Ser-do-entre

De Dicionário de Poética e Pensamento

1

"Tentando afirmar sua vontade e razão como “subjetividade†livre, Édipo, como todo ser humano, tenta evitar o destino. Cada um vive dessa e nessa ambiguidade. É que queremos e não queremos o destino, sabemos e não sabemos o destino. Por isso, o destino é uma questão. É que somos e não-somos. Nisso, esse “e†misterioso se torna o “lugar†que faz do homem um ser-do-entre (Da-sein)" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arteâ€. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 23.

2

"Édipo é o próprio ser humano como questão. Ele não tem ascendência divina, não é um deus. No entanto, nele comparecem todas as questões essenciais em que todo ser humano se vê envolvido. Mas não é um ser humano abstrato, uma essência que está não se sabe onde. Não. A concreticidade de sua realidade está no agir constante e ambíguo pelo qual busca o sentido do que ele é em meio ao enigma do real, do qual ele é participante indissolúvel. Quanto mais Édipo (todo ser humano) procura fugir do destino mais ele o realiza. Ele está sempre “entre†o agir da sua vontade e inteligência, e o agir da vontade e saber da Moira (destino). Todo agir essencial do ser humano é ambíguo. Ele é sempre um ser-do-entre" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arteâ€. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 22.

3

"Num movimento pendular e dialético de caminhada de ascensão e ao mesmo tempo de descensão, move-se numa procura do sentido do Ser a partir do homem (Da-sein/Entre-ser) concreto (presença ainda do método fenomenológico com seu lema: volta concreta às coisas e abandono dos conceitos prévios) e ao mesmo tempo e cada vez mais busca o sentido do ser humano a partir do sentido do Ser, que como nada configura o homem e o real em seu mistério mito-poético. No pendular desse ir e vir, uma palavra enigmática constitui o pêndulo sempre presente e central da obra de Heidegger: Da-sein. A tradução literal, como Ser-aí, não consegue apreender a dinâmica verbal de pensamento que ela concentra... O “Da†de Da-sein, mais do que uma relação espacial ou temporal, diz muito mais o “entre†da liminaridade (limite e não-limite), do horizonte e da clareira, em que o ser se dá retraindo-se. Da pode ser traduzido por “entreâ€, se este for pensado em toda a sua enigmática densidade. O ser humano como Da-sein é, de fato, o Entre-ser como o ambíguo Ser-do-entre" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arteâ€. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 33.
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