Posição

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: "Não se pode estabelecer todo [[relacionamento]] numa [[posição]], a não ser aceitando a [[multiplicidade]] de [[posições]]. Na [[multiplicidade]] você se coloca, assume uma [[posição]]. Sempre há o [[outro]], o diferente, tanto o [[outro]] do [[outro]], quanto o [[outro]] de si mesmo, em cada [[posição]]. O [[outro]] é a [[diferença]] do próprio [[movimento]] de constituir uma [[diferença]], uma [[posição]]. Toda [[posição]] se mantém numa [[processo]] de diferenciação, já é em si mesma um [[outro]] e traz consigo a dinâmica de [[diferenciação]] de sua [[proveniência]]" (1). A [[questão]] da [[posição]] se torna decisiva para [[compreender]] a [[profundidade]] de uma outra [[questão]] decisiva na [[vida]] de todo [[ser humano]] e até na sucessão [[dialética]] das [[épocas]]: o [[diálogo]]. Só há [[diálogo]] [[verdadeiro]] quando se admitem [[posições]] diferentes.

Edição de 01h24min de 19 de Outubro de 2018

Tabela de conteúdo

1

Normalmente indicamos uma posição pelas corretas indicações de tempo e espaço. Porém, estas não são causalmente anteriores à posição. Não há posição sem o nós-mesmos, sem o próprio. Por quê? As corretas indicações circunstanciais ainda não indicam nem manifestam o que propriamente somos, o nosso si-mesmo. É que o si-mesmo precede a posição, não cronológica mas ontologicamente. E neste caso dá para perceber bem como se diferenciam o cronológico e o ontológico. A nossa posição manifesta o nosso estar, em qualquer circunstância. E o si-mesmo é o que somos em qualquer circunstância. Os dados circunstanciais indicam e manifestam estados, conscientes ou inconscientes, sociais ou psicológicos, culturais ou familiares. O estar é uma possibilidade do si-mesmo, do próprio, mas este não é determinado nem originado pelo estar e suas circunstâncias. Estas dependem das coordenadas de tempo e espaço e com elas se extinguem e mudam. Já o próprio se afirma e vigora nas e com as circunstâncias sem a elas ficar preso ou delas ficar dependente. No vigorar do que se é, do próprio, as circunstâncias são literalmente circunstanciais. É nesse horizonte que o estou não é o sou. Toda posição é circunstancial, mas o sou a funda. E nem sempre o estou é a manifestação do sou. O estou circunstancial pode ser circunstancial, o que jamais pode acontecer com o sou. É nessa tensão que se dá o autêntico e o inautêntico. O esquecimento do que somos, do que nos é próprio, pode decorrer de o estar tomar o lugar do sou. É por isso que o eu está relacionado às circunstâncias, que podem tornar-se máscaras ou aparências.


- Manuel Antônio de Castro
Ver também:
O conto de Machado de Assis: "O espelho" e o conto de Guimarães Rosa: "O espelho", este no livro Primeiras estórias de Rosa.

2

"Não se pode estabelecer todo relacionamento numa posição, a não ser aceitando a multiplicidade de posições. Na multiplicidade você se coloca, assume uma posição. Sempre há o outro, o diferente, tanto o outro do outro, quanto o outro de si mesmo, em cada posição. O outro é a diferença do próprio movimento de constituir uma diferença, uma posição. Toda posição se mantém numa processo de diferenciação, já é em si mesma um outro e traz consigo a dinâmica de diferenciação de sua proveniência" (1). A questão da posição se torna decisiva para compreender a profundidade de uma outra questão decisiva na vida de todo ser humano e até na sucessão dialética das épocas: o diálogo. Só há diálogo verdadeiro quando se admitem posições diferentes.


- Manuel Antônio de Castro
Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O caminho genealógico de Platão". In: --------. Filosofia grega: uma introdução. Teresópolis: Daimon Editora, 2010, p. 212.

3

"Toda fala poética e de pensamento é tomar posição. Não há posição sem o silêncio, o vazio que se retrai e vela em todo posicionar-se. Por quê? No posicionar-se, o ser se dá como presença. Dá-se, retraindo-se. Acolhe, velando-se. É o amar vigorando no e a partir do enigma do mistério" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 293.

4

"Explicar a fala é explicar a realidade e o mundo, enfim, a referência de ser e essência do ser humano. É a teoria da proposição. Esta, no discurso de qualquer língua, sempre se faz presente. Mas pode-se pensar a proposição sem já haver uma decisão sobre a posição? E o que tem a ver posição e fala? As teorias gramaticais e linguísticas são já desdobramentos sobre a de-cisão metafísica pelo fundamento, a respeito da referência de ser e ser humano" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O próprio como possibilidades". In: --------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 126.


5

"Toda fala poética e de pensamento é tomar posição. Não há posição sem o silêncio, o vazio que se retrai e vela em todo posicionar-se. Por quê? No posicionar-se, o ser se dá como presença. Dá-se, retraindo-se. Acolhe, velando-se. É o amar vigorando no e a partir do enigma do mistério" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 293.


6

"Os bens respondem e correspondem às necessidades dos viventes pelo fato de estarem sendo, de ocuparem, como finitos, posições e além posições, pois cada um é um entre-ser. Toda finitude implica liminaridade. O bem responde e corresponde à necessidade do ser vida" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “O mito de Midas da morte ou do ser feliz”. In: ------. ‘’Arte: o humano e o destino’’. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 206.


7

"Ser é deixar-se tomar pelo vigorar do silêncio. É tomar a posição do acontecer do silêncio, isto é, a não-posição, como fonte de toda e qualquer possível posição" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: --------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 272.
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