Iluminação
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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+ | : Na medida em que cada um é um [[próprio]] ele se torna [[sempre]] um [[outro]], do qual jamais poderemos ter [[consciência]] completa. Mas esta nem de nós [[mesmos]] temos, isto é, nossa [[auto-consciência]] está [[sempre]] em [[caminhada]]. E varia de [[ser humano]] para [[ser humano]]. Essa [[caminhada]] tem de [[ser]] contínua e [[sempre]] teremos novas [[dimensões]] para [[descobrir]]. A esse [[processo]] de descoberta se denomina muito apropriadamente: [[iluminação]]. | ||
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+ | : (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal. |
Edição de 22h57min de 1 de Agosto de 2020
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- "O ser humano é uma doação da linguagem. Sempre se movendo na linguagem em sua ânsia essencial de ser o não-ser, procura incessantemente o horizonte de seu mistério e presença como escuta de sua fala. A escuta exige de nós uma entrega e caminhada, que se tornam uma travessia, um percurso de iluminação. Ela nos leva à fala da sua escuta para melhor escutá-la. É quando a palavra se torna o vigor de seu desvelamento e velamento como língua. Porque a palavra é o vigor desse " entre " que identifica e diferencia fala e silêncio, desvelamento e velamento. E assim surgem algumas das mais importantes reflexões dos pensadores " (1). O percurso de iluminação nos conduz a uma posse do sentido do que somos e recebemos para ser. Na iluminação, o sentido do ser acontece em nós. Será, portanto, um percurso ontológico e não meramente temporal ou espacial. O ontológico é o originário de todo espaço e tempo, de toda época e do mundo que lhe corresponde. Iluminação é mundo de sentido e verdade, verdade ontológica, aletheia. No e pelo ontológico o percurso como caminhada é de mergulho na memória, que a tudo preside. A iluminação provoca em nós a experienciação da sabedoria e uma caminhada de libertação. Não há iluminação sem desprendimento e recolhimento. E será uma caminhada ou travessia para a plenitude de realização do sentido do que recebemos para ser, será uma apropriação do próprio. No recolhimento apreendemos o sentido de nosso agir.
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O ser e a aparência". In: ---------. www.travessiapoetica.blogspot.com.
2
- "A iluminação divina, contudo, não dispensa o homem de ter um intelecto próprio: ao contrário, supõe sua existência. Deus não substitui o intelecto quando o homem pensa o verdadeiro: a iluminação teria apenas a função de tornar o intelecto capaz de pensar corretamente em virtude de uma ordem natural estabelecida por Deus" (1).
- Referência:,
- (1) PESSANHA, José Américo Motta (Consultor). Santo Agostinho - Vida e Obra. Confissões - De Magistro. Coleção: 'Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. XVI.
3
- "A teoria agostiniana estabelece, assim, que todo conhecimento verdadeiro é o resultado de um processo de iluminação divina, que possibilita ao homem contemplar as ideias, arquétipos eternos de toda a realidade. Nesse tipo de conhecimento a própria luz divina não é vista, mas serve apenas para iluminar as ideias. Um outro tipo seria aquele no qual o homem contempla a luz divina, olhando o próprio sol: a experiência mística" (1).
- Referência:
- (1) PESSANHA, José Américo Motta (Consultor). Santo Agostinho - Vida e Obra. Confissões - De Magistro. Coleção: 'Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. XVI.
4
- "Pela abertura que o homem tem ao horizonte ilimitado do ser, ele é capaz até certo ponto de sobrevoar a si mesmo como posto e fundamentado no ser. Assim o homem se sabe a si mesmo e sabendo-se se possui a si mesmo. Está presente e transparente a si mesmo, torna-se luminoso a si mesmo. É isto que se chama auto-consciência. Enquanto este saber de si mesmo é condicionado pela abertura ao horizonte do ser ilimitado do qual vem a luz que ilumina o sujeito a si mesmo, este mesmo sujeito deverá ser capaz de dar-se conta também dos outros entes que não são ele mesmo, mas que também estão postos no horizonte do ser ilimitado. Ou melhor, através da abertura que o homem tem para o ser ilimitado, a luz atinge também os entes que não se identificam com o sujeito. E assim o sujeito se dá conta também deles como entes, compreende-os a partir da luz que vem do ser. É isto o que se chama de consciência do objeto. Ou seja, a consciência daquilo que não é o próprio sujeito consciente, aquilo de que o homem se dá conta, além de si mesmo. Assim o homem não apenas está presente a si mesmo, mas também está presente ao outro, está junto ao outro, dá-se conta do outro" (1).
- Na medida em que cada um é um próprio ele se torna sempre um outro, do qual jamais poderemos ter consciência completa. Mas esta nem de nós mesmos temos, isto é, nossa auto-consciência está sempre em caminhada. E varia de ser humano para ser humano. Essa caminhada tem de ser contínua e sempre teremos novas dimensões para descobrir. A esse processo de descoberta se denomina muito apropriadamente: iluminação.
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.