Autenticidade

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Tabela de conteúdo

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"Grande é o risco de ligeireza e açodamento, quando se trata de autenticidade. As respostas à pergunta, que é ser autêntico?, têm sido de uma espantosa superficialidade. É que na superfície se disputam interesses de lucro e se exerce a dominação sobre os homens. Mas autenticidade não é somente feita de interesse e dominação. É também feita de criatividade e de desinteresse. Por isso a superficialidade com que se costuma lidar com a autenticidade é espantosa" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A autenticidade e a morte". In: -------------. Filosofia contemporânea. Teresópolis (RJ): Daimon Editora, 2013, p. 132.

2

"...Não é possível obter um pouco de clareza e transparência a seu respeito se não se tomarem a autenticidade e suas manifestações pela radicalidade de tudo que é humano. Enquanto se persistir em enfrentar os desafios da autenticidade, supondo simplesmente que já se sabe o que é o humano do homem e já se sabe o que se sabe, pelo fato de ser homem e se pertencer à humanidade, a verdadeira questão e o desafio essencial ficarão sempre para trás, às costas de qualquer esforço de elaboração" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A autenticidade e a morte". In: -------------. Filosofia contemporânea. Teresópolis (RJ): Daimon Editora, 2013, p. 133.

3

"O ser-com-outro do “Dasein”, numa primeira instância pode ser considerado como uma igualdade de todos. Não sou eu que estou propriamente no centro ao qual os outros devem servir, por assim dizer. Todos têm os mesmos direitos, porque todos são igualmente “Dasein”. Todos têm o mesmo dever de ser autênticoDasein”, isto é, de tomar livremente sobre si mesmos o sentido autêntico de seu ser. Nesta responsabilidade individual cada um se torna um “ipse” (próprio), um “ele-mesmo”. E a tarefa de viver autenticamente é chamada por Heidegger de “cuidado” (“Sorge”). Mas já que o “Dasein” é constitutivamente um ser-com-outro (Mit-sein, em alemão,) por isto deve ele ter também cuidado pela autenticidade do outro e isto como condição de sua própria autenticidade: deve ter um “con-cuidado” (“Fürsorge”), ou seja, uma solicitude. É uma conseqüência do ser-com-outro: minha própria autenticidade depende da solicitude que tenho para que os outros possam ser autênticos. Daí que os outros não podem ser “instrumentos” para mim, mas sim “Dasein”. Mas toda autenticidade é penosa, pois deve arrancar-nos da trivialidade e superficialidade de cada dia, para nos pôr diante da questão suprema da nossa perdição ou salvação, e que deve ser tomada com todo o risco e angústia, livremente e com engajamento, sobre nós numa consciência constante e prática do que implica a autenticidade" (1).


Referência:
(1) HUMMES, Frei Cláudio, ofm, hoje Cardeal. "Heidegger". ----. In: História da filosofia. Curso proferido em 1963, em Daltro Filho, hoje cidade de Imigrantes, RS.

4

"Ora, o homem concreto, eu concretamente existente, não posso ser reduzido a uma definição essencial fixa de uma vez para sempre, diz o existencialismo. E isto precisamente porque o próprio do homem é o escolher. E não se trata de um escolher considerado abstratamente ou como não afetando o meu ser, mas um escolher em toda a sua concretude, em que eu mesmo “entro em jogo, numa tensão existencial entre um ou outro caminho que posso escolher. Por isto nunca se dá um escolher neutro, mas sempre toda escolha significa um escolher-se a si mesmo. Existir, para o homem, significa escolher continuamente ou sua autenticidade ou sua inautenticidade. E é neste sentido que nós, segundo a escolha que fazemos, segundo o modo como nos escolhemos e nos realizamos pela escolha, nos damos a essência: eu sou apenas aquilo que escolho ser. É este o significado fundamental do dito existencialista: “a existência precede a essência”, terminando assim com toda a teoria de um valor filosófico atribuído às essências possíveis, mas ainda não existentes, teoria tipicamente racionalista" (1).
Evidente que o ser humano como ser humano não tem esse poder. É, no fundo, a radicalização do racionalismo. O ser que somos nos foi doado. Porém, a realização deste ser que nos foi doado exige uma caminhada de apropriação, pois todas as nossas escolhas são regidas pela lei do que nos é próprio ou como diziam os gregos: por nossa Moira. E ninguém pode fugir à sua Moira.


- Manuel Antônio de Castro.


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

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"Temos assim como final da problemática do ser do homem: O homem é liberdade limitada e, como tal, ele se dá a si mesmo a sua essência, que será autêntica enquanto for escolhido em direção ao ser. E que será inautêntica enquanto for escolhida em direção inversa ao ser. Isto significa igualmente que o homem é espírito limitado, pois a característica do espírito é justamente este saber do seu próprio ser enquanto este se refere ao seu fundamento, o ser absoluto. Espírito e liberdade são dois aspetos da mesma realidade, tanto assim que um implica o outro: não há liberdade senão no espírito, e não há espírito senão livre" (1). Isso é a plena iluminação efetivada enquanto verdade e linguagem.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
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