Interesse

De Dicionário de Poética e Pensamento

1

"O homem e só o homem é o ente, isto é, o modo de ser, interessado, ou seja, que é, vê-se, sente-se ou dá-se conta desde dentro ("inter") de seu próprio modo de ser ("esse"). Ele é um entre-ser, ou seja, permeado, entre-meado de ser. E isso é o seu viver, o seu existir - o seu é. Esta é, pois, sua força, seu valor - sua essência. Ver (ou ouvir), portanto, não fala direta ou imediatamente do sentido da visão (ou da audição), mas evoca o modo de ser que é ser no sentido (na determinação, na "Bestimmung", no tom ou na entonação) do aparecer ou do fazer-se visível - quer dizer: ser na verdade ou na história (do ser)" (1).


Referência:
(1) FOGEL, Gilvan. "A respeito de homem, de vida e de corpo" (mímeo/2009).

2

" Inter-esse quer dizer: ser sob, entre, no meio das coisas; estar numa coisa de permeio e junto dela assim persistir. Para o interesse atual, porém, vale só o interessante. O interessante faz com que no instante seguinte, já estejamos indiferentes e mesmo dispersos em alguma outra coisa que, por sua vez, tão pouco nos diz respeito quanto a anterior. Hoje acredita-se frequentemente dignificar algo achando-o interessante. Na verdade, com um tal juízo, subestimamos o interessante levando-o para o domínio do indiferente e assim o empurramos para o âmbito daquilo que logo se tornará tedioso" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. O que quer dizer pensar? In: ---------. Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002, 113.

3

"...interesse significa: estar no meio e entre as realizações, morar e permanecer no interior do advento da realidade. Mas para o interesse de hoje vale apenas o interessante. Interessante é o que permite ficar indiferente já no momento seguinte ao encontro e substituí-lo por outra coisa que tanto quanto a primeira não transforma o relacionamento. Hoje em dia se pretende muitas vezes valorizar especialmente uma coisa por achá-la interessante. Na verdade, porém, já se empurrou seu encontro para a indiferença, a monotonia e a repetição" (1).


Referência
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Filosofia grega - uma introdução. Teresópolis: Daimon editora, 2010, p. 45.
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