Errância
De Dicionrio de Potica e Pensamento
(Diferença entre revisões)
(→2) |
(→5) |
||
(13 edições intermediárias não estão sendo exibidas.) | |||
Linha 1: | Linha 1: | ||
__NOTOC__ | __NOTOC__ | ||
== 1 == | == 1 == | ||
- | "O [[desvelamento]] do [[ente]] enquanto tal é, ao mesmo tempo e em si mesmo, o [[encobrimento]] do [[ente]] em sua [[totalidade]]. É nesta simultaneidade do [[desvelamento]] e do [[encobrimento]] que impera a [[errância]]. E [[encobrimento]] do que está velado e a [[errância]] pertencem à [[essência]] inicial da [[verdade]]" (1). | + | : "O [[desvelamento]] do [[ente]] enquanto tal é, ao mesmo tempo e em si mesmo, o [[encobrimento]] do [[ente]] em sua [[totalidade]]. É nesta simultaneidade do [[desvelamento]] e do [[encobrimento]] que impera a [[errância]]. E [[encobrimento]] do que está velado e a [[errância]] pertencem à [[essência]] inicial da [[verdade]]" (1). |
: Referência: | : Referência: | ||
- | : (1) HEIDEGGER, Martin. ''Marcas do caminho | + | : (1) [[HEIDEGGER]], Martin. '''Marcas do [[caminho]]. Trad. Enio Paulo Giachini e Ernildo Stein. Petrópolis: Vozes, 2008, p. 210.''' |
== 2 == | == 2 == | ||
Linha 13: | Linha 13: | ||
: [[Manuel Antônio de Castro]] | : [[Manuel Antônio de Castro]] | ||
- | |||
: Referência: | : Referência: | ||
- | : (1) HEIDEGGER, Martin. ''Marcas do caminho | + | : (1) [[HEIDEGGER]], Martin. '''Marcas do [[caminho]]. Trad. Enio Paulo Giachini e Ernildo Stein. Petrópolis: Vozes, 2008, p. 207.''' |
== 3 == | == 3 == | ||
- | : "Na [[vigência]] da errância, é característico que no ponto de partida esteja já o ponto de chegada. Estar a um tempo no ponto de partida e fazer este compartilhar com a situação de [[estar]] ao mesmo tempo no ponto de chegada é uma [[experiência]] advinda desde a [[compreensão]] fundamental de que os trajetos são, essencialmente, errância. Nessa errância o que vigora é a [[possibilidade]] de, em se desfazendo as trajetórias determinadas por metas a serem atingidas, perceber a [[presença]] do [[caminho|caminhar]] como o maior e mais decisivo desafio" (1). | + | : "Na [[vigência]] da [[errância]], é característico que no ponto de partida esteja já o ponto de chegada. Estar a um tempo no ponto de partida e fazer este compartilhar com a situação de [[estar]] ao mesmo tempo no ponto de chegada é uma [[experiência]] advinda desde a [[compreensão]] fundamental de que os trajetos são, essencialmente, [[errância]]. Nessa [[errância]] o que vigora é a [[possibilidade]] de, em se desfazendo as trajetórias determinadas por metas a serem atingidas, perceber a [[presença]] do [[caminho|caminhar]] como o maior e mais decisivo desafio" (1). |
: Referência: | : Referência: | ||
- | : (1) JARDIM, Antonio. ''Música: vigência do pensar poético | + | : (1) JARDIM, Antonio. '''[[Música]]: vigência do [[pensar]] [[poético]]. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 205.''' |
- | + | ||
: '''Ver também''' | : '''Ver também''' | ||
- | : *[[Método]] | + | : '''*[[Método]]''' |
- | : *[[Não-compreender]] | + | : '''*[[Não-compreender]]''' |
== 4 == | == 4 == | ||
Linha 39: | Linha 37: | ||
: Referência: | : Referência: | ||
- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Liberdade, vontade e uso de drogas". In: ----. | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Liberdade]], [[vontade]] e uso de drogas". In: ----. [[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 275.''' |
+ | |||
+ | == 5 == | ||
+ | : "A [[linguagem]] é nosso maior [[bem]], mas também o mais [[perigoso]]. Por quê? Porque podemos [[viver]] em [[errância]] em meio aos [[entes]], à posse cada vez maior disto e daquilo, querendo ter [[conhecimentos]] sem [[ser]] o que se conhece, em meio às [[vivências]] [[estéticas]], ao uso desse bem maior como simples e mero [[instrumento]] de [[comunicação]]. Nisto consiste o [[perigo]]. [[Perigo]] tem o mesmo [[radical]] de ''peras'', [[palavra]] grega, que significa ''[[limite]]''. Que [[limite]]? O do [[ente]], o das relações intramundanas dos [[entes]], o afã em torno dos [[entes]] e da posse deles e não do [[ser]]" (1). | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : Referência: | ||
+ | |||
+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. '''[[Linguagem]]: nosso maior [[bem]]. Série Aulas [[Inaugurais]]. Faculdade de Letras, UFRJ, 2o. sem. / 2004, p. 27.''' |
Edição atual tal como 20h56min de 8 de janeiro de 2025
1
- "O desvelamento do ente enquanto tal é, ao mesmo tempo e em si mesmo, o encobrimento do ente em sua totalidade. É nesta simultaneidade do desvelamento e do encobrimento que impera a errância. E encobrimento do que está velado e a errância pertencem à essência inicial da verdade" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Marcas do caminho. Trad. Enio Paulo Giachini e Ernildo Stein. Petrópolis: Vozes, 2008, p. 210.
2
- Toda errância é a clara manifestação da indigência (Pênia, mãe de Eros). "O homem se engana nas medidas, tanto mais quanto mais exclusivamente toma a si mesmo, enquanto sujeito, como medida para todo ente" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Marcas do caminho. Trad. Enio Paulo Giachini e Ernildo Stein. Petrópolis: Vozes, 2008, p. 207.
3
- "Na vigência da errância, é característico que no ponto de partida esteja já o ponto de chegada. Estar a um tempo no ponto de partida e fazer este compartilhar com a situação de estar ao mesmo tempo no ponto de chegada é uma experiência advinda desde a compreensão fundamental de que os trajetos são, essencialmente, errância. Nessa errância o que vigora é a possibilidade de, em se desfazendo as trajetórias determinadas por metas a serem atingidas, perceber a presença do caminhar como o maior e mais decisivo desafio" (1).
- Referência:
- Ver também
4
- "Se considerarmos que vivencialmente a não-verdade se dá sempre como errância, mesmo quando temos como horizonte a essência do agir, ela deixará de vigorar na dobra, quando em lugar da errância a substituímos pela verdade da representação, onde esta como verdade se opõe ao falso, ao erro e, assim, criamos uma oposição à verdade como ideia absoluta (inerente a todo sistema, seja ele qual for e em que época for), que não leve em consideração a errância ou existência que sempre vigora na dobra de verdade e de não-verdade. Vivemos essencialmente na errância (não no erro) porque vivemos na proximidade e distância de viver na vivência a morte como seres mortais" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Liberdade, vontade e uso de drogas". In: ----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 275.
5
- "A linguagem é nosso maior bem, mas também o mais perigoso. Por quê? Porque podemos viver em errância em meio aos entes, à posse cada vez maior disto e daquilo, querendo ter conhecimentos sem ser o que se conhece, em meio às vivências estéticas, ao uso desse bem maior como simples e mero instrumento de comunicação. Nisto consiste o perigo. Perigo tem o mesmo radical de peras, palavra grega, que significa limite. Que limite? O do ente, o das relações intramundanas dos entes, o afã em torno dos entes e da posse deles e não do ser" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. Linguagem: nosso maior bem. Série Aulas Inaugurais. Faculdade de Letras, UFRJ, 2o. sem. / 2004, p. 27.