Amor
De Dicionrio de Potica e Pensamento
Edição feita às 01h16min de 21 de Setembro de 2018 por Profmanuel (Discussão | contribs)
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- "O amor transforma o agradecimento em fidelidade para conosco e em crença incondicional no outro. Dessa forma, o amor intensifica constantemente o seu segredo mais peculiar. A proximidade implica aqui a maior distância diante do outro. Essa distância não deixa nada desaparecer, mas nos lança ao seio da simples presença de uma revelação transparente, apesar de incompreensível. O coração nunca está em condições de dominar o despontar repentino do outro em nossa vida. Um destino humano entrega-se a um destino humano e o serviço do amor puro é manter desperta essa entrega exatamente como no primeiro dia" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Correspondência 1925/1975. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001, p. 8.
2
- "Mas, Surupita, amor é coragens. E amor é sede depois de se ter bem bebido..." (1).
- Referência:
- (1) ROSA, João Guimarães. "Dão-Lalão". In:-------. Noites do sertão. 4. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1969, 61.
3
- "Mas parecia-lhe que, assim como uma mulher às vezes se guardava intocada para dar-se um dia ao amor, que ela queria morrer talvez ainda toda inteira para a eternidade tê-la toda" (1).
- Referência:
- (1) LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. 4ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974, p. 40.
- Ver também:
4
- "O amor é que é o destino verdadeiro" (1).
- Referência:
- (1) ROSA, João Guimarães. "Buriti". In:-------. Noites do sertão. 4. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1969, 103.
5
- "O Um mais o Um gerado por ele e o amor que os une formam a tríade pitagórica', simbolizada pelo triângulo sagrado de lados iguais" (1).
- Referência:
- (1) SANTOS, Mário Ferreira dos. Pitágoras e o tema do número. São Paulo: Logos, 1959, p. 74.
6
- "Mas é difícil falar sobre amor, essa mistura de impulsos e ataques de vertigem que cresce como um câncer até se tornar inexpugnável" (1).
- Referência:
- - (1) Fala de Marianne, no filme de LIV ULLMANN Infiel. Roteiro de Ingmar Bergman.
7
- "Nada será perdido dos que foram grandes; cada um a seu modo e segundo a grandeza do objeto que amou. Porque aquele que amou a si próprio foi grande pela sua pessoa; quem amou a outrem foi grande dando-se; mas o que amou a Deus foi o maior de todos. A história celebrará os grandes homens, mas cada um foi grande pelo objeto da sua esperança: um engrandeceu-se na esperança de atingir o possível; um outro na esperança das coisas eternas - mas aquele que quis alcançar o impossível foi, de todos, o maior" (1).
- Referência:
- (1) KIERKEGAARD, Sören. Temor e tremor. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, p. 30.
8
- O afastamento e até a perda do pensamento acontece "... quando ele se afasta do seu elemento. O elemento é aquilo a partir do qual o pensamento pode ser pensamento. O elemento é o propriamente poderoso: o poder. Ele se apega ao pensamento e assim conduz à sua Essência... o pensamento é o pensamento do Ser...O pensamento é, isso significa: o Ser se apegou, num destino Histórico, à sua Essência. Apegar-se a uma "coisa" ou "pessoa" em sua Essência quer dizer: amá-la, querê-la" (1).
- Aqui é fundamental perceber que quando se diz "o pensamento é", não nos referimos a predicativos, porque ele simplesmente é, e não isto ou aquilo. Ora, quando simplesmente é, o "é" é o sujeito, a medida do pensamento. Daí pensamento e ser, no "é", serem um e o mesmo. Ser um e o mesmo quer dizer: amá-la, querê-la. De novo, devemos distinguir que aqui não se quer ou ama isto ou aquilo como um predicativo do sujeito. Amar e querer, enquanto "é", diz simplesmente amar ou ser: é; querer ou ser: é. Disso podemos concluir: pensamento é igual a viger o pensamento no seu elemento. Qual? O ser. Nessa dimensão e medidos pelos ser: pensamento, amor e poesia são um e o mesmo.
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Carta sobre o Humanismo. Tradução Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967, p. 28.
9
- "O amor é paciente, o amor é benigno, não é invejoso; o amor não é orgulhoso, não se ensoberbece; não é descortês, não é interesseiro, não se irrita, não guarda rancor; não se alegra com a injustiça, mas se compraz com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo tolera" (1)
- Referência:
- (1) PAULO DE TARSO. Primeira Epistola aos Coríntios, 13, 4-8.
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- Toda questão é paradoxal. Todo conceito é racional e objetivo. A questão precisa do conceito assim como o ilimitado precisa do limite. Porém, tanto o conceito quanto o limite não subsistem sem a questão e o ilimitado. É aqui que acontece o paradoxo. Por isso ele surge da questão porque a vida do ser humano só é paradoxal porque é uma doação das questões. Eis porque temos o ser humano lançado radicalmente numa liminaridade, isto é, no paradoxo do limite e do ilimitado, da vida e da morte, do conhecer e do não-conhecer, do permanente e do passageiro, da noite e do dia, do ser e do não-ser. É nesses paradoxos que o humano do homem se entre-tece. Ele é um Entre-ser. As questões, como paradoxos, ao configurarem a liminaridade, projetam o ser humano numa profunda dor, mas também numa profunda paixão. Por isso o paradoxo maior do ser humano é o amor, o sabor da sabedoria do amor, ou seja, a tensão radical de paixão amorosa e mortal.
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- "Não se esqueça: o amor é um eterno jogo de malabarismo com três bolas. São elas: o coração, as palavras e os órgãos reprodutores. É tão fácil manter as três bolas no ar e também tão fácil deixar uma cair" (1).
- Referência:
- (1) BERGMAN, Ingmar. Sorrisos de uma noite de amor. Fala da personagem Desirée.
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- "Moram em mim a dúvida e a piedade:
- sou velho e jovem, menino e bebê.
- Não digam se eu morrer: ele morreu.
- Hei de estar vivo no seio do amado" (1).
- Referência:
- (1) RÛMI. "O canto da unidade". In: -----. A flauta e a lua - Poemas de Rûmi. Trad. de Marco Lucchesi e Rafî Moussavî. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2016, p. 109.
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- "Seja para o pensamento, seja para as artes, Eros sempre foi a grande questão, sendo a mais tematizada, interpretada e aprofundada. Por detrás do seu agir, como aquilo que o move, está sempre o Amor do amar. Dessa maneira, há uma certa impropriedade em se falar de Eros como algo substantivo, pois remete facilmente para a sua interpretação e compreensão como algo, como um ente. E não é isso Eros. Como essência do agir é total e completa energia de realização, é luz irradiante em contínuo acontecer" (1).
- CASTRO, Manuel Antônio de. "Eros, o humano e os humanismos". In: Eros, tecnologia, transumanismo. Org. Maria Conceição e Outros. Rio de Janeiro: Caetés, 2015, 45.
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- "Que o que gasta, vai gastando o diabo de dentro da gente, aos pouquinhos, é o razoável sofrer. E a alegria de amor..." (1).
- Referência:
- (1) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 12.
15
- "O fundar que faz o amor acontecer enquanto belo não é o próprio amor, pois o acontecer se dá no amor acontecendo enquanto belo. Porém, o acontecer é que, como tal, funda o acontecer do amor e não é o amor acontecendo enquanto belo que funda o acontecer. O belo só será belo se for, e não enquanto uma qualidade do sujeito" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Fundar e fundamentar". In: Pensamento no Brasil, v.I - Emmanuel Carneiro Leão. SANTORO, Fernando e Outros, Org. Rio de Janeiro: Hexis, 2010, p. 218.
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- " - O que aprendeu com clientes famosos, como Maradona e a família Kirchner?"
- " - Todos nós, seres humanos, necessitamos que nos amem, que nos aceitem e que nos valorizem. Todos. Atrás de todo excesso, seja de trabalho, de amor, de dinheiro, de poder, de prestígio, de fama...atrás de cada excesso, há uma carência, alguma coisa que faltou. O único elemento que dá paz e ordem a seu cérebro é o amor. É impossível não estar feliz se houver amor de boa qualidade" (1).
- Referência:
- (1) PICASSO, Juan Antônio - terapeuta cogninitivo-comportamental. In: O GLOBO, p. 2, 30-11-2017. Entrevista dada a GABRIEL ROSA.