Psicanálise

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Filosofia e psicanálise". In: ------. ''Aprendendo a pensar''. Petrópolis/RJ: Vozes, 1977, p. 52.
: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Filosofia e psicanálise". In: ------. ''Aprendendo a pensar''. Petrópolis/RJ: Vozes, 1977, p. 52.
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: O [[ser humano]] vive sempre na [[angústia]] do [[nada]], pois, de um lado, se descobre sempre, em sua [[finitude]], diante do [[infinito]] [[externo]] e, de outro, do [[infinito]] [[interno]]. Só aparentemente estes dois [[infinitos]] se [[opõem]], mas se [[diferenciam]]. E assim o [[ser humano]] [[vive]] o [[dilema]], melhor, a [[angústia]] de uma [[eterna]] [[aprendizagem]] de [[procura]] de si mesmo. Eis sua [[riqueza]] maior: sua [[finitude]] como [[destino]] de [[procura]] até a [[morte]]. Neste [[sentido]], a [[morte]] é uma [[necessidade]] [[ontológica]] e jamais o [[término]] de [[tudo]]. Não será pelo contrário o [[começo]] [[permanente]] de [[tudo]]? Nesse [[horizonte]] tanto a [[psicologia]] e a [[psiquiatria]] quanto toda e qualquer [[cosmologia]] se [[experienciam]] como sendo as [[mesmas]] [[questões]]. Daí o [[enigma]] e [[mistério]] em que [[vive]] [[todo]] [[ser humano]] desde que [[nasce]]. Para muitos o [[difícil]] é seguir [[permanentemente]] esse [[caminho]]. [[Procuramos]] [[desesperadamente]] a [[resposta]] dessas [[questões]]. E o que aí a [[ciência]] [[pode]] [[fazer]]? Se for [[verdadeira]] [[ciência]], pôr-nos a [[caminho]] de nos [[pensarmos]].
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: - [[Manuel Antônio de Castro]].

Edição de 15h46min de 17 de Dezembro de 2019

1

Geralmente emprega-se a palavra numinoso quando se quer nomear algo referente ao sagrado. Numinoso origina-se da palavra latina: Numen, numinis. Tem diversos significados (1). Exemplos: ordem, vontade, permissão, vontade divina, onipotência divina, divindade, estátua de uma divindade, poder divino, inspiração divina, oráculo, majestade. Num ditado famoso fica bem evidente o poder e a vontade divinos: " Nihil sine Dei numine geritur: Nada se faz sem a vontade divina. Vontade implica poder. Porém, não podemos confundir o poder e a vontade das forças divinas com o poder e a vontade da razão humana, da consciência humana. Essa diferença é essencial para compreender todo o poder do Destino e a impotência humana diante dele. Este jamais significa uma força cega e do acaso. Acontece que o alcance do poder da vontade humana fundada na razão é impotente para alcançar o âmbito do poder e da vontade divinos. Na literatura, um exemplo clássico é o personagem Édipo, da tragédia de Sófocles: Rei Édipo. Estas observações são importantes para compreendermos o alcance e limites da psicanálise, sobretudo a freudiana, que se fundamenta no poder da razão humana somente. Por isso Jung, mais aberto ao mistério da alma humana ou psique, criará o conceito de arquétipo. Diante disso tudo, só podemos afirmar o poder das obras de arte e o seu mistério. Qualquer teoria racional que as queira abarcar, classificando-as, se torna limitada e insuficiente. Por isso, é essencial se pensar uma Poética, no lugar de uma mera Estética racional e conceitual, que se mova somente nas questões e não nos conceitos racionais.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) KOEHLER, Pe. H., S.J. Dicionário Escolar Latino - Português. Porto Alegre, Editora Globo, 1957, p. 543.


2

"Há, pois, duas possibilidades, que brotam, se complementam e se integram na estrutura do pensar: o pensamento irrequieto, que calcula, e o pensamento sereno, que pensa o sentido. É da angústia deste pensamento do sentido que estamos fugindo hoje e na fuga lhe sentimos a falta. Por isso, procuramos preencher o vazio com discussões sobre filosofia e psicanálise" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Filosofia e psicanálise". In: ------. Aprendendo a pensar. Petrópolis/RJ: Vozes, 1977, p. 52.


3

O ser humano vive sempre na angústia do nada, pois, de um lado, se descobre sempre, em sua finitude, diante do infinito externo e, de outro, do infinito interno. Só aparentemente estes dois infinitos se opõem, mas se diferenciam. E assim o ser humano vive o dilema, melhor, a angústia de uma eterna aprendizagem de procura de si mesmo. Eis sua riqueza maior: sua finitude como destino de procura até a morte. Neste sentido, a morte é uma necessidade ontológica e jamais o término de tudo. Não será pelo contrário o começo permanente de tudo? Nesse horizonte tanto a psicologia e a psiquiatria quanto toda e qualquer cosmologia se experienciam como sendo as mesmas questões. Daí o enigma e mistério em que vive todo ser humano desde que nasce. Para muitos o difícil é seguir permanentemente esse caminho. Procuramos desesperadamente a resposta dessas questões. E o que aí a ciência pode fazer? Se for verdadeira ciência, pôr-nos a caminho de nos pensarmos.


- Manuel Antônio de Castro.
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