Facticidade
De Dicionrio de Potica e Pensamento
(Diferença entre revisões)
(→1) |
(→2) |
||
Linha 6: | Linha 6: | ||
== 2 == | == 2 == | ||
- | : A [[necessidade]] do livre-ser está ligada à [[facticidade]] e não a qualquer outra [[necessidade]] como outros [[fatos]]: um incidente, um acidente, algo passado, um encontro, a [[necessidade]] de comer, o [[fato]] de que o [[dia]] nasce, morre, se manifesta, enfim, qualquer [[fato]]. Estes [[fatos]] só podem ser lidos e compreendidos como [[fatos]] porque há a [[facticidade]]. A [[facticidade]] do [[ser-humano]] diz radicalmente que ele é [[Cura]], é [[entre-ser]] (diz [[Heidegger]]: ''Da-sein''), é [[liminaridade]], é [[abertura]] ao [[ser]], [[é]] [[entre]]-[[compreensão]], [[é]] [[livre]]-[[ser]] para apropriar-se do que é [[próprio]]. E o que é [[próprio]] é o que somos a partir do [[acontecer]] da [[clareira]] do ser, do ser do não-ser, do Tudo de Nada. Enfim, é | + | : A [[necessidade]] do livre-ser está ligada à [[facticidade]] e não a qualquer outra [[necessidade]] como outros [[fatos]]: um incidente, um acidente, algo passado, um encontro, a [[necessidade]] de comer, o [[fato]] de que o [[dia]] nasce, morre, se manifesta, enfim, qualquer [[fato]]. Estes [[fatos]] só podem ser lidos e compreendidos como [[fatos]] porque há a [[facticidade]]. A [[facticidade]] do [[ser-humano]] diz radicalmente que ele é [[Cura]], é [[entre-ser]] (diz [[Heidegger]]: ''Da-sein''), é [[liminaridade]], é [[abertura]] ao [[ser]], [[é]] [[entre]]-[[compreensão]], [[é]] [[livre]]-[[ser]] para apropriar-se do que é [[próprio]]. E o que é [[próprio]] é o que somos a partir do [[acontecer]] da [[clareira]] do ser, do ser do não-ser, do Tudo de Nada. Enfim, é ec-sistir / ek-sistir, ou seja, [[existência]]. |
Edição de 19h37min de 20 de março de 2025
1
- Facticidade é o que distingue os seres humanos de todos os outros sendos (entes). Por isso ele é nomeado por Heidegger como Entre-ser (Da-sein). Essa diferenciação consiste em que o Entre-ser é um sendo intramundano (In der Welt sein), o que lhe permite ser capaz de se compreender como sendo possibilidades de e para possibilidades. Essa abertura de horizonte acontece porque compreende o ser sendo que funda seu mundo. Isso o diferencia dos outros sendos (entes) e também dos próprios fatos como o já feito e determinado. O estar jogado no mundo é um outro nome para dizer a facticidade e caracterizar o ser humano naquilo que o faz humano. Mas a facticidade do Entre-ser também faz com que ele seja ontologicamente um Mit-sein (um ser-com os outros Entre-seres), horizonte de sua essência político-social e histórica.
2
- A necessidade do livre-ser está ligada à facticidade e não a qualquer outra necessidade como outros fatos: um incidente, um acidente, algo passado, um encontro, a necessidade de comer, o fato de que o dia nasce, morre, se manifesta, enfim, qualquer fato. Estes fatos só podem ser lidos e compreendidos como fatos porque há a facticidade. A facticidade do ser-humano diz radicalmente que ele é Cura, é entre-ser (diz Heidegger: Da-sein), é liminaridade, é abertura ao ser, é entre-compreensão, é livre-ser para apropriar-se do que é próprio. E o que é próprio é o que somos a partir do acontecer da clareira do ser, do ser do não-ser, do Tudo de Nada. Enfim, é ec-sistir / ek-sistir, ou seja, existência.
3
- "Heidegger referindo-se ao mesmo “entre” nas três dimensões (acima citadas), assim caracteriza a terceira: “Devemos saber que ... este “entre” não se estende, como uma corda, entre a coisa e o homem, mas que este “entre”, como captação prévia, capta para além da coisa e, ao mesmo tempo, por detrás de nós” (Heidegger, 1992: 231)(2). Tão importante como a intuição originária é nossa facticidade. Esta diz da nossa condição de estarmos lançados no mundo. Não é uma escolha nossa. Isto diz algo muito simples: o que é mundo não nos é dado pela consciência. O seu sentido é prévio a todo ato racional. Nesse sentido, o mundo é a própria intuição originária" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o entre". Rio de Janeiro: Revista Tempo Brasileiro: Interdisciplinaridade: dimensões poéticas, 164, jan.-mar., 2006, p. 31.
- (2) HEIDEGGER, Martin. Que é uma coisa? Lisboa: Edições 70, 1992.