA, André. "O ciborgue frente ao real". In: Revista Tempo Brasileiro: globalização, pensamento e arte, 201/202, abr.-set., 2015, p. 80.

5

"Sendo o humano ontológico, não pode ficar dependente nem submetido aos recursos e valores técnicos ou valores culturais. O horizonte do valor do humano é o ético. Entende-se por valor aquilo que constitui a sua essência" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro: globalização, pensamento e arte, 201/202, abr.-set., 2015, p. 20.

6

Cansei de viver tentando
provar para mim
que eu tenho valor (1)


Referência:
(1) KAUR, rupi. meu corpo / minha casa. Trad. Ana Guadalupe. São Paulo: Editora Planeta, 2020, p. 127.
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