Uno
De Dicionrio de Potica e Pensamento
(Diferença entre revisões)
(→1) |
(→3) |
||
(31 edições intermediárias não estão sendo exibidas.) | |||
Linha 1: | Linha 1: | ||
__NOTOC__ | __NOTOC__ | ||
+ | : Ver também: [[Unidade]] e [[Um]]. | ||
+ | |||
+ | |||
== 1 == | == 1 == | ||
- | :"O | + | : "O [[uno]] não admite divisão. Toda e qualquer [[forma]] de divisão é já [[desintegração]], é já destruição do [[uno]]. Para que se apresente o [[uno]] com [[sentido]] é incondicional a sua indivisibilidade. O [[uno]] não é [[análise|analisável]]. Ele constitui um [[outro]] irreversível. É essa irreversibilidade que assegura em qualquer instância ou [[dimensão]], [[sempre]], a [[possibilidade]] de que se estabeleça uma [[dinâmica]] propícia à instauração de um ''[[logos]]'', de um [[sentido]] da instauração de uma [[instância]] de proferição. Radicalmente: o [[uno]] é a [[vigência]] do [[uno]] enquanto [[uno]]. Em última [[instância]] é a [[vigência]] da [[diferença]], é a radicalização da [[diferença]] no encaminhamento que leva a [[diferença]] à sua [[instância]] mais [[radical]], à sua raiz" (1). |
+ | |||
+ | |||
+ | : Referência: | ||
+ | |||
+ | : (1) JARDIM, Antonio. '''[[Música]]: [[vigência]] do [[pensar]] [[poético]]. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 84. ''' | ||
+ | |||
+ | == 2 == | ||
+ | : "A [[Natureza]], para Nietzsche, é uma força irresistível que se manifesta como [[unidade]] e [[multiplicidade]], num eterno retorno tensional. Simboliza a [[unidade]] pelo [[instinto]] [[dionisíaco]], que tem um [[conhecimento]] imediato de si. O [[uno]] tem [[necessidade]] para sua [[libertação]] do encanto da [[visão]] e da [[alegria]] da [[aparência]], pois quanto mais [[diferente]] mais [[uno]], daí tender à [[aparência]], ou seja, ao [[múltiplo]], ao [[finito]] e [[individual]], sentindo-se cada um [[alienado]] e sofrendo. Toma como [[símbolo]] da [[aparência]] ou da [[multiplicidade]] o [[instinto]] [[apolíneo]]. O [[uno]] ao multiplicar-se e, portanto, [[libertar-se]], experimenta um profundo gozo e força, que Nietzsche visualiza no [[renascer]] da [[multiplicidade]] e [[aparência]], conhece que o gozo da [[aparência]] é falaz e retorna ao [[uno]]. Nessa [[perspectiva]], o [[trágico]] é a [[representação]] simbólica da [[sabedoria]] [[dionisíaca]], com a ajuda de meios [[artísticos]] [[apolíneos]] e, pelo aniquilamento destes, chega-se ao [[uno]]. O estado [[apolíneo]], pela [[aparência]], corresponde ao [[princípio]] da “[[medida]]” no [[sentido]] [[helênico]]" (1). | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : Referência: | ||
+ | |||
+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "As faces do [[trágico]] em [[Vidas]] Secas". In:---. [[Travessia]] [[Poética]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977, p. 77. ''' | ||
+ | |||
+ | == 3 == | ||
+ | : "O [[Tao]] é [[um]], mas no momento em que ele se torna manifesto, precisa se tornar dois. A [[manifestação]] precisa [[ser]] [[dual]]: ela não pode [[ser]] uma só, precisa se dividir em duas. Ela precisa tornar-se [[matéria]] e [[consciência]], precisa tornar-se [[homem]] e [[mulher]], [[dia]] e [[noite]], [[vida]] e [[morte]]... Você encontrará esses dois [[princípios]] em [[todos]] os [[lugares]]. O [[todo]] da [[vida]] consiste nesses dois [[princípios]], e por trás deles está [[oculto]] o [[Uno]]. Se você insistir em [[permanecer]] às voltas com essas [[dualidades]], nos polos opostos, permanecerá no [[mundo]]. Se você for [[inteligente]], se for um pouco mais alerta e começar a [[olhar]] mais fundo, a [[olhar]] para a [[profundidade]] das [[coisas]], ficará surpreso: os opostos não são [[realmente]] opostos, mas complementares. E por trás de ambos há uma única [[energia]]: o [[Tao]]" (1). | ||
+ | |||
+ | : O [[autor]] usa a [[palavra]] ''[[dual]]'', penso que [[melhor]] seria usar a [[palavra]] ''[[dobra]]'', onde se faz [[presente]] a [[diferença]] e a [[identidade]]. A [[dualidade]] criada [[entre]] [[oposto]] e [[complementar]] ignora a [[presença]] e [[energia]] da [[dobra]], [[presente]] em [[tudo]]. | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : - [[Manuel Antônio de Castro]]. | ||
+ | : Referência: | ||
- | : | + | : (1) OSHO.''' "Os [[princípios]] do [[tao]]". In: ----. [[Tao]], trad. Leonardo Freire. São Paulo: Cultrix, 2014, 10. ''' |
- | : | + | == 4 == |
+ | : "Mas aquilo que tem [[partes]] não é [[uno]], e, sim, composto e distinto de si mesmo e pode-se fracionar, ou na [[realidade]] ou pelo [[ato]] do [[pensamento]]. Porém, isso não se pode afirmar de ti, que és o [[ser]] do qual não se pode [[pensar]] nenhuma [[coisa]] [[melhor]]" (1). | ||
- | : | + | : Referência: |
- | : | + | : (1) ANSELMO, Santo.''' "Cap. XVIII - Como nem em [[Deus]] nem na sua [[eternidade]], que é ele mesmo, há [[partes]]". In: Proslógio. Coleção: Os [[Pensadores]]. [[Santo]] Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 115. ''' |
Edição atual tal como 19h40min de 24 de Dezembro de 2024
1
- "O uno não admite divisão. Toda e qualquer forma de divisão é já desintegração, é já destruição do uno. Para que se apresente o uno com sentido é incondicional a sua indivisibilidade. O uno não é analisável. Ele constitui um outro irreversível. É essa irreversibilidade que assegura em qualquer instância ou dimensão, sempre, a possibilidade de que se estabeleça uma dinâmica propícia à instauração de um logos, de um sentido da instauração de uma instância de proferição. Radicalmente: o uno é a vigência do uno enquanto uno. Em última instância é a vigência da diferença, é a radicalização da diferença no encaminhamento que leva a diferença à sua instância mais radical, à sua raiz" (1).
- Referência:
2
- "A Natureza, para Nietzsche, é uma força irresistível que se manifesta como unidade e multiplicidade, num eterno retorno tensional. Simboliza a unidade pelo instinto dionisíaco, que tem um conhecimento imediato de si. O uno tem necessidade para sua libertação do encanto da visão e da alegria da aparência, pois quanto mais diferente mais uno, daí tender à aparência, ou seja, ao múltiplo, ao finito e individual, sentindo-se cada um alienado e sofrendo. Toma como símbolo da aparência ou da multiplicidade o instinto apolíneo. O uno ao multiplicar-se e, portanto, libertar-se, experimenta um profundo gozo e força, que Nietzsche visualiza no renascer da multiplicidade e aparência, conhece que o gozo da aparência é falaz e retorna ao uno. Nessa perspectiva, o trágico é a representação simbólica da sabedoria dionisíaca, com a ajuda de meios artísticos apolíneos e, pelo aniquilamento destes, chega-se ao uno. O estado apolíneo, pela aparência, corresponde ao princípio da “medida” no sentido helênico" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "As faces do trágico em Vidas Secas". In:---. Travessia Poética. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977, p. 77.
3
- "O Tao é um, mas no momento em que ele se torna manifesto, precisa se tornar dois. A manifestação precisa ser dual: ela não pode ser uma só, precisa se dividir em duas. Ela precisa tornar-se matéria e consciência, precisa tornar-se homem e mulher, dia e noite, vida e morte... Você encontrará esses dois princípios em todos os lugares. O todo da vida consiste nesses dois princípios, e por trás deles está oculto o Uno. Se você insistir em permanecer às voltas com essas dualidades, nos polos opostos, permanecerá no mundo. Se você for inteligente, se for um pouco mais alerta e começar a olhar mais fundo, a olhar para a profundidade das coisas, ficará surpreso: os opostos não são realmente opostos, mas complementares. E por trás de ambos há uma única energia: o Tao" (1).
- O autor usa a palavra dual, penso que melhor seria usar a palavra dobra, onde se faz presente a diferença e a identidade. A dualidade criada entre oposto e complementar ignora a presença e energia da dobra, presente em tudo.
- Referência:
- (1) OSHO. "Os princípios do tao". In: ----. Tao, trad. Leonardo Freire. São Paulo: Cultrix, 2014, 10.
4
- "Mas aquilo que tem partes não é uno, e, sim, composto e distinto de si mesmo e pode-se fracionar, ou na realidade ou pelo ato do pensamento. Porém, isso não se pode afirmar de ti, que és o ser do qual não se pode pensar nenhuma coisa melhor" (1).
- Referência:
- (1) ANSELMO, Santo. "Cap. XVIII - Como nem em Deus nem na sua eternidade, que é ele mesmo, há partes". In: Proslógio. Coleção: Os Pensadores. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 115.