Diferença

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: "O [[substantivo]], no entanto, desencadeia [[realidade ontológica]] em que toda [[coisa]] é e ao mesmo tempo não é, numa [[disputa]] dinâmica em que vigora a [[diferença]] e por [[diferença]] não se quer dizer aqui “oposição” já que toda [[oposição]] se baseia numa [[medida]] ideal cuja [[identidade]] já foi estabelecida de antemão. A própria [[palavra]] [[diferença]]” já aponta para o convívio [[entre]] duas [[dimensões]] distintas: a do conhecido/revelado/aquilo que é e a do desconhecido/velado/aquilo que não é" (1).
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: "Porém, tanto o sabido “[[é]]” (pois eu o sei como algo que é) como também o não-sabido “[[é]]” (pois só assim posso [[perguntar]] por ele): ambos “são” e, assim, ambos estão postos no ser-na-sua-totalidade. Deste modo, eu ponho no [[exercício]] [[concreto]] da [[pergunta]] uma [[identidade]] [[entre]] o [[ser]] e o [[saber]], e uma [[diferença]] [[entre]] o [[ser]] o [[saber]], ao mesmo tempo. Significa isto que na [[pergunta]] está posta a [[diferença]] [[entre]] o [[ser]] posto no meu [[saber]] e o [[ser]] que ultrapassa o meu [[saber]]" (1).
: Referência:
: Referência:
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: (1) MAROUVO, Patrícia. ''Desvelo do instante poético em ''[[Água viva]]'' ''. 2012. Dissertação (Mestrado em Poética) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, pp. 25-26.
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: (1) HUMMES, o.f.m. Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
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Edição de 14h29min de 22 de Junho de 2020

1

Toda diferenciação é um crescer tendo como fim, como plena realização, o que lhe dá sentido e atrai: o ser originário, o desejo a ser conquistado. Toda diferença procura a origem daquilo que a constitui, pois é a partir dela, vigorando nela, que se diferencia e é. Mas é um aproximar-se do que se retrai não para outra posição, mas para o que já desde sempre é: vazio, plenitude, não-posição, nada criativo (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: ------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 307.

2

"A palavra grega homologia se compõe de dois étimos: hom- e lg. O primeiro remete para a igualdade que, em união com as diferenças, constitui a identidade. Na homologia prevalece a concordância sobre a divergência. É que tanto a igualdade quanto a diferença vivem, na identidade, de uma tensão de contrários. A igualdade não somente tolera a diferenciação como se nutre das diferenças para elaborar uma identidade fecunda, que não apenas partilha, mas compartilha com os homens de todas as épocas. Pois é a dinâmica desta união matriz que cumpre o segundo étimo lg, de homo-logia" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Apresentação". In: -------. Filosofia grega - uma introdução. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2010, p. 7.

3

"Porém, tanto o sabido “é” (pois eu o sei como algo que é) como também o não-sabido “é” (pois só assim posso perguntar por ele): ambos “são” e, assim, ambos estão postos no ser-na-sua-totalidade. Deste modo, eu ponho no exercício concreto da pergunta uma identidade entre o ser e o saber, e uma diferença entre o ser o saber, ao mesmo tempo. Significa isto que na pergunta está posta a diferença entre o ser posto no meu saber e o ser que ultrapassa o meu saber" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

4

A palavra escolhida (diferença) quer dizer o que ela diz: o diferente não estabelece nenhuma escala de valores comparativos, impossíveis em termos de obras de arte. Ela quer dizer o que diz: a realidade jamais se repete e se mostra sempre em novas dimensões, porque a realidade é um incessante acontecer, não em um eterno retorno, mas em uma inaugurabilidade originária que tanto mais se manifesta como o vigorar do novo quanto mais se funda e afunda no nada de suas possibilidades poéticas. Esse eidos ou idea de que nos falou Platão, isto é, ousia.


- Manuel Antônio de Castro

5

"O uno não admite divisão. Toda e qualquer forma de divisão é já desintegração, é já destruição do uno. Para que se apresente o uno com sentido é incondicional a sua indivisibilidade. O uno não é analisável. Ele constitui um outro irreversível. É essa irreversibilidade que assegura em qualquer instância ou dimensão, sempre, a possibilidade de que se estabeleça uma dinâmica propícia à instauração de um logos, de um sentido da instauração de uma instância de proferição. Radicalmente: o uno é a vigência do uno enquanto uno. Em última instância é a vigência da diferença, é a radicalização da diferença no encaminhamento que leva a diferença à sua instância mais radical, à sua raiz" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 84.

6

"Por detrás de todo humanismo há uma questão maior, porque essencial e não apenas atributiva e acidental. É o desafio de pensar o humano de todo ser humano, em todas as épocas e culturas no seu ético. Como não se pode separar o humano histórico de todo e qualquer ser humano, houve a necessidade de se pensar o universal de uma maneira não apenas epistemológica, mas ontológica, isto é, onde haja uma unidade do universal com o singular e próprio, da identidade com a diferença, numa permanente dialética e diálogo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 20.

7

"Um vive, e muito se vê... Reperguntei qual era o mote. - Um outro pode ser a gente: mas a gente não pode ser um outro, nem convém..." (1).


Referência:
ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6. e. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1968, p. 347.

8

"A diferença e referência entre consciente e inconsciente não se pode reduzir apenas a mecanismos e processadores, mas inclui ambas as coisas. O que a fenomenologia do fenômeno nos faz perceber é que qualquer emergente na vida perfaz um movimento só na criação das pessoas. Sem o percurso desta identidade, de igualdade e diferença, não é possível sentir-se dentro nem encontrar-se com movimento de transformação da fenomenologia de todo fenômeno. Assim é indispensável passar dos mecanismos para o sentido que revelam e a que visam os mecanismos" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Análise da Existência humana em Binswanger". In: -----. Filosofia contemporânea. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 70.