Intuição
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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- | :(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o 'entre'". | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Interdisciplinaridade]] [[poética]]: o entre". In: Revista Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro, 164: 7/36, jan.-mar., 2006, p. 18.''' |
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+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Interdisciplinaridade]] [[poética]]: o [[entre]] ". In: Revista Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro, 164: 7/36, jan.-mar., 2006, p. 18.''' | ||
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+ | : (2) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "Grande [[Ser]]-Tao: [[diálogos]] amorosos". In: MELO E SOUZA, Ronaldes e Outros (org.). [[Veredas]] no [[Sertão]] rosiano. Rio de Janeiro: 7Letras, 2007, p. 143.''' | ||
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+ | : "O [[homem]] não dispõe de [[intuição]] apenas ao nível da [[percepção]] sensível, mas também e sobretudo no nível de seu desempenho espiritual. Em toda [[criação]] [[humana]] vive e opera um [[elemento]] de pura receptividade intelectual, onde se escuta a [[essência]] do [[real]], como nos diz o fragmento 112 de [[Heráclito]] de Éfeso: "[[Pensar]]: a maior articulação, e a [[sabedoria]]: acolher as manifestações do [[real]] e [[realizar]] as [[escutas]] pela [[essência]]" " (1). | ||
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+ | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro.''' "Ócio e negócio". In: Revista Tempo Brasileiro - Caminhos do [[pensamento]] hoje: novas linguagens no [[limiar]] do terceiro milênio, 136, jan.-mar., 1999, p. 75.''' | ||
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+ | : [[Intuição]] é o [[conhecimento]] que se dá como o [[simples]] da [[dobra]]. [[Dedução]] é o [[desdobramento]] ou [[explicação]] do [[simples]] (''sine-plex''). Em Platão, a [[intuição]] vai ser o ''[[nous]]'' (''noein'', [[pensar]]) e a [[dedução]] vai ser a ''diá-noia''. | ||
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+ | : "[[Intuição]] vem de ''in-'', ou seja, é já radicalmente um “[[entre]]”. Por já desde sempre [[vigorar]] o [[ser humano]] neste “[[entre]]”, por provir e se constituir no “[[doar-se]] de uma [[intuição]] [[originária]]” (Leão, 2006: 10) (1), é que [[Heidegger]] passou a [[denominar]] o [[ser humano]] como ''[[Da-sein]]'', ou seja, como [[Entre-ser]]" (2). | ||
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+ | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro.''' "A [[fenomenologia]] de Edmund Russel e a [[fenomenologia]] de Martin [[Heidegger]]". In: Revista Tempo Brasileiro 165, abr.-jun., 2006, p. 10.''' | ||
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+ | : (2) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Interdisciplinaridade]] [[poética]]: o [[entre]]". Revista Tempo Brasileiro: Rio de Janeiro: Interdisciplinaridade: dimensões poéticas, 164, jan.-mar., 2006, p. 24.''' | ||
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+ | : "O “[[entre]]” é uma captação prévia, ou seja, é a [[intuição]] [[originária]], é o próprio ''[[logos]]'', de que falamos no item anterior. Então ''[[logos]]'' é [[mundo]] enquanto [[sentido]] e [[verdade]]. E, portanto, o [[mundo]] é o “[[entre]]” do ''[[Dasein]]'', ou seja, do [[Entre-ser]] e do [[ser-com]] ou ''[[Mit-sein]]''. A [[facticidade]] é então a nossa [[condição]] [[humana]] de sermos [[Entre-ser]] e [[Ser-com]]. À [[facticidade]] [[Heidegger]] chamou de [[transcendência]] ou [[mundo]]" (1). | ||
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+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Interdisciplinaridade]] [[poética]]: o [[entre]]". Revista Tempo Brasileiro: Rio de Janeiro: [[Interdisciplinaridade]]: [[dimensões]] [[poéticas]], 164, jan.-mar., 2006, p. 31.''' | ||
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+ | : "Quando eu era [[criança]], eu também gostava de [[caminhar]] de [[olhos]] fechados, tentando guiar-me não tanto pelos restantes [[sentidos]], mas pela [[intuição]] - essa [[sutil]] "[[faculdade]] ou [[ato]] de [[percepção]], [[discernir]] ou pressentir [[coisas]], independentemente de [[raciocínio]] ou de [[análise]]", na [[definição]] dos [[dicionários]]. "Uma [[forma]] de [[conhecimento]] [[inconsciente]]", acrescentam os psicólogos" (1). | ||
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+ | : (1) AGUALUSA, José Eduardo.''' [[Crônica]]: EXERCÍCIOS DE INTUIÇÃO, In: Segundo Caderno de O Globo, Sábado 27.7.2024, p. 6.''' |
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1
- "Na realidade o que há é a intuição. Esta se forma do prefixo latino in-, entre, íntimo, e do verbo tueor, que diz: olhar e guardar. Intuição diz, pois, a disposição de desvelo para com o entre " (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o entre". In: Revista Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro, 164: 7/36, jan.-mar., 2006, p. 18.
2
- "De in formou-se o entre que deu origem à palavra intuição. Esta reúne o in e o verbo tueor, que diz: olhar e guardar” (Castro, 2006: 18) (1).
- "Intuição diz, pois, o pathos, a disposição de desvelo para com a questão " (2).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o entre ". In: Revista Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro, 164: 7/36, jan.-mar., 2006, p. 18.
- (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Grande Ser-Tao: diálogos amorosos". In: MELO E SOUZA, Ronaldes e Outros (org.). Veredas no Sertão rosiano. Rio de Janeiro: 7Letras, 2007, p. 143.
3
- "O homem não dispõe de intuição apenas ao nível da percepção sensível, mas também e sobretudo no nível de seu desempenho espiritual. Em toda criação humana vive e opera um elemento de pura receptividade intelectual, onde se escuta a essência do real, como nos diz o fragmento 112 de Heráclito de Éfeso: "Pensar: a maior articulação, e a sabedoria: acolher as manifestações do real e realizar as escutas pela essência" " (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Ócio e negócio". In: Revista Tempo Brasileiro - Caminhos do pensamento hoje: novas linguagens no limiar do terceiro milênio, 136, jan.-mar., 1999, p. 75.
4
- Intuição é o conhecimento que se dá como o simples da dobra. Dedução é o desdobramento ou explicação do simples (sine-plex). Em Platão, a intuição vai ser o nous (noein, pensar) e a dedução vai ser a diá-noia.
5
- "Intuição vem de in-, ou seja, é já radicalmente um “entre”. Por já desde sempre vigorar o ser humano neste “entre”, por provir e se constituir no “doar-se de uma intuição originária” (Leão, 2006: 10) (1), é que Heidegger passou a denominar o ser humano como Da-sein, ou seja, como Entre-ser" (2).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A fenomenologia de Edmund Russel e a fenomenologia de Martin Heidegger". In: Revista Tempo Brasileiro 165, abr.-jun., 2006, p. 10.
- (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o entre". Revista Tempo Brasileiro: Rio de Janeiro: Interdisciplinaridade: dimensões poéticas, 164, jan.-mar., 2006, p. 24.
6
- "O “entre” é uma captação prévia, ou seja, é a intuição originária, é o próprio logos, de que falamos no item anterior. Então logos é mundo enquanto sentido e verdade. E, portanto, o mundo é o “entre” do Dasein, ou seja, do Entre-ser e do ser-com ou Mit-sein. A facticidade é então a nossa condição humana de sermos Entre-ser e Ser-com. À facticidade Heidegger chamou de transcendência ou mundo" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o entre". Revista Tempo Brasileiro: Rio de Janeiro: Interdisciplinaridade: dimensões poéticas, 164, jan.-mar., 2006, p. 31.
7
- "Quando eu era criança, eu também gostava de caminhar de olhos fechados, tentando guiar-me não tanto pelos restantes sentidos, mas pela intuição - essa sutil "faculdade ou ato de percepção, discernir ou pressentir coisas, independentemente de raciocínio ou de análise", na definição dos dicionários. "Uma forma de conhecimento inconsciente", acrescentam os psicólogos" (1).
- Referência:
- (1) AGUALUSA, José Eduardo. Crônica: EXERCÍCIOS DE INTUIÇÃO, In: Segundo Caderno de O Globo, Sábado 27.7.2024, p. 6.