Masculino

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: "Por isso, no [[mito]], ''[[Cura]]'' é algo muito mais [[profundo]] do que os simples [[significados]] [[semânticos]] da [[palavra]] ''[[cura]]''. Em [[latim]], ''[[cura]]'' diz [[cuidado]], cuidar. Em torno de ''[[Cura]]'' acontece o próprio constituir-se e plenificar-se [[poético]]-[[ontológico]] do [[ser humano]]. Nesse sentido, qualquer determinação de [[gênero]] ou [[cultura]] identitária, para a [[ontologia]] do [[ser humano]], é reducionista. A ''[[Cura]]'' que [[vigora]] em cada [[ser humano]], sempre de uma maneira [[originária]], não se reduz, seja ao [[feminino]], seja ao [[masculino]], seja a uma [[identidade]] cultural. O que está em [[jogo]] no operar de ''[[Cura]]''' é sempre o [[destino]] de cada [[ser humano]], que é o [[acontecer]] de seu [[próprio]]. E este é absolutamente [[original]] para cada um. Não dá para reduzi-lo a classificações. Na regência de ''[[Cura]]'' se decide o ''[[destino]]'' do que cada um deve e consegue [[realizar]]" (1).
: Referência bibliográfica:
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de ''Cura'' e o ser humano". In: -------. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 227.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de ''Cura'' e o ser humano". In: -------. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 227.
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: (1) GADALLA, Moustafa. "Tudo é número". In: -----. '''Cosmologia egípcia - o universo animado'''. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 29.
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: "O [[mundo]] como o conhecemos - desde a menor partícula até o maior [[planeta]] -, é mantido em [[equilíbrio]] por uma [[lei]] baseada na [[natureza]] [[dualista]] equilibrada de [[todas]] as [[coisas]]. Sem o [[equilíbrio]] [[entre]] as duas [[forças]] [[opostas]] não haveria a [[criação]], isto é, não existiria o [[Universo]]. Por exemplo, as galáxias basicamente estão sujeitas a duas [[forças]] [[opostas]]: 1) as [[forças]] de expulsão - resultantes dos efeitos do ''Big Bang'', através das quais [[todas]] as galáxias movem-se para longe de nós - e 2) as [[forças]] gravitacionais, que puxam as galáxias umas contra as [[outras]]" (1).
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: Essas duas [[forças]] ou [[energias]] não constituem também o [[princípio]] [[vital]], [[fundado]] pelo [[masculino]] e pelo [[feminino]]? Penso que sim.
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: - [[Manuel Antônio de Castro]].
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: (1) GADALLA, Moustafa. "O mais religioso". In: ------. '''Cosmologia egípcia - o universo animado'''. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 87.

Edição atual tal como 22h31min de 3 de Agosto de 2021

Tabela de conteúdo

1

"Por isso, no mito, Cura é algo muito mais profundo do que os simples significados semânticos da palavra cura. Em latim, cura diz cuidado, cuidar. Em torno de Cura acontece o próprio constituir-se e plenificar-se poético-ontológico do ser humano. Nesse sentido, qualquer determinação de gênero ou cultura identitária, para a ontologia do ser humano, é reducionista. A Cura que vigora em cada ser humano, sempre de uma maneira originária, não se reduz, seja ao feminino, seja ao masculino, seja a uma identidade cultural. O que está em jogo no operar de Cura' é sempre o destino de cada ser humano, que é o acontecer de seu próprio. E este é absolutamente original para cada um. Não dá para reduzi-lo a classificações. Na regência de Cura se decide o destino do que cada um deve e consegue realizar" (1).


Referência bibliográfica:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: -------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 227.

2

Podemos compreender o tu pensando o eu, porque o tu é o outro do eu. Um outro que pode ser ele mesmo desdobrando-se no que ainda não é, mas pode vir a ser, pois tudo é e não é. Para então compreender o tu, é necessário que saibamos que antes de o eu se descobrir como eu é necessário que saia dele e se projete no outro. Somente assim o eu retorna a si e toma consciência de que é um eu. Ou seja, para chegarmos a saber quem eu sou, temos que já ser também o não-eu, ou seja, o tu. E o eu chega a ser neste desdobramento de eu e tu. Do mesmo modo, cada um chega a saber se é do gênero masculino ou feminino na medida em que para chegar a se saber já tem de ser os dois gêneros. Os dois gêneros pressupõem, por isso mesmo, o sou sendo. Todo sendo é sendo de uma dobra: o eu e o tu. Percebamos isso bem: Num diálogo, eu me dirijo ao tu e ele me escuta e sabe que está me escutando. Porém, quando o tu responde, eu escuto, não como eu, mas como tu. Portanto, para podermos dialogar temos de ser a dobra de eu e tu, pois aí depende só da posição de quem fala e de quem escuta. Igualmente podemos falar conosco mesmo, ou seja, eu posso me escutar. Ontologicamente há a unidade. Só nesta pode vigorar a identidade e a diferença da unidade, uma vez que para haver e vigorar unidade é necessária a afirmação tanto da identidade quanto da diferença. É neste mesmo horizonte ontológico que devemos compreender em nós a vigência de masculino e feminino.


- Manuel Antônio de Castro

3

A filosofia chinesa parte de um princípio que a tudo origina: Qi (grafado também como: Ki, Chi). De maneira muito especial se manifesta nos seres vivos, especialmente no ser humano, no qual se faz presente de maneira muito complexa. Enfim, tudo é Qi. É no horizonte do vigorar deste princípio que se pensa o corpo no pensamento chinês. Ele é composto de outros dois princípios, opostos, mas não dicotômicos nem excludentes, pois sempre convergentes e divergentes, pelos quais acontece toda diferenciação, na procura (tao) inesgotável da harmonia: Yin e Yan (também se grafa Ying e Yang). As traduções mais correntes são: luz e escuridão; masculino e feminino. É impossível a existência de um sem o outro. De algum modo, cada ser, cada ser humano é partícipe de ambos, embora em cada ser um ou outro predomine.


- Manuel Antônio de Castro

4

"Para os egípcios, os números não eram apenas pares ou ímpares - eram também masculinos e femininos. Não existe o neutro (uma coisa). Ao contrário do inglês, em que uma coisa é ele, ela ou neutro, no Egito só havia ele ou ela" (1).


Referência:
(1) GADALLA, Moustafa. "Tudo é número". In: -----. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 29.

5

"O mundo como o conhecemos - desde a menor partícula até o maior planeta -, é mantido em equilíbrio por uma lei baseada na natureza dualista equilibrada de todas as coisas. Sem o equilíbrio entre as duas forças opostas não haveria a criação, isto é, não existiria o Universo. Por exemplo, as galáxias basicamente estão sujeitas a duas forças opostas: 1) as forças de expulsão - resultantes dos efeitos do Big Bang, através das quais todas as galáxias movem-se para longe de nós - e 2) as forças gravitacionais, que puxam as galáxias umas contra as outras" (1).
Essas duas forças ou energias não constituem também o princípio vital, fundado pelo masculino e pelo feminino? Penso que sim.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) GADALLA, Moustafa. "O mais religioso". In: ------. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 87.
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