Presença
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. '''O [[mito]] de [[Cura]] e o [[ser]] [[humano]]. In: ---. [[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 228.''' |
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- | : "A [[presença]] é o tender permanente à [[plenificação]], que é o [[acontecer]] que se dá no [[operar]] da própria [[obra]]. O que rege esse ''tender'' é a ''[[Cura]]''. Daí tudo se centralizar, no que o [[ser humano]] [[é]], em sua [[essência]], em torno de ''[[Cura]]''" (1). | + | : "A [[presença]] é o tender permanente à [[plenificação]], que é o [[acontecer]] que se dá no [[operar]] da própria [[obra]]. O que rege esse ''tender'' é a '''[[Cura]]'''. Daí [[tudo]] se centralizar, no que o [[ser humano]] [[é]], em sua [[essência]], em torno de '''[[Cura]]'''" (1). |
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- | : CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "'''O [[mito]] de [[Cura]] e o [[ser]] [[humano]]'''". In: ---. '''[[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 226.''' |
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- | : "Há uma ligação profunda entre presença e [[presente]]. É que na presença o [[ser]] se faz tempo-presente e o presente é o ser vigorando enquanto [[tempo]], é uma doação: o tempo dá- | + | : "Há uma ligação profunda entre [[presença]] e [[presente]]. É que na [[presença]] o [[ser]] se faz [[tempo]]-[[presente]] e o [[presente]] é o [[ser]] vigorando enquanto [[tempo]], é uma [[doação]]: o [[tempo]] dá-Se, torna-se [[presente]]" (1). |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. ''Arte: o humano e o destino | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. '''O [[mito]] de [[Cura]] e o [[ser humano]]'''. In: ---.'''[[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 228.''' |
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- | : "Latência é o traço mais característico do [[ser]] enquanto presença, pois é o que em todo [[presente]] constitui a presença, e, para todo ser latente, a [[possibilidade]] mesma de sua [[latência]]" (1). | + | : "[[Latência]] é o traço mais característico do [[ser]] enquanto [[presença]], pois é o que em todo [[presente]] constitui a [[presença]], e, para todo [[ser]] [[latente]], a [[possibilidade]] mesma de sua [[latência]]" (1). |
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- | : (1) TORRANO, Jaa. ''O sentido de Zeus | + | : (1) TORRANO, Jaa. '''O [[sentido]] de [[Zeus]]. São Paulo: Iluminuras, 1996, p. 18.''' |
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- | : "A [[dessacralização]] que domina hoje é devida a quê? Certamente muitos são os fatores. É no âmago dessa [[questão]] que a [[arte]] como [[questão]] se faz presente. Pode se falar em [[arte]] sem levar em consideração a [[questão]] do [[sagrado]]? Difícil. Porém, ela se faz presente de um modo muito simples e especial que se perdeu com o próprio distanciamento do [[sagrado]] acontecido na [[dinâmica]] dessas transformações [[históricas]]. Transformações essas que dizem respeito à própria [[dinâmica]] de o próprio [[sagrado]] se [[destinar]]. Mas ele, por mais que esteja esquecido, nunca se distancia e torna ausente como tal. Pelo contrário, sem sua [[presença]], sua [[proximidade]], tudo perderia o [[sentido]] e o próprio [[vigor]] de [[realização]] do [[real]]. E ele é próximo, tão próximo que até para sermos o que somos só podemos ser [[sendo]] essa [[proximidade]]. Porém, em tudo que fazemos temos a tendência, hoje e há muito tempo, a considerá-lo distante e inalcançável, como se ele fosse outro que não o [[vigor]] do que nos é [[próprio]]" (1). | + | : "A [[dessacralização]] que domina hoje é devida a quê? Certamente muitos são os fatores. É no âmago dessa [[questão]] que a [[arte]] como [[questão]] se faz [[presente]]. Pode se falar em [[arte]] sem levar em consideração a [[questão]] do [[sagrado]]? Difícil. Porém, ela se faz [[presente]] de um modo muito [[simples]] e especial que se perdeu com o próprio distanciamento do [[sagrado]] acontecido na [[dinâmica]] dessas [[transformações]] [[históricas]]. [[Transformações]] essas que dizem respeito à própria [[dinâmica]] de o próprio [[sagrado]] se [[destinar]]. Mas ele, por mais que esteja esquecido, nunca se distancia e torna ausente como tal. Pelo contrário, sem sua [[presença]], sua [[proximidade]], tudo perderia o [[sentido]] e o próprio [[vigor]] de [[realização]] do [[real]]. E ele é próximo, tão próximo que até para sermos o que somos só podemos ser [[sendo]] essa [[proximidade]]. Porém, em tudo que fazemos temos a tendência, hoje e há muito [[tempo]], a considerá-lo distante e inalcançável, como se ele fosse outro que não o [[vigor]] do que nos é [[próprio]]" (1). |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A presença constante do sagrado". In: https://travessiapoetica.blogspot.com.br/ postado em 23 de fevereiro de 2017. | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "A [[presença]] constante do [[sagrado]]". In: https://travessiapoetica.blogspot.com.br/ postado em 23 de fevereiro de 2017.''' |
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+ | : [[Realização]] é o vir a ser da [[realidade]] no seu manifestar-se em [[real]], ou seja, a [[totalidade]] dos [[entes]] (''ta onta''), dos [[fenômenos]]. Como tal, todo [[fenômeno]] é uma [[realização]] da [[realidade]] constituindo o [[real]]. Toda [[realização]] é oblíqua e dissimulada porque nela a [[realidade]] se dá e retrai, se manifesta e vela. Toda [[realização]] é uma [[doação]] do [[ser]]. Daí podermos falar de [[real]] e [[irreal]], de [[ideal]] e [[real]], porque este, em verdade, é a [[vigência]] do [[vigor]] da [[realidade]] pondo-se e depondo-se nas [[realizações]]. O [[Ser]] é [[doação]] enquanto [[tempo]], [[presença]], [[mundo]], [[sentido]] e [[realização]]. | ||
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+ | : - [[Manuel Antônio de Castro]] | ||
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+ | : [[Presença]] é o [[desvelamento]] do [[sendo]]. É a [[verdade]] dando-se como [[presença]] e guardando-se como [[não-verdade]]. [[Escutar]] é [[ver]] a [[verdade]] como [[presença]]. Por isso, [[presença]] é mais do que a [[visão]] de [[algo]], embora esta esteja incluída na [[presença]]. [[Presença]] é o [[real]] se presenteando na densidade do [[corpo]], onde [[tudo]] está contido: [[dança]], [[música]], [[poesia]], [[pintura]], escultura. | ||
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+ | : - [[Manuel Antônio de Castro]]. |
Edição atual tal como 22h15min de 3 de janeiro de 2025
1
- "A palavra portuguesa presença forma-se do latim: prae, que diz o que está antes e o que está à frente, mas no sentido de abertura, de lugar, o entre em que se dá a travessia destinal de cada sendo. Por isso, o radical de pre-sença, -sença, provém do latim -sentia, que implica o verbo latino esse, isto é, ser" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. O mito de Cura e o ser humano. In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 228.
2
- "Latência é o traço mais característico do ser enquanto presença, pois é o que em todo presente constitui a presença, e, para todo ser latente, a possibilidade mesma de sua latência" (1).
- Referência:
3
- "A presença é o tender permanente à plenificação, que é o acontecer que se dá no operar da própria obra. O que rege esse tender é a Cura. Daí tudo se centralizar, no que o ser humano é, em sua essência, em torno de Cura" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 226.
4
- "Há uma ligação profunda entre presença e presente. É que na presença o ser se faz tempo-presente e o presente é o ser vigorando enquanto tempo, é uma doação: o tempo dá-Se, torna-se presente" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. O mito de Cura e o ser humano. In: ---.Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 228.
5
- "Latência é o traço mais característico do ser enquanto presença, pois é o que em todo presente constitui a presença, e, para todo ser latente, a possibilidade mesma de sua latência" (1).
- Referência:
6
- "A dessacralização que domina hoje é devida a quê? Certamente muitos são os fatores. É no âmago dessa questão que a arte como questão se faz presente. Pode se falar em arte sem levar em consideração a questão do sagrado? Difícil. Porém, ela se faz presente de um modo muito simples e especial que se perdeu com o próprio distanciamento do sagrado acontecido na dinâmica dessas transformações históricas. Transformações essas que dizem respeito à própria dinâmica de o próprio sagrado se destinar. Mas ele, por mais que esteja esquecido, nunca se distancia e torna ausente como tal. Pelo contrário, sem sua presença, sua proximidade, tudo perderia o sentido e o próprio vigor de realização do real. E ele é próximo, tão próximo que até para sermos o que somos só podemos ser sendo essa proximidade. Porém, em tudo que fazemos temos a tendência, hoje e há muito tempo, a considerá-lo distante e inalcançável, como se ele fosse outro que não o vigor do que nos é próprio" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A presença constante do sagrado". In: https://travessiapoetica.blogspot.com.br/ postado em 23 de fevereiro de 2017.
7
- Realização é o vir a ser da realidade no seu manifestar-se em real, ou seja, a totalidade dos entes (ta onta), dos fenômenos. Como tal, todo fenômeno é uma realização da realidade constituindo o real. Toda realização é oblíqua e dissimulada porque nela a realidade se dá e retrai, se manifesta e vela. Toda realização é uma doação do ser. Daí podermos falar de real e irreal, de ideal e real, porque este, em verdade, é a vigência do vigor da realidade pondo-se e depondo-se nas realizações. O Ser é doação enquanto tempo, presença, mundo, sentido e realização.
8
- Presença é o desvelamento do sendo. É a verdade dando-se como presença e guardando-se como não-verdade. Escutar é ver a verdade como presença. Por isso, presença é mais do que a visão de algo, embora esta esteja incluída na presença. Presença é o real se presenteando na densidade do corpo, onde tudo está contido: dança, música, poesia, pintura, escultura.