Finitude
De Dicionrio de Potica e Pensamento
Edição feita às 12h50min de 12 de Setembro de 2017 por Profmanuel (Discussão | contribs)
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- A afirmação tanto do "eu" quanto do "sou" implica a existência do limite, mas a finitude é mais: é o saber-se limitado no tender ao ser e sempre tão próximo quanto distante dele. Vivemos na finitude a dialética de distância e proximidade. É assim que o eu encontra a sua medida no sou. Em realidade, verdadeiramente, só podemos falar de finitude em relação ao ser humano e não em relação aos outros entes, embora todos sejam limitados. A finitude inclui o limite, mas todo e qualquer limite não inclui a finitude. Nesta nos deparamos com a questão da morte e é, então, que a finitude aparece em toda a sua dramaticidade. Nesta época da globalização acentua-se e procura-se incutir nas pessoas o poder de fugir à finitude e à morte. Estas passam a ser algo que se pode protelar com tratamentos adequados e milagreiros. Acontece então que a finitude nos advém em meio a essa promessa de felicidade aqui e agora e eterna quando somos tomados pela angústia e pela solidão. Há um palíndromo entre finitude e solidão. A finitude gera a solidão que não é ser só, mas só ser o sendo que somos e tende continuamente para o ser, ou seja, experiência-se sendo e gerando a angústia da finitude e seu apelo de ser infinito, pleno, luz e claridade total vigorando. É da condição humana: ser finitude e solidão.
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- "O homem não é só um ser simplesmente finito. O homem é o mais finito dos seres, porque, na finitude, ele sente sempre o infinito do nada, mesmo em toda pretensão, escamoteada, de ser infinito. É na finitude sem fim do nada que afirma, em tudo que faz e/ou deixa de fazer, o infinito" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O sentido do pseudônimo". In: -----. Aprendendo a pensar III. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2017, p. 121.
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- "A angústia nos corta a palavra. Pelo fato de o ente em sua totalidade fugir e, assim, justamente, nos acossar o nada, em sua presença, emudece qualquer dicção do "é". O fato de nós procurarmos muitas vezes, na estranheza da angústia, romper o vazio silêncio com palavras sem nexo é apenas o testemunho da presença do nada. Que a angústia revela o nada é confirmado imediatamente pelo próprio homem quando a angústia se afastou. Na posse da claridade do olhar, a lembrança recente nos leva a dizer: Diante de que e por que nós nos angustiamos era "propriamente" - nada. Efetivamente: o nada mesmo - enquanto tal - estava aí" (1).
- De alguma maneira a angústia está ligada à nossa condição humana de finitos, ou seja, à nossa finitude, pois nesta nos defrontamos com o nada que elimina quaisquer limites e então surge a angústia diante do infinito. É que a finitude se faz presente em todo o nosso caminhar, em todo o nosso querer, em todas as nossas ações em sua essência. Como fica a nossa liberdade e o nosso conhecer? Devemos seguir Sócrates quando diz que só sei que nada sei? Certamente somente o ser humano é tomado pela angústia, pois só ele é finito e sabe que é finito diante do infinito. Como fica diante da finitude a nossa plenitude e felicidade?
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. "Que é metafísica?". In: ------. Heidegger. Coleção Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 40.