Amor
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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+ | : CASTRO, Manuel Antônio de. "Eros, o humano e os humanismos". In: ''Eros, tecnologia, transumanismo''. Org. Maria Conceição e Outros. Rio de Janeiro: Caetés, 2015, 45. |
Edição de 21h56min de 29 de Dezembro de 2017
1
- "O amor transforma o agradecimento em fidelidade para conosco e em crença incondicional no outro. Dessa forma, o amor intensifica constantemente o seu segredo mais peculiar. A proximidade implica aqui a maior distância diante do outro. Essa distância não deixa nada desaparecer, mas nos lança ao seio da simples presença de uma revelação transparente, apesar de incompreensível. O coração nunca está em condições de dominar o despontar repentino do outro em nossa vida. Um destino humano entrega-se a um destino humano e o serviço do amor puro é manter desperta essa entrega exatamente como no primeiro dia" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Correspondência 1925/1975. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001, p. 8.
2
- "Mas, Surupita, amor é coragens. E amor é sede depois de se ter bem bebido..." (1).
- Referência:
- (1) ROSA, João Guimarães. "Dão-Lalão". In:-------. Noites do sertão. 4. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1969, 61.
3
- "Mas parecia-lhe que, assim como uma mulher às vezes se guardava intocada para dar-se um dia ao amor, que ela queria morrer talvez ainda toda inteira para a eternidade tê-la toda" (1).
- Referência:
- (1) LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. 4ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974, p. 40.
- Ver também:
4
- "O amor é que é o destino verdadeiro" (1).
- Referência:
- (1) ROSA, João Guimarães. "Buriti". In:-------. Noites do sertão. 4. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1969, 103.
5
- "O Um mais o Um gerado por ele e o amor que os une formam a tríade pitagórica', simbolizada pelo triângulo sagrado de lados iguais" (1).
- Referência:
- (1) SANTOS, Mário Ferreira dos. Pitágoras e o tema do número. São Paulo: Logos, 1959, p. 74.
6
- "Mas é difícil falar sobre amor, essa mistura de impulsos e ataques de vertigem que cresce como um câncer até se tornar inexpugnável" (1).
- Referência:
- - (1) Fala de Marianne, no filme de LIV ULLMANN Infiel. Roteiro de Ingmar Bergman.
7
- "Nada será perdido dos que foram grandes; cada um a seu modo e segundo a grandeza do objeto que amou. Porque aquele que amou a si próprio foi grande pela sua pessoa; quem amou a outrem foi grande dando-se; mas o que amou a Deus foi o maior de todos. A história celebrará os grandes homens, mas cada um foi grande pelo objeto da sua esperança: um engrandeceu-se na esperança de atingir o possível; um outro na esperança das coisas eternas - mas aquele que quis alcançar o impossível foi, de todos, o maior" (1).
- Referência:
- (1) KIERKEGAARD, Sören. Temor e tremor. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, p. 30.
8
- "O afastamento e até a perda do pensamento acontece quando ele se afasta do seu elemento. Que elemento é este? O elemento é o propriamente poderoso: o poder. Ele se apega ao pensamento e assim conduz à sua essência. O pensamento pertence ao Ser e é provocado por ser. Ele aumenta o Ser. O pensamento significa: o ser se apegou, num destino histórico, à sua essência. Apegar-se a uma coisa ou pessoa em sua essência quer dizer: amá-la, querê-la"(1). Aqui é fundamental perceber que quando se diz "o pensamento é", não nos referimos a predicativos, porque ele simplesmente é, e não isto ou aquilo. Ora, quando simplesmente é, o "é" é o sujeito, a medida do pensamento. Daí pensamento e ser, no "é", serem um e o mesmo. Ser um e o mesmo quer dizer: amá-la, querê-la. De novo, devemos distinguir que aqui não se quer ou ama isto ou aquilo como um predicativo do sujeito. Amar e querer, enquanto "é", diz simplesmente amar ou ser: é; querer ou ser: é. Disso podemos concluir: pensamento é igual a viger o pensamento no seu elemento. Qual? O ser. Nessa dimensão e medidos pelos ser: pensamento, amor e poesia são um e o mesmo.
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Cartas sobre o Humanismo. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967, p. 28.
9
- "O amor é paciente, o amor é benigno, não é invejoso; o amor não é orgulhoso, não se ensoberbece; não é descortês, não é interesseiro, não se irrita, não guarda rancor; não se alegra com a injustiça, mas se compraz com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo tolera" (1)
- Referência:
- (1) PAULO DE TARSO. Primeira Epistola aos Coríntios, 13, 4-8.
10
- Toda questão é paradoxal. Todo conceito é racional e objetivo. A questão precisa do conceito assim como o ilimitado precisa do limite. Porém, tanto o conceito quanto o limite não subsistem sem a questão e o ilimitado. É aqui que acontece o paradoxo. Por isso ele surge da questão porque a vida do ser humano só é paradoxal porque é uma doação das questões. Eis porque temos o ser humano lançado radicalmente numa liminaridade, isto é, no paradoxo do limite e do ilimitado, da vida e da morte, do conhecer e do não-conhecer, do permanente e do passageiro, da noite e do dia, do ser e do não-ser. É nesses paradoxos que o humano do homem se entre-tece. Ele é um Entre-ser. As questões, como paradoxos, ao configurarem a liminaridade, projetam o ser humano numa profunda dor, mas também numa profunda paixão. Por isso o paradoxo maior do ser humano é o amor, o sabor da sabedoria do amor, ou seja, a tensão radical de paixão amorosa e mortal.
11
- "Não se esqueça: o amor é um eterno jogo de malabarismo com três bolas. São elas: o coração, as palavras e os órgãos reprodutores. É tão fácil manter as três bolas no ar e também tão fácil deixar uma cair" (1).
- Referência:
- (1) BERGMAN, Ingmar. Sorrisos de uma noite de amor. Fala da personagem Desirée.
12
- "Moram em mim a dúvida e a piedade:
- sou velho e jovem, menino e bebê.
- Não digam se eu morrer: ele morreu.
- Hei de estar vivo no seio do amado" (1).
- Referência:
- (1) RÛMI. "O canto da unidade". In: -----. A flauta e a lua - Poemas de Rûmi. Trad. de Marco Lucchesi e Rafî Moussavî. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2016, p. 109.
13
- "Seja para o pensamento, seja para as artes, Eros sempre foi a grande questão, sendo a mais tematizada, interpretada e aprofundada. Por detrás do seu agir, como aquilo que o move, está sempre o Amor do amar. Dessa maneira, há uma certa impropriedade em se falar de Eros como algo substantivo, pois remete facilmente para a sua interpretação e compreensão como algo, como um ente. E não é isso Eros. Como essência do agir é total e completa energia de realização, é luz irradiante em contínuo acontecer" (1).
- CASTRO, Manuel Antônio de. "Eros, o humano e os humanismos". In: Eros, tecnologia, transumanismo. Org. Maria Conceição e Outros. Rio de Janeiro: Caetés, 2015, 45.