Sujeito

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: (1) HUMMES ofm, Dom Cláudio (Hoje Cardeal). "Os hegelianos de esquerda". In: ----. ''História da Filosofia''.
: (1) HUMMES ofm, Dom Cláudio (Hoje Cardeal). "Os hegelianos de esquerda". In: ----. ''História da Filosofia''.
: Curso proferido em 1964 em Daltro Filho, (hoje cidade Imigrantes), RS, em 1964.
: Curso proferido em 1964 em Daltro Filho, (hoje cidade Imigrantes), RS, em 1964.
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: Como pode haver [[essência]] a não ser a partir da [[vigência]] do [[ser]]? É que a [[proposição]] deslocando o [[fundamento]] do [[ser]] para o [[sujeito]], este se autonomiza de tal maneira que esquece o que o [[funda]]: o [[ser]]. Pois sem [[ser]] não há [[sujeito]], ou seja, nenhuma [[essência]]. Ora se não há [[sujeito]] ou [[essência]] sem o [[ser]], isto diz e proclama e evidencia que o [[ser]] não é um [[verbo]] fraco ou de ligação. Muito pelo contrário: o [[Ser]] é o [[verbo]] de todos os [[verbos]]. Sem [[ser]] não há [[realidade]].
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: - [[Manuel Antônio de Castro]]

Edição de 02h26min de 18 de Maio de 2020

1

Na crise do eu (do indivíduo) com sua subjetividade há a tendência de se colocar a questão central ligada à crise do poder da razão, da crise dos valores ético-sociais, pessoais, religiosos etc. Contudo, não se presta atenção a algo que, no fundo, é essencial: o destino. A emergência dessa crise, tanto maior do sujeito quanto mais profunda, mostra que ela está no fato de que o sujeito se afirma - pessoal, histórica e socialmente - na medida em que tem a pretensão de construir seu destino. Ora, isso é o que hoje em dia mais evidencia a sua crise. E a questão tanto mais cresce quanto mais a genética avança. E é aí que se dá o combate entre ciência e ser, próprio e sistema, conhecimento e sabedoria, técnica e poíesis. Qual o sujeito que emerge da genética? Não se afirma cada vez mais que cada ente é uma autopoiese? E ela não é para o ser humano o seu próprio?


- Manuel Antônio de Castro

2

" Auto-dialogar é apropriar-se do que é próprio na e a partir da linguagem. De maneira alguma se reduz a algo subjetivo, pois este trabalha somente no horizonte da epistemologia, dentro da qual se pode afirmar um sujeito numa correlação com um objeto. Portanto, no auto-diálogo não há uma relação entre sujeito e objeto, atitudes e posições necessárias para algo ser aclamado e proclamado de científico. Auto-dialogar é manifestar as nossas possibilidades de ser o que somos enquanto seres humanos lançados desde que nascemos e por nascermos em nossa condição humana, no ser-tão, no ser, no mundo, um mundo sempre inaugural para aqueles que fazem do viver um aprender e apreender o que já somos como possibilidades" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Pacto: a poética do amor". In: --------. www.travessiapoetica.blogspot.com, 2017.


3

"O ser humano, desde Édipo - o mito imemorial que pensa o humano no que lhe é próprio em sua essência sócio-político-histórica - sempre teve a pretensão de ser o sujeito das suas escolhas e realizações. A Moira sorri, em silêncio, diante de tais pretensões, deixando-o iludir-se, em seu pseudo-poder racional de dar-se a existência, segundo a liberdade fundada na sua vontade. É uma ilusão que custa caro e gera o sofrimento de muitos fracassos inúteis" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Eduardo Portella, o professor". In: Quatro vezes vinte - Eduardo Portella - Depoimentos. Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Letras, 2012, p. 40.

4

"O traço fundamental da Modernidade é a fundação do ser humano como sujeito, enquanto este sujeito é o exercício da razão. Ao se construir e ao construir racionalmente a realidade, fundando as ciências, algo imemorial no ser humano foi confrontado: a sua memória mítica. A compreensão do ser humano a partir dos mitos foi considerada i-lógica, frente à concepção lógica (racional)" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte: corpo, mundo e terra. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 26.

5

"A filosofia crítica, que iniciou sua trajetória com Descartes, para chegar ao ponto alto em Kant, é afinal de contas uma filosofia do sujeito, na afirmação de sua autonomia e de sua centralidade no universo. É por isto que ela deveria ser a última a favorecer uma alienação da pessoa humana. E, no entanto, continuando a desenvolver-se, depois de Kant, a crítica deixou de ser crítica para tornar-se uma especulação definitiva e sistemática de um mundo metafísico construído dedutivamente sobre o sujeito" (1).


Referência:
(1) HUMMES ofm, Dom Cláudio (Hoje Cardeal). "Os hegelianos de esquerda". In: ----. História da Filosofia.
Curso proferido em 1964 em Daltro Filho, (hoje cidade Imigrantes), RS, em 1964.


6

"A crítica de Kant se dirigia ao mundo objetivo para reivindicar os direitos do sujeito, a crítica de Hegel (que por sua vez sucumbiu) e de Marx, ao invés, se dirige ao mundo subjetivo, para reivindicar os direitos do objeto, da matéria, da natureza, contra o dogmatismo alienador do subjetivismo" (1).


Referência:
(1) HUMMES ofm, Dom Cláudio (Hoje Cardeal). "Os hegelianos de esquerda". In: ----. História da Filosofia.
Curso proferido em 1964 em Daltro Filho, (hoje cidade Imigrantes), RS, em 1964.


7

Como pode haver essência a não ser a partir da vigência do ser? É que a proposição deslocando o fundamento do ser para o sujeito, este se autonomiza de tal maneira que esquece o que o funda: o ser. Pois sem ser não há sujeito, ou seja, nenhuma essência. Ora se não há sujeito ou essência sem o ser, isto diz e proclama e evidencia que o ser não é um verbo fraco ou de ligação. Muito pelo contrário: o Ser é o verbo de todos os verbos. Sem ser não há realidade.


- Manuel Antônio de Castro
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