Motivo

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: Como o [[tempo]] se dá em [[instantes]], não poderíamos [[experienciar]] nenhum [[instante]] como [[tempo]] se este não fosse [[sentido]], ou seja, [[linguagem]]. A [[linguagem]] é o [[sentido]] do [[tempo]] na medida em que este [[é]] [[vida]], é [[memória]], é [[ser]]. A [[linguagem]] é a [[unidade]] da [[memória]] [[vigorando]] enquanto [[sentido]]. Em um tal [[vigorar]] é que consiste propriamente a [[poesia]]. Portanto, tanto esta quanto a [[linguagem]] são indissociáveis de [[ser]] e [[tempo]]. E é o [[tempo]] enquanto [[instante]] que se torna o [[motivo]] de ser [[poeta]]. É o que nos diz a poeta Cecília Meireles no primoroso [[poema]] "[[Motivo]]" do livro '''[[Viagem]] (1):
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' “[[Aprender]] com a [[dança]]: fluxos e [[diálogos]] [[poéticos]]”. In: TAVARES, Renata (org.). O que me move, de Pina Bausch – e outros textos sobre [[dança]]-[[teatro]]. São Paulo: Libers Ars, 2017, p. 83.'''
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:  (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "A gota d’[[água]] e o [[mar]]". In: -----. [[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 245.'''
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: "Não basta [[viver]], repetimos, é necessário [[procurar]] o [[motivo]] de [[existir]]. É, paradoxalmente, uma [[necessidade]] que liberta. Liberta para quê? Para a [[sabedoria]] do [[sentido]] de nossa [[finitude]]" (1).
: "Não basta [[viver]], repetimos, é necessário [[procurar]] o [[motivo]] de [[existir]]. É, paradoxalmente, uma [[necessidade]] que liberta. Liberta para quê? Para a [[sabedoria]] do [[sentido]] de nossa [[finitude]]" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O [[mito]] de [[Midas]] da [[morte]] ou do [[ser feliz]]". In: ---. '''[[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011''', p. 194.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "O [[mito]] de [[Midas]] da [[morte]] ou do [[ser feliz]]". In: ---. [[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 194.'''
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:  (1) KAUR, rupi. '''meu corpo / minha casa'''. Trad. Ana Guadalupe. São Paulo: Editora Planeta, 2020, p. 125.
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:  (1) KAUR, rupi. '''meu [[corpo]] / minha [[casa]]. Trad. Ana Guadalupe. São Paulo: Editora Planeta, 2020, p. 125.'''

Edição atual tal como 19h41min de 4 de janeiro de 2025

Tabela de conteúdo

1

"Coisas simples não podem apenas ser simples. Por detrás de todo motivosempre outro motivo" (1).


- Referência:
(1) Fala da personagem Marianne no filme de Liv Ullmann Infiel, com roteiro de Ingmar Bergman.

2

Como o tempo se dá em instantes, não poderíamos experienciar nenhum instante como tempo se este não fosse sentido, ou seja, linguagem. A linguagem é o sentido do tempo na medida em que este é vida, é memória, é ser. A linguagem é a unidade da memória vigorando enquanto sentido. Em um tal vigorar é que consiste propriamente a poesia. Portanto, tanto esta quanto a linguagem são indissociáveis de ser e tempo. E é o tempo enquanto instante que se torna o motivo de ser poeta. É o que nos diz a poeta Cecília Meireles no primoroso poema "Motivo" do livro Viagem (1):
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta (1).
.............................


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) MEIRELES, Cecília. Viagem. In: ---. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1987, p. 81.

3

"Em todo existirsempre um motivo, aquilo que nos move, comove e promove em tudo que fazemos e não fazemos: ser amando. Isso decorre de que não somos nós que nos movemos, mas o amar é que dá a energia e o sentido de todo mover" (1).
Em nossa existência semprealgo que nos move e leva a agir, a procurar. Isso se torna a motivação do nosso existir.


Manuel Antônio de Castro
Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 293.

4

"A realidade é o labirinto que exige de nós uma caminhada de sentido, um motivo que nos mova em nossa existência. É para esse sentido que a dança nos conduz, se a deixarmos operar, se tivermos a coragem de nos entregarmos a ela em sua vigência. Na dança poética somos tomados pelo que somos, pois ser é sempre uma tarefa poética, onde quem vigora é o princípio: o não cessar de estar sendo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de.Aprender com a dança: fluxos e diálogos poéticos”. In: TAVARES, Renata (org.). O que me move, de Pina Bausch – e outros textos sobre dança-teatro. São Paulo: Libers Ars, 2017, p. 83.

5

"Viver sem sentido não implica no agir deixar-se tomar pelo sem sentido? Por vivermos já estamos agindo. Mas qual o motivo de nosso agir? O que em nossas ações temos em vista? Em outras palavras: o que dá sentido ao nosso agir? É a vida? E se não for a vida, mas a morte? Como pode a morte, que é não-ação, dar sentido? Essa é a questão em que se move não somente o viver, mas também o estar sendo no viver" (1).
A sociedade de consumo em que vivemos produz um paradoxo: embora se viva em função do consumo, as pessoas se dão, de repente, conta de que não estão aproveitando a vida. Por isso, mais do que nunca é necessário pensar a essência do agir e seu sentido, o poético da vida. Precisamos pensar o motivo que move nossas escolhas. E então se faz presente, necessariamente, a morte.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 245.

6

"O que nos faz falta é o sentido do ser. O que é o sentido? Dessa maneira tudo que acontece fora do sentido é falta, que é o mal radical. É mal porque sem o sentido de ser a vida perde o seu motivo de viver. Mas o que nos motiva o viver? O simplesmente estar ou no e por estar sendo deixar o ser ser o motivo, isto é, o sentido? Como se pode viver sem sentido? E quem dá o sentido? A perda de sentido não é já deixar estar o mal nos secando?" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 245.

7

"Viver sem sentido não implica no agir deixar-se tomar pelo sem sentido? Por vivermos já estamos agindo. Mas qual o motivo de nosso agir? O que em nossas ações temos em vista? Em outras palavras: o que dá sentido ao nosso agir? É a vida? E se não for a vida, mas a morte? Como pode a morte, que é não-ação, dar sentido? Essa é a questão em que se move não somente o viver, mas também o estar sendo no viver" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 245.

8

"Não basta viver, repetimos, é necessário procurar o motivo de existir. É, paradoxalmente, uma necessidade que liberta. Liberta para quê? Para a sabedoria do sentido de nossa finitude" (1).


Referência bibliográfica:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 194.

9

se quer ser criativo
você precisa aprender
a fazer coisas que não têm motivo
a arte não nasce
do trabalho sem intervalo
antes de tudo você
tem que sair lá fora e viver


- logo a arte vem (1)


Referência:
(1) KAUR, rupi. meu corpo / minha casa. Trad. Ana Guadalupe. São Paulo: Editora Planeta, 2020, p. 125.
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