De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:"Embora se possa formular em conceito toda a substância da fé, não resulta daí que se alcance a fé, como se a penetrássemos ou ela se houvesse introduzido dentro de nós." Kierkegaard, Sören. ''Temor e tremor''. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, p. 20.
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: "Embora se possa formular em [[conceito]] toda a [[substância]] da [[]], não resulta daí que se alcance a [[]], como se a penetrássemos ou ela se houvesse introduzido dentro de nós" (1).
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: (1) KIERKEGAARD, Sören. '''Temor e tremor'''. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, p. 20.
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:"O que está ao alcance de qualquer homem é o movimento da resignação infinita e, pela minha parte, não hesitaria em acusar de cobardia quem quer que se julgasse incapaz de o realizar. Porém, em relação à fé, é uma outra questão. Não é permitido a ninguém fazer acreditar aos outros que a fé tem pouca importâ6ncia ou é coisa fácil, quando é, pelo contrário, a maior e a mais penosa de todas as coisas." Kierkegaard, Sören. ''Temor e tremor''. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, p. 69.
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: "O que está ao alcance de qualquer [[homem]] é o [[movimento]] da resignação [[infinita]] e, pela minha parte, não hesitaria em acusar de covardia quem quer que se julgasse incapaz de o [[realizar]]. Porém, em [[relação]] à [[]], é uma outra [[questão]]. Não é permitido a ninguém fazer [[acreditar]] aos outros que a [[]] tem pouca importância ou é [[coisa]] fácil, quando é, pelo contrário, a maior e a mais penosa de todas as [[coisa|coisas]]" (1).
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: (1) KIERKEGAARD, Sören. '''Temor e tremor'''. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, p. 69.
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:"(...) porque a começa precisamente onde acaba a razão." Kierkegaard, Sören. ''Temor e tremor''. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, p. 71.  
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: "A [[fé]] não acrescenta novas [[relações]], novas [[respostas]], novas [[coisas]] às [[dimensões]] da [[existência]]. A [[]] desvela nas [[coisas]] novas e velhas, nas [[respostas]] [[antigas]] e [[modernas]], nas [[relações]] [[passadas]] e [[presentes]], a [[Linguagem]] do [[Mistério]]" (1).
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Poder e Autoridade no Cristianismo". In: '''Aprendendo a pensar I'''. Teresópolis: Daimon, 2008, p. 222.
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:"Quando um homem se embrenha no caminho, penoso em um sentido, do herói trágico, mitos devem estar em condições de o aconselhar; mas àquele que segue a estreita senda da fé, ninguém o pode ajudar, ninguém o pode compreender. A fé é um milagre; no entanto ninguém dela está excluído; porque é na paixão que toda a vida humana encontra a sua unidade, e a fé é uma paixão." Kierkegaard, Sören. ''Temor e tremor''. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, p. 88.
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: "Quando um [[homem]] se embrenha no [[caminho]], penoso em um [[sentido]], o do [[herói]] [[trágico]], muitos devem estar em condições de o aconselhar; mas àquele que segue a estreita [[senda]] da [[]], ninguém o pode [[ajudar]], ninguém o pode [[compreender]]. A [[]] é um [[milagre]]; no entanto, ninguém dela está excluído; porque é na [[paixão]] que toda a [[vida]] [[humana]] encontra a sua [[unidade]], e a [[]] é uma [[paixão]]" (1).
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: (1) KIERKEGAARD, Sören. '''Temor e tremor'''. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, p. 88.
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:"Um homem faz uma coisa que não entra no geral: diz-se que não agiu por amor de Deus, querendo exprimir com isso que agiu por amor de si próprio. O paradoxo da fé perdeu a instância intermediária, o geral. Por um lado, a fé é a expressão do supremo egoísmo: realiza o terrificante, realiza-o por amor de si próprio; por outro lado é a expressão do mais absoluto abandono, actua por amor de Deus. Não pode entrar no geral pela mediação; porque, dessa maneira, destruí-lo-ia. A fé é esse paradoxo, e o Indivíduo não pode de forma alguma fazer-se compreender por ninguém." Kierkegaard, Sören. ''Temor e tremor''. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, p. 92-93.  
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: "Um [[homem]] faz uma [[coisa]] que não entra no geral: diz-se que não agiu por [[amor]] de [[Deus]], querendo exprimir com isso que agiu por [[amor]] de si [[próprio]]. O [[paradoxo]] da [[]] perdeu a instância intermediária, o geral. Por um lado, a [[]] é a expressão do supremo egoísmo: realiza o terrificante, realiza-o por [[amor]] de si [[próprio]]; por outro lado, é a expressão do mais absoluto abandono, atua por [[amor]] de [[Deus]]. Não pode entrar no geral pela mediação; porque, dessa maneira, destruí-lo-ia. A [[]] é esse [[paradoxo]], e o [[indivíduo]] não pode, de forma alguma, fazer-se [[compreender]] por ninguém" (1).
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: (1) KIERKEGAARD, Sören. '''Temor e tremor'''. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, pp. 92-3.
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: "A [[coragem]] da [[fé]] é o único [[acto]] de [[humildade]]" (1).
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: (1) KIERKEGAARD, Sören. '''Temor e tremor'''. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, p. 95.
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: Emmanuel Carneiro Leão mostra que a [[questão]] da [[fé]] só vai aparecer a partir do período [[helenístico]]. Ver abaixo as Referências (1) e (2).
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A filosofia grega hoje". In: '''Caderno de Letras''', n° 18. Rio de Janeiro: UFRJ, 2002, p. 23.
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: (2) ---. "Fé e contemplação". In: '''Aprendendo a pensar II'''. Petrópolis: Vozes, 1992.
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: *[[Sagrado]]
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: A [[fé]] vai estar ligada à [[transformação]] da [[experiência]] de [[pensamento]] enquanto [[mito]] e [[místico]], enquanto [[experiência]] da [[religião]] e da religiosidade, vivenciada, por exemplo, pelas comunidades pitagóricas, em [[conhecimento]], a partir da [[transformação]] da [[experiência]] de [[pensamento]] [[Filosofia|filosófico]] em [[conhecimento]] [[filosófico]], que vai ocorrer predominantemente no período helenístico.
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: Diz Leão:
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: "Até o período [[Clássico]], o [[indivíduo]] não tinha a [[experiência]] da [[fé]], como nós entendemos hoje, isto é, [[fé]] no [[sentido]] das grandes [[religiões]] médio-orientais, dos gnósticos, do [[judaísmo]], do [[maometanismo]] e do [[cristianismo]], que entenderam por [[fé]] o testemunho e a [[revelação]] de [[Deus]] [[criador]], e disseminaram para toda [[cultura]] [[ocidental]] o legado da [[fé]], da [[experiência]] da [[fé]]. Ele tinha [[experiência]] de [[religiosidade]], mas não [[experiência]] da [[fé]], em que alguém organiza o seu [[comportamento]], as suas [[relações]], a sua [[vida]], consigo, com os [[outros]], com o [[real]] e com o [[mundo]], na base de [[princípios]] que ele recebeu por [[crença]], que ele admite como dotado de um [[valor]], de uma [[certeza]], provinda do testemunho de alguém fidedigno" (1).
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: Ora, estas afirmações vão ter implicações na [[concepção]] do [[mito]] e do [[sagrado]]. Não se pode [[deduzir]] o que é [[mito]] nem a partir da [[filosofia]], nem da [[ciência]], nem da [[fé]]. O [[mito]] é uma [[experiência]] do [[sagrado]] e, por isso, como tal, não se sabe o que [[é]]. [[Heidegger]] vai trabalhar em duas [[experiências]] de [[pensamento]] básicas: o [[pensador]], que diz o [[ser]], e o [[poeta]], que nomeia o [[sagrado]]. No [[pensamento]] [[poético]], eclodem as diferentes [[experiências]] de [[pensamento]]: o [[mito]], os [[deuses]], o [[extraordinário]], o [[místico]], o [[religioso]] no [[sentido]] pitagórico, constituindo o [[sagrado]], a que se liga à [[experiência]] [[poética]] de [[Hölderlin]]. A outra [[experiência]] de [[pensamento]] é a [[filosófica]], constituída pelos [[pensadores]] que dizem o [[Ser]]. São os [[pensadores]] [[filosóficos]] que Leão cita no fim do [[ensaio]]. No meio, há a [[filosofia]] que se torna [[sistema]] de [[conhecimento]] e [[valores]] [[morais]], dando [[origem]] às [[religiões]] baseadas na [[fé]]. Nesse [[sentido]], a [[arte]], o [[mito]], o [[místico]] são [[sagrados]], mas não são [[religiosos]], pois não são [[sistemas]] nem implicam [[fé]].
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: - [[Manuel Antônio de Castro]]
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A filosofia grega hoje". In: '''Caderno de Letras'''. Faculdade de Letras, Departamento de Letras Anglo-Germânicas, UFRJ, 18, 2002, p. 23.
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: "A [[fé]] começa precisamente onde acaba a [[razão]]" (1).
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: (1) KIERKEGAARD, Sören. '''Temor e tremor'''. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, p. 71.
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: "A [[fé]] é uma aflição [[dolorosa]]. É como [[amar]] alguém que está no escuro e não sai quando chama" (1).
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: (1) BERGMAN, Ingmar. Fala do cavaleiro no filme '''O sétimo selo'''.
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: "Do ponto de vista dos conteúdos vividos, [[crença]] diz pulsão de repetir, [[fé]] diz constância de relações, [[teoria]] diz [[cálculo]] de operações. Do ponto de vista das [[atitudes]] de andamento, [[crença]] inclui adesão, [[fé]] implica [[fidelidade]] e [[teoria]] abrange [[objetivações]]. São três vertentes que se excluem mutuamente nos [[processos]] de [[fazer]] e [[agir]], mas que a [[vida]] reúne, [[dialeticamente]], nas [[posições]] e [[situações]] [[existenciais]]" (1).
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: - LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Crença, fé e teoria na filosofia". In: '''Revista Tempo Brasileiro 186, ''Cláudio Magris'' ''', 125-132, jul.-set., 2011, p.129.
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: "[[Hesse]] afastou a [[espiritualidade]] da [[perfeição]], lançando-a, em vez disso, no [[caminho]] incerto da [[dúvida]] e da [[imperfeição]], e aproximando-a, de certo modo, da [[arte]]. A [[fé]] e a [[dúvida]], ele ensinava, em vez de se excluírem, se correspondem. Onde não se duvida, não se crê [[verdadeiramente]]. Lição que se torna luminosa no [[mundo]] sectário e sombrio em que vivemos" (1).
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: (1) CASTELLO, José. Resenha publicada no Caderno "Prosa & Verso", p. 5, do Jornal '''O Globo'''.
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: "Ainda que as [[verdades]] da [[fé]] não sejam demonstráveis, isto é, passíveis de prova, é [[possível]] [[demonstrar]] o acerto de se [[crer]] nelas, e essa tarefa cabe à [[razão]]. A [[razão]] relaciona-se, portanto, duplamente com a [[fé]]: precede-a e é sua consequência. É [[necessário]] [[compreender]] para [[crer]] e [[crer]] para [[compreender]] (''Intellige ut credas, crede ut intelligas'') (1).
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: (1) PESSANHA, José Américo Motta (Consultor). '''Santo Agostinho''' - Vida e Obra. '''Confissões''' - '''De Magistro'''. ''Coleção'': '''Os Pensadores'''. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. XIV.
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: "De Ulisses ela aprendera a ter [[coragem]] de ter [[fé]] - muita [[coragem]], [[fé]] em quê? Na própria [[fé]], que a [[fé]] pode [[ser]] um grande susto, pode [[significar]] cair no [[abismo]]" (1).
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: (1) LISPECTOR, Clarice. '''Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres'''. Rio de Janeiro: José Olympio, 4. e., 1974, p. 29.
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: "É a [[fé]] que nos tranquiliza e é o [[amor]] que nos impulsiona a [[viver]] todos os [[dias]] como se fosse o último. [[Viver]] intensamente e intensamente se preparar para a [[outra vida]]" (1).
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: (1) ROSSI, Padre Marcelo. "Ressurreição de Lázaro". In: ---. '''Ágape'''. São Paulo: Editora Globo, 2015, 30 reimpressão, p. 73.
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: "[[Viver]] com [[fé]] e pela [[fé]] projeta a [[existência]] para outro patamar" (1).
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: (1) GALLIAN, Dante. "É próprio do humano saber refletir e discernir". In: "---. '''É próprio do humano'''. Rio de Janeiro: Editora Record, 2022, 1a. e., p. 113.
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: "A [[experiência]] da [[fé]] não anula o [[trabalho]] da [[razão]], antes o exige. A [[vida]] na [[fé]] e pela [[fé]] não compromete a [[liberdade]], mas a torna efetiva e operativa" (1).
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"(...) a coragem da fé é o único acto de humildade." Kierkegaard, Sören. ''Temor e tremor''. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, p. 95.
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: Referência:
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== Ver também ==
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: (1) GALLIAN, Dante. "É próprio do humano saber refletir e discernir". In: "---. '''É próprio do humano'''. Rio de Janeiro: Editora Record, 2022, 1a. e., p. 114.
-
*[[Paixão]]
+
-
*[[Paradoxo]]
+
-
*[[Humildade]]
+

Edição atual tal como 20h44min de 26 de Agosto de 2022

1

"Embora se possa formular em conceito toda a substância da , não resulta daí que se alcance a , como se a penetrássemos ou ela se houvesse introduzido dentro de nós" (1).


Referência:
(1) KIERKEGAARD, Sören. Temor e tremor. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, p. 20.

2

"O que está ao alcance de qualquer homem é o movimento da resignação infinita e, pela minha parte, não hesitaria em acusar de covardia quem quer que se julgasse incapaz de o realizar. Porém, em relação à , é uma outra questão. Não é permitido a ninguém fazer acreditar aos outros que a tem pouca importância ou é coisa fácil, quando é, pelo contrário, a maior e a mais penosa de todas as coisas" (1).


Referência:
(1) KIERKEGAARD, Sören. Temor e tremor. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, p. 69.

3

"A não acrescenta novas relações, novas respostas, novas coisas às dimensões da existência. A desvela nas coisas novas e velhas, nas respostas antigas e modernas, nas relações passadas e presentes, a Linguagem do Mistério" (1).
Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Poder e Autoridade no Cristianismo". In: Aprendendo a pensar I. Teresópolis: Daimon, 2008, p. 222.

4

"Quando um homem se embrenha no caminho, penoso em um sentido, o do herói trágico, muitos devem estar em condições de o aconselhar; mas àquele que segue a estreita senda da , ninguém o pode ajudar, ninguém o pode compreender. A é um milagre; no entanto, ninguém dela está excluído; porque é na paixão que toda a vida humana encontra a sua unidade, e a é uma paixão" (1).


Referência:
(1) KIERKEGAARD, Sören. Temor e tremor. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, p. 88.

5

"Um homem faz uma coisa que não entra no geral: diz-se que não agiu por amor de Deus, querendo exprimir com isso que agiu por amor de si próprio. O paradoxo da perdeu a instância intermediária, o geral. Por um lado, a é a expressão do supremo egoísmo: realiza o terrificante, realiza-o por amor de si próprio; por outro lado, é a expressão do mais absoluto abandono, atua por amor de Deus. Não pode entrar no geral pela mediação; porque, dessa maneira, destruí-lo-ia. A é esse paradoxo, e o indivíduo não pode, de forma alguma, fazer-se compreender por ninguém" (1).


Referência:
(1) KIERKEGAARD, Sören. Temor e tremor. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, pp. 92-3.

6

"A coragem da é o único acto de humildade" (1).


Referência:
(1) KIERKEGAARD, Sören. Temor e tremor. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, p. 95.

7

Emmanuel Carneiro Leão mostra que a questão da só vai aparecer a partir do período helenístico. Ver abaixo as Referências (1) e (2).


Referências:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A filosofia grega hoje". In: Caderno de Letras, n° 18. Rio de Janeiro: UFRJ, 2002, p. 23.
(2) ---. "Fé e contemplação". In: Aprendendo a pensar II. Petrópolis: Vozes, 1992.
Ver também:
*Sagrado

8

A vai estar ligada à transformação da experiência de pensamento enquanto mito e místico, enquanto experiência da religião e da religiosidade, vivenciada, por exemplo, pelas comunidades pitagóricas, em conhecimento, a partir da transformação da experiência de pensamento filosófico em conhecimento filosófico, que vai ocorrer predominantemente no período helenístico.
Diz Leão:
"Até o período Clássico, o indivíduo não tinha a experiência da , como nós entendemos hoje, isto é, no sentido das grandes religiões médio-orientais, dos gnósticos, do judaísmo, do maometanismo e do cristianismo, que entenderam por o testemunho e a revelação de Deus criador, e disseminaram para toda cultura ocidental o legado da , da experiência da . Ele tinha experiência de religiosidade, mas não experiência da , em que alguém organiza o seu comportamento, as suas relações, a sua vida, consigo, com os outros, com o real e com o mundo, na base de princípios que ele recebeu por crença, que ele admite como dotado de um valor, de uma certeza, provinda do testemunho de alguém fidedigno" (1).
Ora, estas afirmações vão ter implicações na concepção do mito e do sagrado. Não se pode deduzir o que é mito nem a partir da filosofia, nem da ciência, nem da . O mito é uma experiência do sagrado e, por isso, como tal, não se sabe o que é. Heidegger vai trabalhar em duas experiências de pensamento básicas: o pensador, que diz o ser, e o poeta, que nomeia o sagrado. No pensamento poético, eclodem as diferentes experiências de pensamento: o mito, os deuses, o extraordinário, o místico, o religioso no sentido pitagórico, constituindo o sagrado, a que se liga à experiência poética de Hölderlin. A outra experiência de pensamento é a filosófica, constituída pelos pensadores que dizem o Ser. São os pensadores filosóficos que Leão cita no fim do ensaio. No meio, há a filosofia que se torna sistema de conhecimento e valores morais, dando origem às religiões baseadas na . Nesse sentido, a arte, o mito, o místico são sagrados, mas não são religiosos, pois não são sistemas nem implicam .


- Manuel Antônio de Castro
Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A filosofia grega hoje". In: Caderno de Letras. Faculdade de Letras, Departamento de Letras Anglo-Germânicas, UFRJ, 18, 2002, p. 23.

9

"A começa precisamente onde acaba a razão" (1).


Referência:
(1) KIERKEGAARD, Sören. Temor e tremor. Lisboa: Guimarães Editores, 1998, p. 71.

10

"A é uma aflição dolorosa. É como amar alguém que está no escuro e não sai quando chama" (1).


Referência:
(1) BERGMAN, Ingmar. Fala do cavaleiro no filme O sétimo selo.

11

"Do ponto de vista dos conteúdos vividos, crença diz pulsão de repetir, diz constância de relações, teoria diz cálculo de operações. Do ponto de vista das atitudes de andamento, crença inclui adesão, implica fidelidade e teoria abrange objetivações. São três vertentes que se excluem mutuamente nos processos de fazer e agir, mas que a vida reúne, dialeticamente, nas posições e situações existenciais" (1).


Refência:
- LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Crença, fé e teoria na filosofia". In: Revista Tempo Brasileiro 186, Cláudio Magris , 125-132, jul.-set., 2011, p.129.

12

"Hesse afastou a espiritualidade da perfeição, lançando-a, em vez disso, no caminho incerto da dúvida e da imperfeição, e aproximando-a, de certo modo, da arte. A e a dúvida, ele ensinava, em vez de se excluírem, se correspondem. Onde não se duvida, não se crê verdadeiramente. Lição que se torna luminosa no mundo sectário e sombrio em que vivemos" (1).


Referência:
(1) CASTELLO, José. Resenha publicada no Caderno "Prosa & Verso", p. 5, do Jornal O Globo.

13

"Ainda que as verdades da não sejam demonstráveis, isto é, passíveis de prova, é possível demonstrar o acerto de se crer nelas, e essa tarefa cabe à razão. A razão relaciona-se, portanto, duplamente com a : precede-a e é sua consequência. É necessário compreender para crer e crer para compreender (Intellige ut credas, crede ut intelligas) (1).


Referência:,
(1) PESSANHA, José Américo Motta (Consultor). Santo Agostinho - Vida e Obra. Confissões - De Magistro. Coleção: Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. XIV.

14

"De Ulisses ela aprendera a ter coragem de ter - muita coragem, em quê? Na própria , que a pode ser um grande susto, pode significar cair no abismo" (1).


Referência:
(1) LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. Rio de Janeiro: José Olympio, 4. e., 1974, p. 29.

15

"É a que nos tranquiliza e é o amor que nos impulsiona a viver todos os dias como se fosse o último. Viver intensamente e intensamente se preparar para a outra vida" (1).


Referência:
(1) ROSSI, Padre Marcelo. "Ressurreição de Lázaro". In: ---. Ágape. São Paulo: Editora Globo, 2015, 30 reimpressão, p. 73.

16

"Viver com e pela projeta a existência para outro patamar" (1).


Referência:
(1) GALLIAN, Dante. "É próprio do humano saber refletir e discernir". In: "---. É próprio do humano. Rio de Janeiro: Editora Record, 2022, 1a. e., p. 113.

17

"A experiência da não anula o trabalho da razão, antes o exige. A vida na e pela não compromete a liberdade, mas a torna efetiva e operativa" (1).


Referência:
(1) GALLIAN, Dante. "É próprio do humano saber refletir e discernir". In: "---. É próprio do humano. Rio de Janeiro: Editora Record, 2022, 1a. e., p. 114.
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