Energia

De Dicionário de Poética e Pensamento

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: (1) CASTRO, Manuel Antônio.''' [[Poético]]-[[ecologia]]. In: Manuel Antônio de Castro (org.). [[Arte]]: [[corpo]], [[mundo]] e [[terra]]. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 17.'''
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: Manuel Antônio de Castro (org.). '''Arte: corpo, mundo e terra'''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 19.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Poético]]-[[ecologia]]". In: Manuel Antônio de Castro (org.). [[Arte]]: [[corpo]], [[mundo]] e [[terra]]. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 19. '''
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: "Para os egípcios, [[Um]] não é um [[número]], mas a [[essência]] do [[princípio]] fundamental do [[número]], e todos os outros [[números]] são feitos a partir dele. O [[Um]] representa a [[unidade]]: o [[Absoluto]] como [[energia]] não polarizada . O [[Um]] não é [[ímpar]] nem [[par]], mas ambos, pois se somado a um [[número]] [[ímpar]], transforma-se em [[par]], e vice-versa. Por isso, ele combina os opostos do [[par]] e do [[ímpar]], e todos os outros opostos do [[Universo]]. A [[unidade]] é uma [[consciência]] perfeita, [[eterna]] e não-diferenciada" (1).
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: "Para os egípcios, [[Um]] não é um [[número]], mas a [[essência]] do [[princípio]] fundamental do [[número]], e todos os outros [[números]] são feitos a partir dele. O [[Um]] representa a [[unidade]]: o [[Absoluto]] como [[energia]] não polarizada . O [[Um]] não é ímpar nem par, mas ambos, pois se somado a um [[número]] ímpar, transforma-se em par, e vice-versa. Por isso, ele combina os opostos do par e do ímpar, e todos os outros opostos do [[Universo]]. A [[unidade]] é uma [[consciência]] perfeita, [[eterna]] e não-diferenciada" (1).
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: (1) GADALLA, Moustafa. "Tudo é número". In: ---. '''Cosmologia egípcia - o universo animado'''. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 30.
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: (1) GADALLA, Moustafa.''' "[[Tudo]] é [[número]]". In: ---. [[Cosmologia]] egípcia - o [[universo]] animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 30. '''
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: "Na [[cultura]] [[chinesa]], sem partir de [[dicotomias]], a [[energia]] que flui em nosso [[corpo]] e o constitui como um todo na [[unidade]] de suas [[partes]], é proveniente de cinco [[fontes]] de [[energia]] interligadas [[essencialmente]] através dos cinco [[elementos]], na [[disputa]] (''[[polemos]]'', dizem os [[gregos]]) [[entre]] [[Yin]] e [[Yan]]. Os cinco [[elementos]] são: [[Fogo]], [[Terra]], Metal, [[Ãgua]], Madeira ([[matéria]]). E as [[energias]] são: 1a. [[ancestral]]; 2a. dos alimentos; 3a. do [[ar]]; 4a. do [[cosmo]] / meio ambiente; 5a. das [[relações]] [[afetivas]]" (1).
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: "Na [[cultura]] chinesa, sem partir de [[dicotomias]], a [[energia]] que flui em nosso [[corpo]] e o constitui como um todo na [[unidade]] de suas [[partes]], é proveniente de cinco [[fontes]] de [[energia]] interligadas [[essencialmente]] através dos cinco [[elementos]], na [[disputa]] (''[[polemos]]'', dizem os [[gregos]]) [[entre]] [[Yin]] e [[Yan]]. Os cinco [[elementos]] são: [[Fogo]], [[Terra]], Metal, [[Ãgua]], Madeira ([[matéria]]). E as [[energias]] são: 1a. [[ancestral]]; 2a. dos alimentos; 3a. do [[ar]]; 4a. do [[cosmo]] / meio ambiente; 5a. das [[relações]] [[afetivas]]" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Filosofia e o pensamento do corpo". In: '''Desdobramentos do corpo no século XXI'''. MONTEIRO, Maria Conceição & GIUCCI, Guilhermo (orgs.). Rio de Janeiro: FAPERJ, Editora Caetés, 2016, p. 23.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Filosofia]] e o [[pensamento]] do [[corpo]]". In: [[Desdobramentos]] do [[corpo]] no século XXI. MONTEIRO, Maria Conceição & GIUCCI, Guilhermo (orgs.). Rio de Janeiro: FAPERJ, Editora Caetés, 2016, p. 23. '''
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: "''Energia ancestral''. Esta é a que recebemos ao sermos concebidos e provém de nossos [[pais]], que a receberam de seus [[pais]] e assim [[sucessivamente]], ou seja, temos uma [[ligação]] [[profunda]] e [[originária]] com a [[família]]. Ela é [[memória]] [[imemorial]]. Os [[gregos]] denominavam a [[unidade]] e [[origem]] das [[famílias]] e das [[pessoas]]: ''[[genos]]''. Este ''[[genos]]'' (de onde se forma a [[palavra]] [[genética]]) passa, como [[energia]], a [[ser]] [[tudo]], a própria [[energia]] [[Qi]]. É ela também que faz com que cada um tenha um [[próprio]], aquilo que cada um [[é]], sua [[identidade]] e [[essência]]. Em si, a [[energia]] [[Qi]] é [[infinita]] e inesgotável. Contudo, aquela que cada um recebe do ''[[genos]]'' e [[pais]] é [[finita]], [[originando]] a [[morte]]. E então se coloca a [[questão]] da [[relação]] [[essencial]] [[entre]] [[infinito]] e [[finito]] para nós" (1).
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: "''Energia ancestral''. Esta é a que recebemos ao sermos concebidos e provém de nossos [[pais]], que a receberam de seus [[pais]] e assim sucessivamente, ou seja, temos uma [[ligação]] [[profunda]] e [[originária]] com a [[família]]. Ela é [[memória]] [[imemorial]]. Os [[gregos]] denominavam a [[unidade]] e [[origem]] das [[famílias]] e das [[pessoas]]: ''[[genos]]''. Este ''[[genos]]'' (de onde se forma a [[palavra]] [[genética]]) passa, como [[energia]], a [[ser]] [[tudo]], a própria [[energia]] [[Qi]]. É ela também que faz com que cada um tenha um [[próprio]], aquilo que cada um [[é]], sua [[identidade]] e [[essência]]. Em si, a [[energia]] [[Qi]] é [[infinita]] e inesgotável. Contudo, aquela que cada um recebe do ''[[genos]]'' e [[pais]] é [[finita]], [[originando]] a [[morte]]. E então se coloca a [[questão]] da [[relação]] [[essencial]] [[entre]] [[infinito]] e [[finito]] para nós" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Filosofia e o pensamento do corpo". In: '''Desdobramentos do corpo no século XXI'''. MONTEIRO, Maria Conceição & GIUCCI, Guilhermo (orgs.). Rio de Janeiro: FAPERJ, Editora Caetés, 2016, p. 23.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Filosofia]] e o [[pensamento]] do [[corpo]]". In: [[Desdobramentos]] do [[corpo]] no século XXI. MONTEIRO, Maria Conceição & GIUCCI, Guilhermo (orgs.). Rio de Janeiro: FAPERJ, Editora Caetés, 2016, p. 23. '''
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Edição atual tal como 20h12min de 20 de março de 2025

1

A palavra portuguesa energia provém do grego energeia. Esta palavra forma-se de en, em português, em; e ergon: obra. Energeia é a energia de todo agir, operar, pois os latinos traduziram ergon por opus, que originou em português: obra. Os gregos distinguiram quatro tipos de movimento, que implicam quatro tipos de energia: 1º o local, a mudança de lugar; 2º o movimento quantitativo: o aumento e diminuição; 3º o qualitativo ou alteração; 4º o substancial: a geração e a corrupção. Se pensarmos todos esses movimentos numa única questão, na união de ser e saber, de lógos e poíesis, teremos a questão fundamental da sabedoria. Esta é a questão que atravessa mito, poíesis e filosofia. E então joga o ser humano no horizonte do sagrado, a mais pura e plena energia de sentido e realização, onde o ser do ser humano acontece, sendo, pois acontecer é fundar.


- Manuel Antônio de Castro

2

"O limite que fixa é o que repousa - a saber, na plenitude da mobilidade - e tudo isto vale para a obra no sentido grego do ergon: obra, cujo ser é a energeia, energia, que reúne infinitamente em si mais movimento do que as modernas "energias" " (1).
Deve-se ter em mente que, vindo da palavra grega ergon, energia diz o realizar-se como obra, o que implica chegar à plenitude do sentido de ser, no e pelo Ser. Energia é sentido.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70 / Almedina Brasil, 2010, p. 213.

3

"Em todo existir há sempre um motivo, aquilo que nos move, comove e promove em tudo que fazemos e não fazemos: ser amando. Isso decorre de que não somos nós que nos movemos, mas o amar é que dá a energia e o sentido de todo mover" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 293.

4

"A energia poética é a essência de todo agir e o sentido de todo fazer, e até do não agir e do não fazer, do ser e do não-ser. Enfim, é a realidade de todas as realizações" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio. Poético-ecologia. In: Manuel Antônio de Castro (org.). Arte: corpo, mundo e terra. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 17.

5

"A mulher para engravidar nela aconteceu um pacto de amor, isto é, ela foi tomada e possuída por eros. Tanto a mulher como o homem foram tomados, deixaram-se atravessar por eros. Não podemos compreender esse deixar-se possuir por eros de pacto amoroso? Em Grande sertão: veredas o pacto é esse deixar-se tomar por eros. Por isso, a energia poética só é poética porque é a energia de eros " (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: Manuel Antônio de Castro (org.). Arte: corpo, mundo e terra. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 19.

6

"Para os egípcios, Um não é um número, mas a essência do princípio fundamental do número, e todos os outros números são feitos a partir dele. O Um representa a unidade: o Absoluto como energia não polarizada . O Um não é ímpar nem par, mas ambos, pois se somado a um número ímpar, transforma-se em par, e vice-versa. Por isso, ele combina os opostos do par e do ímpar, e todos os outros opostos do Universo. A unidade é uma consciência perfeita, eterna e não-diferenciada" (1).


Referência:
(1) GADALLA, Moustafa. "Tudo é número". In: ---. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 30.

7

"Na cultura chinesa, sem partir de dicotomias, a energia que flui em nosso corpo e o constitui como um todo na unidade de suas partes, é proveniente de cinco fontes de energia interligadas essencialmente através dos cinco elementos, na disputa (polemos, dizem os gregos) entre Yin e Yan. Os cinco elementos são: Fogo, Terra, Metal, Ãgua, Madeira (matéria). E as energias são: 1a. ancestral; 2a. dos alimentos; 3a. do ar; 4a. do cosmo / meio ambiente; 5a. das relações afetivas" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Filosofia e o pensamento do corpo". In: Desdobramentos do corpo no século XXI. MONTEIRO, Maria Conceição & GIUCCI, Guilhermo (orgs.). Rio de Janeiro: FAPERJ, Editora Caetés, 2016, p. 23.

8

"Energia ancestral. Esta é a que recebemos ao sermos concebidos e provém de nossos pais, que a receberam de seus pais e assim sucessivamente, ou seja, temos uma ligação profunda e originária com a família. Ela é memória imemorial. Os gregos denominavam a unidade e origem das famílias e das pessoas: genos. Este genos (de onde se forma a palavra genética) passa, como energia, a ser tudo, a própria energia Qi. É ela também que faz com que cada um tenha um próprio, aquilo que cada um é, sua identidade e essência. Em si, a energia Qi é infinita e inesgotável. Contudo, aquela que cada um recebe do genos e pais é finita, originando a morte. E então se coloca a questão da relação essencial entre infinito e finito para nós" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Filosofia e o pensamento do corpo". In: Desdobramentos do corpo no século XXI. MONTEIRO, Maria Conceição & GIUCCI, Guilhermo (orgs.). Rio de Janeiro: FAPERJ, Editora Caetés, 2016, p. 23.

9

Devemos evitar reduzir tudo ao que se nos mostra em limites. Há a energia concentrada e tudo, sem dúvida, é energia. Dessa maneira, devemos também ver tudo dentro tanto da energia quanto dentro do sentido que advém dessa energia. É nesse sentido que os gregos falavam em hylé, princípio de elaboração universal. Ora, a elaboração possibilitada é possibilitada tanto pela energia quanto pelo seu sentido, advindo no vigorar da linguagem e se constituindo em mundo. Mundo e linguagem constituem propriamente o que é humano.


- Manuel Antônio de Castro.
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