Imaginação

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 22h59min de 22 de Maio de 2019 por Profmanuel (Discussão | contribs)

Tabela de conteúdo

1

"Mentira e realidade são uma coisa só. Tudo pode acontecer. Tudo é sonho e verdade. Tempo e espaço não existem. Sobre a frágil base da realidade, a imaginação tece sua teia e desenha novas formas, novos destinos" (1).


(1) Referência:
Strindberg. Peça teatral "Sonhos". Passagem citada no filme de Ingmar Bergman Fanny e Alexander, 1982.

2

A construção do homem e da realidade, através da imaginação, pode levar ao equívoco. Primeiro, porque a imaginação pode aparecer como uma mediação na tensão finito/infinito. Segundo, porque, no parecer de Kierkegaard, "... a imaginação é geralmente o agente da infinitização, não é uma faculdade como as outras... mas, por assim dizer, é o seu proten" (1). Fundando imaginação está a abertura do ser humano ao ser, que se dá como clareira. Clareira é também imaginação.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) KIERKEGAARD, Soren Aabye. O desespero humano. 6.e. Porto: Livraria Tavares Martins, 1979, p. 62.


Ver também:
*Vontade

3

"O olho vê, a lembrança revê e a imaginação transvê" (1)


Referência:
(1) BARROS, Manoel de. "Livro sobre nada". In: ----. Poesia completa. São Paulo, Leya, 2013, p. 324.

4

"Não são só os infantes que fabulam, alguns adultos também. Também eles constroem narrativas fabulosas, imaginárias, ou, numa palavra geralmente mais aceita pelos teóricos literários, ficcionais. Até se fala em gênero ficcional, o que julgamos impróprio, pois a ficção não é um gênero, é a própria essência do literário. A ficcionalidade é a literariedade " (1). Mas fique claro, no caso ficção jamais quer dizer algo inventado, não verdadeiro nem real. Muito pelo contrário, a ficção, como literário, se torna o campo fecundo de manifestação da verdade, naquilo que ela tem de poder de eclosão da realidade.
Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ficção e literatura infantil". In: ------------. Tempos de Metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 133.

5

"Quando a galinha choca o ovo, é o próprio ovo que eclode no que já é e será, o pinto, e este não é uma criação da imaginação da galinha. O mesmo acontece com a criação poética: o autor apenas choca o que a linguagem cria. A dita faculdade criativa da imaginação é um desvio enganoso do sujeito racional prepotente" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: ------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 218.

6

"O sentido atual de fantasiar é tanto imaginar como vestir uma fantasia. Porém, a palavra vem do grego phantasia. É um substantivo formado do verbo grego phaino, que significa manifestar, daí também se origina a palavra fenômeno. Fantasiar é poder manifestar o quê? Fantasiar diz imaginar e vestir uma fantasia. Os dois sentidos não se excluem, integram-se. Revestir-se de uma fantasia como imaginar (isto é, apropriar-se do que é próprio) é realizar a travessia enquanto destino (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Grande Ser-Tao: diálogos amorosos”. In: SECCHIN, Antônio Carlos et alii. Veredas no sertão rosiano. Rio de Janeiro: 7Letras, 2007, p. 153.


7

"... a poesia fala por 'imagens'. Assim e num sentido muito privilegiado, as imagens poéticas são imaginações. Imaginações e não meras fantasias ou ilusões. Imaginações entendidas não apenas como inclusões do estranho na fisionomia do que é familiar, mas também como inclusões passíveis de serem visualizadas. O dizer poético das imagens reúne integrando a claridade e a ressonância dos muitos aparecimentos celestes numa unidade com a obscuridade e a silenciosidade do estranho" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "... poeticamente o homem habita...". In: -----. Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 177.

8

Hoje com a denominada realidade virtual, fica difícil distinguir o que é irreal, fantasia, ilusão, imaginação, ficção e, até mesmo, ideal. A tradicional apreensão científica e verdadeira para dizer o que é real ou não se diluiu. E mais interessante ainda: a realidade virtual parte de um suporte fundamentado no matemático, tomando como base o "zero" e o "um", enquanto compõem a unidade mínima ou "bit". A fronteira desse poder todo está contido no sentido da emoção enquanto eros em seu sentido ontológico.
- Manuel Antônio de Castro

9

"A imaginação é uma força extraordinária. Uma força ilimitada... Apenas grandes poetas, artistas e músicos a possuem..." (1).


Referência:
In filme de Ingmar Bergman: Fanny e Alexander, 1982. Fala do personagem Bispo Vergerus. No caso refere-se ao jovem personagem Alexander, dotado de muita imaginação.

10

"Também melhor se entende a ficcionalidade se atentarmos para o terceiro significado do verbo latino fingere: imaginar. O imaginar é o contraponto do formar. O contraponto indica a presença da tensão do limite e do ilimitado, da diferença e da identidade, da língua e da Linguagem. O formar sem o imaginar origina os formalismos, provocando equívocos sobre o fazer literário. Já o literário se realiza quando o imaginário irrompe em produções. É isto o que caracteriza fundamentalmente a literatura infantil: uma presença marcante e irrefreável do imaginário. Porque a criança é mais sensível ao imaginário. Nela, o sonho é realidade e a realidade é sonho. Nela, o imaginário é realidade e a realidade é imaginário. Ainda não sofreu o processo de formação que a deforma para o real-imaginário e a deseduca para a humanização. Pelo imaginar, o homem consuma a sua humanização, na medida em que manifesta o sentido do que ele é. Isso se chama libertação. Na realidade ficcional-literária o imaginar é o real vigorando" (1).


Referência:
CASTRO, Manuel Antônio de. "Ficção e literatura infantil". In: ------------. Tempos de Metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 134.