Casa
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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- | : (2)''Tão-Te-King'', cap. 11. In: BUZZI, Arcângelo R. ''Itinerário''. Petrópolis: Vozes, 1977, p. 14. | + | : (2)'''Tão-Te-King''', cap. 11. In: BUZZI, Arcângelo R. '''Itinerário'''. Petrópolis: Vozes, 1977, p. 14. |
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: A [[tradução]] de ''[[Ethos]]'' por [[morada]] nos projeta nesta na medida em que [[morada]] diz então o [[sentido]], o [[mundo]], a [[linguagem]] que fazem e constituem o [[ser humano]], e são o [[horizonte]] de seus [[valores]], de sua [[ética]]. Isso o diferencia dos demais [[entes]], constituindo-o como o existente, ou seja, é sua [[diferença ontológica]]. | : A [[tradução]] de ''[[Ethos]]'' por [[morada]] nos projeta nesta na medida em que [[morada]] diz então o [[sentido]], o [[mundo]], a [[linguagem]] que fazem e constituem o [[ser humano]], e são o [[horizonte]] de seus [[valores]], de sua [[ética]]. Isso o diferencia dos demais [[entes]], constituindo-o como o existente, ou seja, é sua [[diferença ontológica]]. | ||
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- | : "Poderíamos ainda seguir as [[vias]] dos [[envios]] do corpo social que acolhe numa única [[corporeidade]] diversos corpos, que são um [[corpo]], e muitos. A casa da [[família]], vigorosa corporeidade! É o [[lugar]] de todos, a casa é de todos os seus moradores, ao mesmo tempo, e que dá lugar a cada um. Cada um tem seu [[lugar]] na casa e ainda assim a casa é de todos" (1). | + | : "Poderíamos ainda seguir as [[vias]] dos [[envios]] do [[corpo]] [[social]] que acolhe numa única [[corporeidade]] diversos [[corpos]], que são um [[corpo]], e muitos. A [[casa]] da [[família]], vigorosa [[corporeidade]]! É o [[lugar]] de todos, a [[casa]] é de todos os seus moradores, ao mesmo tempo, e que dá lugar a cada um. Cada um tem seu [[lugar]] na [[casa]] e ainda assim a [[casa]] é de todos" (1). |
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- | : (1) BRAGA, Diego. "A terceira margem do mito: hermenêutica da corporeidade". In: ''Terceira margem''. Revista do Programa de Pós-graduação em Ciência da Literatura da UFRJ. Ano XIV, 22, jan.-jun, 2010, p. 63. | + | : (1) BRAGA, Diego. "A terceira margem do mito: hermenêutica da corporeidade". In: '''Terceira margem'''. Revista do Programa de Pós-graduação em Ciência da Literatura da UFRJ. Ano XIV, 22, jan.-jun, 2010, p. 63. |
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- | : (1) HERÁCLITO, frag. 119. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. In: ''Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito''. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 91. | + | : (1) HERÁCLITO, frag. 119. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. In: '''Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito'''. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 91. |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Filosofia e o pensamento do corpo". In: ''Desdobramentos do corpo no século XXI''. MONTEIRO, Maria Conceição & GIUCCI, Guilhermo (orgs.). Rio de Janeiro: FAPERJ, Editora Caetés, 2016, p. 24. | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Filosofia e o pensamento do corpo". In: '''Desdobramentos do corpo no século XXI'''. MONTEIRO, Maria Conceição & GIUCCI, Guilhermo (orgs.). Rio de Janeiro: FAPERJ, Editora Caetés, 2016, p. 24. |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: ---. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 249. |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. ''Espelho: o penoso caminho do auto-diálogo''. Ensaio ainda não publicado. | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. '''Espelho: o penoso caminho do auto-diálogo'''. Ensaio ainda não publicado. |
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+ | : (1) KAUR, rupi. '''meu corpo / minha casa'''. Trad. Ana Guadalupe. São Paulo: Editora Planeta, 2020, p. 160. | ||
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+ | : "[[Casas]] são refúgios [[sagrados]]. Todos nós, não importa a [[profissão]], criamos nossa [[história]] de [[vida]] [[entre]] quatro paredes" (1). | ||
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+ | : (1) MEDEIROS, Martha. "Não é apenas uma casa". In:---. '''O Globo''', Revista '''Ela''', ''Crônica'', 31 de julho de 2022, p. 7. |
Edição atual tal como 16h21min de 1 de Agosto de 2022
Tabela de conteúdo |
1
- Casa é uma imagem-questão da linguagem como o habitar do ser humano no Ser, na realidade, na physis, diziam os gregos. É nesse horizonte de pensamento que o pensador Martin Heidegger diz na Carta sobre o humanismo: "A linguagem é a casa do Ser. Em sua habitação mora o homem. Os pensadores e poetas lhe servem de vigias. Sua vigília é consumar a manifestação do Ser, porquanto, por seu dizer, a tornam linguagem e a conservam na linguagem" (1). A linguagem é o mistério do Ser. E não apenas uma formulação de um pensador alemão do século XX. É uma questão sem data, porém, sempre contemporânea. A mesma questão já se manifesta num poema chinês, proferida há alguns milênios anteriores a essa provocação, quando diz:
- "...........................
- Casam-se paredes e se encaixam portas
- Mas é onde não há nada
- Que se está em casa.
- ..........................." (2)
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Carta sobre o humanismo. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967, p.24.
- (2)Tão-Te-King, cap. 11. In: BUZZI, Arcângelo R. Itinerário. Petrópolis: Vozes, 1977, p. 14.
- Consulte também Habitação.
2
- A família, entendida como genos, sempre congregou toda a casa. É nesse sentido que a casa é morada, pois nela se fazem presentes todos os que constituem a família. Isso é o genos. Justamente por isso, a casa, a morada, está ligada à linguagem, porque, enfim, a morada não são as quatro paredes, mas o vazio que acolhe a todos, na delimitação das quatro paredes e de quantos cômodos compõem cada casa. É nesse sentido que nosso corpo é nossa casa, porque nela habita o que somos. O vazio, o nada das paredes, é a memória, que não passa, mas acolhe a todos, isto é, lhes dá sentido porque o sentido é a linguagem vigorando. A linguagem é a casa do ser, porque o ser é a memória, o tempo, a vida, a morte: a impossibilidade de todas as possibilidades.
3
- " Ethos anthroupou daimon " - "A morada do homem, o extraordinário"(1).
- A tradução de Ethos por morada nos projeta nesta na medida em que morada diz então o sentido, o mundo, a linguagem que fazem e constituem o ser humano, e são o horizonte de seus valores, de sua ética. Isso o diferencia dos demais entes, constituindo-o como o existente, ou seja, é sua diferença ontológica.
- Referência:
- (1) HERÁCLITO, frag. 119. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. In: Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 91.
4
- "Poderíamos ainda seguir as vias dos envios do corpo social que acolhe numa única corporeidade diversos corpos, que são um corpo, e muitos. A casa da família, vigorosa corporeidade! É o lugar de todos, a casa é de todos os seus moradores, ao mesmo tempo, e que dá lugar a cada um. Cada um tem seu lugar na casa e ainda assim a casa é de todos" (1).
- Referência:
- (1) BRAGA, Diego. "A terceira margem do mito: hermenêutica da corporeidade". In: Terceira margem. Revista do Programa de Pós-graduação em Ciência da Literatura da UFRJ. Ano XIV, 22, jan.-jun, 2010, p. 63.
5
- " Ethos anthroupou daimon " - "A morada do homem, o extraordinário"(1)
- Referência:
- (1) HERÁCLITO, frag. 119. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. In: Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 91.
6
- "Energia Cósmica. É difícil apreender toda importância desta energia pela densidade e amplitude de sua atuação e presença. Aí cósmica não diz uma noção científica e astronômica, espacial. Não se trata de meio ambiente no sentido espacial. Propriamente diz habitação, morada, onde, além de entrar em harmonia com tudo e todos, também vigora aí a energia cósmica como mundo e sentido de tudo. Habitar é o difícil exercício existencial de harmonizar essa tensão diferenciadora entre o que sou e o lugar do habitar, pois este não determina, mas influi ou para Yin ou para Yan. Isso é ser corpo" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Filosofia e o pensamento do corpo". In: Desdobramentos do corpo no século XXI. MONTEIRO, Maria Conceição & GIUCCI, Guilhermo (orgs.). Rio de Janeiro: FAPERJ, Editora Caetés, 2016, p. 24.
7
- "A importância fundamental disto está em nos descobrirmos no futuro como a vigência permanente do passado, que, por ser memória, não passa. Vigora. É o vigorar do sagrado. O culto da memória foi o núcleo central de toda atividade em torno do sagrado. E nesse núcleo a família, entendida como genos, sempre congregou toda a casa. É nesse sentido que a casa é a morada, pois nela se fazem presentes todos os que constituem a família. Isso é o genos. Justamente por isso, a casa, a morada, está ligada à linguagem, porque, enfim, a morada não são as quatro paredes, mas o vazio que acolhe no vazio, delimitado pelas quatro paredes, a todos, na delimitação das quatro paredes e de quantos cômodos compõem cada casa. É nesse sentido que nosso corpo é nossa casa, porque nela habita o que somos" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 249.
8
- "A minha casa, costumo dizer, é todo o lugar onde estão as pessoas que amo. Contudo, não é inteiramente verdade, porque já me aconteceu estar com as pessoas que amo em lugares nos quais não me sinto em casa. Então, descobri a resposta: a minha casa é todo o lugar onde não preciso explicar quem sou. Apenas sou" (1).
- Referência:
- (1) AGUALUSA, José Eduardo. "Minha Casa". In: .... O Globo, Segundo Caderno, 14-03-2020, p. 6.
9
- "Como falar de diferenças se elas já não se movessem no sentido da unidade? Ter unidade é mover-se no sentido. Uma justaposição de tijolos ainda não é uma casa. Eles se tornam casa quando se reúnem numa unidade: a casa. Esta como unidade é prévia aos tijolos. Prévia diz aí a abertura do homem para o sentido da unidade, do logos. A unidade acontecendo é o sentido. O sentido acontecendo é a linguagem" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. Espelho: o penoso caminho do auto-diálogo. Ensaio ainda não publicado.
10
- mergulho na nascente do meu corpo
- e chego a outro mundo
- eu tenho tudo
- de que preciso aqui dentro
- não há motivo para procurar
- em outro lugar
- - casa (1)
- Referência:
- (1) KAUR, rupi. meu corpo / minha casa. Trad. Ana Guadalupe. São Paulo: Editora Planeta, 2020, p. 160.
11
- "Casas são refúgios sagrados. Todos nós, não importa a profissão, criamos nossa história de vida entre quatro paredes" (1).
- Referência:
- (1) MEDEIROS, Martha. "Não é apenas uma casa". In:---. O Globo, Revista Ela, Crônica, 31 de julho de 2022, p. 7.