Verbo

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: "A [[presença]] institui a [[realidade]]  como [[mundo]]. A [[representação]] reproduz o [[mundo]] instituído. Na [[sentença]], o núcleo é a [[vigência]] do [[verbo]]. [[Verbo]] é [[tempo]] e [[tempo]] é [[presente]]. Sem [[verbo]] não há [[língua]], se por [[verbo]] entendermos um  [[vigorar]] do [[tempo]] e não uma categoria gramatical. O [[vigorar]] da [[língua]] é a [[linguagem]]" (1).
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: "A [[presença]] institui a [[realidade]]  como [[mundo]]. A [[representação]] reproduz o [[mundo]] instituído. Na [[sentença]], o núcleo é a [[vigência]] do [[verbo]]. [[Verbo]] é [[tempo]] e [[tempo]] é [[presente]]. Sem [[verbo]] não há [[língua]], se por [[verbo]] entendermos um  [[vigorar]] do [[tempo]] e não uma [[categoria]] gramatical. O [[vigorar]] da [[língua]] é a [[linguagem]]" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Identidade: os dois ocidentes". In: TAVARES, Renata e Outros (org.). ''O sagrado, a arte e a família''. São Paulo: Editora LiberArs, p. 28, 2011.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Identidade: os dois ocidentes". In: TAVARES, Renata e Outros (org.). '''O sagrado, a arte e a família'''. São Paulo: Editora LiberArs, p. 28, 2011.
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: Porém, algo distingue o [[ser humano]]: o ''[[logos]]'', a ''[[palavra]]'' ou ''[[verbo]]''. [[Verbo]] origina-se da [[palavra]] latina [[verbum]], [[tradução]] latina de [[logos]]. E por isso pode [[acontecer]] o [[educar]]: o ser conduzido para a [[manifestação]] de suas [[possibilidades]] de [[diferença]] e [[próprio]], num processo de apropriação. Ou seja, ele é um [[sendo]] entre o [[limite]] e o [[não-limite]]: [[entre-ser]]. Enfim, é um [[sendo]] que vigora no [[sentido]] da [[palavra]] (''[[logos]]'') e no [[sentido]] do [[pensamento]] (''[[dianoia]]''). E isso o diferencia dos demais [[entes]].
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: "Quando digo o [[sendo]] [[substantivo]]. Quando digo o [[sendo]] sendo, verbalizo, porque no [[sendo]] [[sendo]], este só pode estar sendo porque originariamente é [[verbo]], [[possibilidade]] de e para [[possibilidade]]. [[Verbo]] [[é]] o [[agir]] do [[possível]]. O [[sendo]] [[substantivo]] [[é]] o [[sendo]] no [[limite]]. O [[sendo]] [[sendo]], [[verbal]], [[é]] o [[sendo]] deixando [[vigorar]] o [[não-limite]], [[sendo]] o [[não-ser]] que desde sempre já é enquanto [[possibilidade]] de e para [[possibilidade]] (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: -----. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 309.
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: "Por que [[Ulisses]] vence [[Circe]]? Ele se abre para a [[fala]] e [[escuta]] de [[Hermes]], o [[mensageiro]] dos [[deuses]], a [[palavra]] [[originária]], [[sagrada]] e [[poética]]. O [[radical]] de [[Hermes]], ''wre'' ou ''wer'', é indo-europeu e significa [[palavra]]. Esta se origina do [[verbo]] [[grego]] ''pará-ballein'': o lançar no [[entre]], daí toda [[palavra]] ser portadora e a própria [[mensagem]].  [[Ulisses]] só vence porque é portador do [[saber]] de [[Hermes]], a própria [[Linguagem]], o [[mito]] dos mitos e [[ritos]], o [[sagrado]] [[primordial]] e [[originário]]" (1).
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: De ''wre'' ou ''wer'' se originou a [[palavra]] latina ''verbum'', em português, [[verbo]]. O caráter [[sagrado]] de [[Hermes]], ''Verbum'', em [[latim]], fica [[evidente]] nos [[Evangelhos]], onde [[Cristo]] é chamado de ''Verbum''. No [[princípio]] era o [[Verbo]], diz São João no início de seu [[Evangelho]].
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: - [[Manuel Antônio de Castro]].
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 156.
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: "''O [[mesmo]] [[é]] [[pensar]]'' e ''O [[mesmo]] [[é]] [[ser]]'', para o [[sujeito]] O [[mesmo]], mas este não pode [[vigorar]] sem o [[ser]] [[sendo]], enquanto [[vigorar]] do [[ser]] em cada e em [[todo]] [[é]]. Mas para ser tal [[vigorar]], o [[é]] de cada [[proposição]] não pode se [[tornar]] um [[verbo]] fraco, de mera [[ligação]], em [[virtude]] do [[poder]] do [[sujeito]], aqui neste caso, do ''[[mesmo]]''. Pelo contrário, é [[impossível]] o ''[[mesmo]]'' [[vigorar]] na [[proposição]] como [[sujeito]] sem o [[vigorar]] do [[é]], isto é, do [[ser]]. É nesse [[sentido]] que o [[ser]] enquanto [[é]] [[é]] o [[ser]] de [[todos]] os [[verbos]] e [[é]] o [[fundar]] do [[sujeito]] no que este se enuncia enquanto [[fundamento]]" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. Citação retirada do ensaio "Espelho: o perigoso caminho do  auto-diálogo". Ainda não publicado.
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: "Se [[linguagem]], [[sentido]] e [[mundo]] já vigoram em toda [[manifestação]] de qualquer [[ser]], de qualquer [[coisa]], de qualquer [[ser humano]], esse [[vigorar]] diz justamente o que na [[gramática]] se chamou de [[verbo]]. A [[palavra]] [[grega]] é ''[[rhema]]''. Ela indica todo aquele que fala. Temos de considerar aí a [[fala]] de quem fala e as [[possibilidades]] de quem fala. E agora podemos notar como em toda [[fala]] já vigora também a [[escuta]], sem a qual toda [[fala]] é inútil e até [[impossível]]. Isso quer [[dizer]] que a [[escuta]] já é uma [[posição]] possível anterior a toda e qualquer [[fala]], melhor: sem uma não há a outra. Portanto, [[fala]] e [[escuta]] já vigoram na [[linguagem]], [[sentido]] e [[mundo]]" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O próprio como possibilidades". In:------. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 131.
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: "Conjugar um [[verbo]] é, pois, conjugar [[identidades]] e [[diferenças]]. Até porque o [[verbo]] é o [[dizer]] da ''[[physis]]'' / [[ser]] enquanto [[tempo]]. E isso é a ''[[poiesis]]'', porque ''[[poiesis]]'' é a [[essência]] do [[agir]] como [[tempo]] da ''[[physis]] / [[ser]]'' "(1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. '''Linguagem: nosso maior bem'''. Série Aulas Inaugurais. Faculdade de Letras, UFRJ, 2o. sem. / 2004, p. 23.

Edição atual tal como 14h58min de 16 de janeiro de 2024

1

"A presença institui a realidade como mundo. A representação reproduz o mundo instituído. Na sentença, o núcleo é a vigência do verbo. Verbo é tempo e tempo é presente. Sem verbo não há língua, se por verbo entendermos um vigorar do tempo e não uma categoria gramatical. O vigorar da língua é a linguagem" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Identidade: os dois ocidentes". In: TAVARES, Renata e Outros (org.). O sagrado, a arte e a família. São Paulo: Editora LiberArs, p. 28, 2011.

2

Porém, algo distingue o ser humano: o logos, a palavra ou verbo. Verbo origina-se da palavra latina verbum, tradução latina de logos. E por isso pode acontecer o educar: o ser conduzido para a manifestação de suas possibilidades de diferença e próprio, num processo de apropriação. Ou seja, ele é um sendo entre o limite e o não-limite: entre-ser. Enfim, é um sendo que vigora no sentido da palavra (logos) e no sentido do pensamento (dianoia). E isso o diferencia dos demais entes.


- Manuel Antônio de Castro.

3

"Quando digo o sendo substantivo. Quando digo o sendo sendo, verbalizo, porque no sendo sendo, este só pode estar sendo porque originariamente é verbo, possibilidade de e para possibilidade. Verbo é o agir do possível. O sendo substantivo é o sendo no limite. O sendo sendo, verbal, é o sendo deixando vigorar o não-limite, sendo o não-ser que desde sempre já é enquanto possibilidade de e para possibilidade (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 309.

4

"Por que Ulisses vence Circe? Ele se abre para a fala e escuta de Hermes, o mensageiro dos deuses, a palavra originária, sagrada e poética. O radical de Hermes, wre ou wer, é indo-europeu e significa palavra. Esta se origina do verbo grego pará-ballein: o lançar no entre, daí toda palavra ser portadora e a própria mensagem. Ulisses só vence porque é portador do saber de Hermes, a própria Linguagem, o mito dos mitos e ritos, o sagrado primordial e originário" (1).
De wre ou wer se originou a palavra latina verbum, em português, verbo. O caráter sagrado de Hermes, Verbum, em latim, fica evidente nos Evangelhos, onde Cristo é chamado de Verbum. No princípio era o Verbo, diz São João no início de seu Evangelho.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 156.

5

"O mesmo é pensar e O mesmo é ser, para o sujeito O mesmo, mas este não pode vigorar sem o ser sendo, enquanto vigorar do ser em cada e em todo é. Mas para ser tal vigorar, o é de cada proposição não pode se tornar um verbo fraco, de mera ligação, em virtude do poder do sujeito, aqui neste caso, do mesmo. Pelo contrário, é impossível o mesmo vigorar na proposição como sujeito sem o vigorar do é, isto é, do ser. É nesse sentido que o ser enquanto é é o ser de todos os verbos e é o fundar do sujeito no que este se enuncia enquanto fundamento" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. Citação retirada do ensaio "Espelho: o perigoso caminho do auto-diálogo". Ainda não publicado.

6

"Se linguagem, sentido e mundo já vigoram em toda manifestação de qualquer ser, de qualquer coisa, de qualquer ser humano, esse vigorar diz justamente o que na gramática se chamou de verbo. A palavra grega é rhema. Ela indica todo aquele que fala. Temos de considerar aí a fala de quem fala e as possibilidades de quem fala. E agora podemos notar como em toda fala já vigora também a escuta, sem a qual toda fala é inútil e até impossível. Isso quer dizer que a escuta já é uma posição possível anterior a toda e qualquer fala, melhor: sem uma não há a outra. Portanto, fala e escuta já vigoram na linguagem, sentido e mundo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O próprio como possibilidades". In:------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 131.

7

"Conjugar um verbo é, pois, conjugar identidades e diferenças. Até porque o verbo é o dizer da physis / ser enquanto tempo. E isso é a poiesis, porque poiesis é a essência do agir como tempo da physis / ser "(1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. Linguagem: nosso maior bem. Série Aulas Inaugurais. Faculdade de Letras, UFRJ, 2o. sem. / 2004, p. 23.