Rosa
De Dicionrio de Potica e Pensamento
Edição feita às 02h26min de 3 de Maio de 2022 por Profmanuel (Discussão | contribs)
Tabela de conteúdo |
1
- O mais belo da vida é sempre o imprevisível, o sem-causa, o sem-por quê. Ou como nos diz Rosa no conto “Reminisção”:
- "E há os súbitos, encobertos acontecimentos, dentro da gente" (1).
- O súbito de todo instante poético acontecendo eis a memória originária, poética. Sem esta não há cronologia e causalidade nem a realidade tem sentido.
- Referência:
- (1) ROSA, João Guimarães. Tutameia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967, p. 81.
2
- Para se entender a diferença entre causalidade e não-causalidade, que é difícil, é bom apelar para o Pensador Rosa. Causalidade indica a essência do agir baseado nas causas e Rosa o sintetiza no verbo consertar. Neste não só o agir visa a um efeito, mas também o sujeito do agir se localiza, se funda no agir do homem. Já a não-causalidade é indicada por Rosa com outro verbo: concertar. Por este, o ser humano realiza o seu télos deixando-se tomar pelo vigor do Ser. Aí não pode haver causalidade, mas vigora a não-causalidade.
3
- "Riobaldo, como imagem, não é, porque Riobaldo é personagem-questão. Perguntar se ele é real ou fictício é sem sentido, pois não é uma coisa nem outra. Enquanto imagem-poético-manifestativa de questões, é imagem-personagem-questão" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte e imagem-questão". In: ---. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 235.
4
- O que é o sagrado? Não podemos confundir o sagrado com o religioso. Ele é mais. Ele é um mistério. Ele é o próprio Ser-tão. O homem ocidental experienciou de sete modos diferentes o sagrado: na arte, no mito, no religioso, na poesia, no místico, no pensamento, na metafísica. Essas seis facetas do sagrado percorrem profundamente Grande sertão: veredas, a obra-prima do escritor e pensador João Guimarães Rosa.
5
- "Cada dia é um dia. E o tempo estava alisado. Triste é a vida do jagunço - dirá o senhor. Ah, fico me rindo. O senhor nem não diga nada. "Vida" é noção que a gente completa seguida assim, mas só por lei duma ideia falsa. Cada dia é um dia" (1).
- Referência:
- ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas, 6. e. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1968, p. 301.
6
- " : - "Mano velho, tu é nado aqui ou de donde? Acha mesmo assim que o sertão é bom? ..." Bestiaga que ele me respondeu, e respondeu bem; e digo ao senhor:
- " : - Sertão não é malino nem caridoso, mano oh mano!: - ... ele tira ou dá, ou agrada ou amarga, ao senhor, conforme o senhor mesmo" (1).
- Referência:
- (1) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 394.
7
- "O mal ou o bem, estão é em quem faz; não é no efeito que dão" (1).
- "O que há é uma certa coisa - uma só, diversas para cada um - que Deus está esperando que esse faça. Neste mundo tem maus e bons - todo o grau de pessoa. Mas então todos são maus. Mas mais então, todos não serão bons?" (2).
- Referência:
- (1) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 77.
- (2) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 237.
8
- "... Apenas na solidão pode-se descobrir que o diabo não existe. E isto significa o infinito da felicidade. Esta é a minha mística" (1).
- Referência:
- (1) Entrevista com Guimarães Rosa, conduzida por Günter Lorenz no Congresso de Escritores Latino-Americanos, em janeiro de 1965 e publicada em seu livro: Diálogo com a América Latina. São Paulo: E.P.U., 1973. Acessada no site: www.tirodeletra.com.br/entrevistas/Guimarães Rosa - 1965.htm, p. 10.
9
- Referência:
- (1) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas, 6 e. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1968, p. 319.
10
- Referência:
- (1) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas, 13.e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979, 137.
11
- "... para cada dia, e cada hora, só uma ação possível da gente é que consegue ser a certa. Aquilo está no encoberto; mas, fora dessa consequência, tudo o que eu fizer, o que o senhor fizer, o que o beltrano fizer, o que todo-o-mundo fizer, ou deixar de fazer, fica sendo falso, e é errado" (1).
- Referência:
- (1) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas, 13.e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979, 366.
12
- "Um vive, e muito se vê... Reperguntei qual era o mote. - Um outro pode ser a gente: mas a gente não pode ser um outro, nem convém..." (1).
- Referência:
- ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6. e. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1968, p. 347.
13
- "Que o que gasta, vai gastando o diabo de dentro da gente, aos pouquinhos, é o razoável sofrer. E a alegria de amor..." (1).
- Referência:
- (1) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 12.
14
- "A noite é uma grande demora" (1).
- Referência:
- (1) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas, 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 157.
15
- "O pensador Guimarães Rosa denomina a causalidade a pretensão do sujeito de consertar a realidade" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Telos e sentido", ensaio ainda não publicado.
16
- "O princípio, arkhé, advindo à sua plenitude] é o télos. É a não-causalidade. Guimarães Rosa comemorando no poético a memória enquanto unidade do acontecer, denominou poeticamente a não-causalidade como sendo o concertar" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Telos e sentido", ensaio ainda não publicado.
17
- "Ah, porque aquela outra é a lei, escondida e visível, mas não achável, do verdadeiro viver: que para cada pessoa, sua continuação, já foi projetada, como o que se põe, em teatro, para cada representador - sua parte, que antes já foi inventada, num papel..." (1).
- Referência:
- ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas, 6. e. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1968, p. 366.