Onipotência

De Dicionário de Poética e Pensamento

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"Mas como poderás ser onipotente se tu não podes tudo? Como poderás ser onipotente desde que não é possível a ti nem morrer, nem mentir, nem fazer com que o verdadeiro se transforme em falso? Salvo se poder fazer coisas desta espécie não é potência, mas verdadeira impotência, pois quem pode fazer coisas assim, tem a possibilidade de fazer, evidentemente, coisas funestas e contrárias ao dever e, quanto mais tiver poder para fazê-las, tanto mais o mal e a perversidade adquirem força sobre ele e tanto menos ele consegue resistir-lhes. Quem tem, portanto, semelhante faculdade não possui o poder, mas o não-poder" (1).
Fica claro que nesta passagem, Santo Anselmo está discutindo os atributos de Deus, horizonte da sua existência, que é a questão central da sua obra Proslógio. Note-se bem que, no fundo, ele está pensando aqui a essência do mal. E torna-se essencial pensar esta questão. O pensamento de Santo Anselmo traz uma grande contribuição para apreendermos a essência do mal.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) ANSELMO, Santo. Proslógio. In: Os Pensadores. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 106.
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