Mito do homem
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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- | : Na realidade, a desconstrução do [[mito do homem]] passa pela desconstrução do [[poder]] da [[consciência]]. Ver, do ponto de vista historiográfico Bárbara Freitag (1) e, do ponto de vista ontológico, a discussão em torno da [[identidade]] e [[diferença]], que já remonta a Parmênides no fragmento III ("pois o [[mesmo]] é [[pensar]] e [[ser]]") (2), quando referencia o mesmo (''autò'') como o núcleo da identidade e diferença, ou seja, do ser e do perceber. Até onde podemos entender o ''noein'' (pensar, perceber) como sendo o próprio da consciência? Não incluirá o [[inconsciente]] porque no ''[[noein]]'' advém do próprio [[ser]]? Então, desconstruir o "[[mito do homem]]" é, em verdade, libertá-lo do limite das [[possibilidades]] racionais pelo [[pensar]] e para o [[pensar]]. | + | : Na [[realidade]], a [[desconstrução]] do [[mito do homem]] passa pela [[desconstrução]] do [[poder]] da [[consciência]]. Ver, do ponto de vista historiográfico Bárbara Freitag (1) e, do ponto de vista [[ontológico]], a discussão em torno da [[identidade]] e [[diferença]], que já remonta a Parmênides no fragmento III ("pois o [[mesmo]] é [[pensar]] e [[ser]]") (2), quando referencia o [[mesmo]] (''autò'') como o núcleo da [[identidade]] e [[diferença]], ou seja, do [[ser]] e do [[perceber]]. Até onde podemos entender o ''noein'' ([[pensar]], [[perceber]]) como sendo o [[próprio]] da [[consciência]]? Não incluirá o [[inconsciente]] porque no ''[[noein]]'' advém do [[próprio]] [[ser]]? Então, [[desconstruir]] o "[[mito do homem]]" é, em [[verdade]], libertá-lo do [[limite]] das [[possibilidades]] [[racionais]] pelo [[pensar]] e para o [[pensar]]. |
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- | : (1) FREITAG, Bárbara. ''A teoria crítica ontem e hoje''. São Paulo: Brasiliense, 1986. | + | : (1) FREITAG, Bárbara. ''A [[teoria]] [[crítica]] ontem e hoje''. São Paulo: Brasiliense, 1986. |
- | : (2) PARMÊNIDES. ''Os pensadores originários''. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 45. | + | : (2) PARMÊNIDES. ''Os [[pensadores]] [[originários]]''. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 45. |
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- | : "[[Édipo]] decifrou o [[enigma]]? Noutras palavras: Algum de nós já decifrou o [[enigma]]? Não. O [[mito do homem]] não é a [[resposta]] para o [[mito do real]]. Até é, mas só na medida em que recoloca sempre o [[mito do real]], pois o [[real]] como [[questão]] é que nos tem e dimensiona. Toda [[resposta]] a qualquer [[questão]] será [[sempre]] | + | : "[[Édipo]] decifrou o [[enigma]]? Noutras palavras: Algum de nós já decifrou o [[enigma]]? Não. O [[mito do homem]] não é a [[resposta]] para o [[mito do real]]. Até é, mas só na medida em que recoloca sempre o [[mito do real]], pois o [[real]] como [[questão]] é que nos tem e dimensiona. Toda [[resposta]] a qualquer [[questão]] será [[sempre]] ambígua. Toda [[questão]] se articula [[sempre]] em torno de duas [[dimensões]]: 1ª. o [[querer]] como [[vontade]]; 2ª. o [[querer]] como [[saber]]. O [[sujeito]] do [[querer]] como [[destino]] não é o [[ser humano]]. O [[sujeito]] é o [[real]], o próprio [[enigma]], e não o [[homem]] (como [[Édipo]] afirma equivocadamente em sua [[resposta]])" (1). |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' “[[Heidegger]] e as [[questões]] da [[arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). [[Arte]] em [[questão]]: as [[questões]] da [[arte]]. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 27.''' |
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1
- "A questão fundamental do itinerário ocidental: o mito do homem e seu destino. Examinemos aquele mito-poético grego onde o mito do homem encontra a sua mais rica formulação: Édipo. Pleno de imagens-questões, a obra de Sófocles e o mito com que a tece, narrativamente entre-tece em suas entre-linhas narrativo-poéticas as questões que desde sempre angustiam e desafiam todo ser humano" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 21.
2
- "Os mitos, como todas as obras poéticas, propõem imagens-questões ou questões-figuras. Édipo é uma imagem-questão. Que questões Édipo figura? Como a questão é sempre ambígua, pois vige a partir do “entre”, Édipo é, talvez, a imagem-questão mais ambígua e radical que o mito-arte criou, porque ele simplesmente é, como questão, o mito do homem, numa expressão ao mesmo tempo subjetiva e objetiva" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 22.
3
- "Quais são as questões da arte? As questões da arte são igualmente as questões do mito e do pensamento. As questões da arte são as questões do real e do mito do homem" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 22.
4
- "A esfinge é o próprio real, o ser, no qual e pelo qual somos e não somos. O mito do homem para se realizar tem de enfrentar o mito da esfinge, ou seja, o mito do real, o mito do ser em seu sentido" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 23.
5
- " As referências “entre” o mito do real e o mito do homem constituem a essência, sentido e trajetória da cultura ocidental. Aí cultura é empregada no sentido de experienciações do sagrado. Os ritos são a sintaxe poética dos mitos, enquanto narrações das questões" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 23.
6
- Na realidade, a desconstrução do mito do homem passa pela desconstrução do poder da consciência. Ver, do ponto de vista historiográfico Bárbara Freitag (1) e, do ponto de vista ontológico, a discussão em torno da identidade e diferença, que já remonta a Parmênides no fragmento III ("pois o mesmo é pensar e ser") (2), quando referencia o mesmo (autò) como o núcleo da identidade e diferença, ou seja, do ser e do perceber. Até onde podemos entender o noein (pensar, perceber) como sendo o próprio da consciência? Não incluirá o inconsciente porque no noein advém do próprio ser? Então, desconstruir o "mito do homem" é, em verdade, libertá-lo do limite das possibilidades racionais pelo pensar e para o pensar.
- Referências:
- (2) PARMÊNIDES. Os pensadores originários. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 45.
7
- "Édipo decifrou o enigma? Noutras palavras: Algum de nós já decifrou o enigma? Não. O mito do homem não é a resposta para o mito do real. Até é, mas só na medida em que recoloca sempre o mito do real, pois o real como questão é que nos tem e dimensiona. Toda resposta a qualquer questão será sempre ambígua. Toda questão se articula sempre em torno de duas dimensões: 1ª. o querer como vontade; 2ª. o querer como saber. O sujeito do querer como destino não é o ser humano. O sujeito é o real, o próprio enigma, e não o homem (como Édipo afirma equivocadamente em sua resposta)" (1).
- Referência: