Democracia
De Dicionrio de Potica e Pensamento
(Diferença entre revisões)
(→2) |
(→3) |
||
Linha 22: | Linha 22: | ||
: (1) DIEGUES, Cacá. "Indispensável fênix". Crônica publicada em '''O Globo''', 9-12-2019, p. 3. | : (1) DIEGUES, Cacá. "Indispensável fênix". Crônica publicada em '''O Globo''', 9-12-2019, p. 3. | ||
+ | |||
+ | |||
+ | |||
+ | == 4 == | ||
+ | : "Existe uma corrente de [[pensamento]] bastante efervescente segundo a qual o [[conceito]] de [[eleição]], tal qual o conhecemos, foi enterrado junto com o [[século]] 20. A [[ideia]] de que esta [[forma]] de consulta [[democrática]] consegue nivelar [[diferenças]] [[nacionais]] e concede ao [[vencedor]] [[tempo]] e [[espaço]] para implementar seu [[programa]] de [[governo]] é [[coisa]] do [[passado]]. Como escreveu o [[autor]] [[britânico]] John Harris, a [[política]], depois que o [[mundo]] migrou para a [[vida]] ''on-line'', passou a [[operar]] num ambiente de [[descrédito]], [[cinismo]] e [[guerra]] [[tribal]] que a impede de chegar a qualquer [[desfecho]]. ''Ninguém [mais] [[realmente]] vence'', conclui Harris. E mesmo quando vence, acaba mantendo a cabeça e o [[corpo]] em campanha [[eleitoral]] [[permanente]]" (1). | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : Referência: | ||
+ | |||
+ | : (1) HARAZIM, Dorrit. ''No eixo Boris-Trump''. Crônica publicada em ''O Globo'', 15-12-2019, p. 3. Caderno '''Opinião'''. |
Edição de 23h02min de 15 de Dezembro de 2019
Tabela de conteúdo |
1
- "Na democracia, a soberania está no direito e o exercício do poder está na lei. Pois a democracia não é a tirania da maioria. A democracia é o reconhecimento e a preservação dos direitos de todos numa ordem universal da lei pelo governo da maioria" (1).
- Referência bibliográfica:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A questão do modelo democrático". In: ------. Filosofia contemporânea. Teresópolis - RJ: Editora Daimon, 2013, p. 185.
2
- O povo grego só experienciou a democracia porque experienciou profundamente a palavra e, com a palavra, o poder da palavra. O poder da palavra enquanto vigor da linguagem é sempre ético. Por isso, é impossível pensar a democracia sem a linguagem. Isso no tempo dos gregos e hoje, mas mais no tempo dos gregos, porque vão experienciar a palavra em níveis radicais: como palavra poética, filosófica e retórica. Daí que para os gregos se eleva e se experiencia tão radicalmente o lógos. Sobretudo nos advém na poesia e no pensamento. Não se pode pensar o poder do povo (democracia) sem o poder da linguagem, mas só na medida em que o povo é tomado pela palavra e não administrado por ela, seja na palavra dos sofistas com a retórica, seja nos jogos de poder dos meios de comunicação. Por isso, o grego é formado na palavra, pela palavra e para a palavra. A cultura grega é linguagem, é logos. Desabrocham em plenitude enquanto linguagem, daí o poder das suas artes. Linguagem para eles é vida em plenitude. Mas a linguagem pode também ser realizada como algo inessencial, fazendo da palavra um poder manipulatório: é a retórica pela retórica e a erística. É o jogo da dóxa. Mas qual o lugar do diálogo na democracia? Qual o lugar da liberdade na linguagem? Tudo isto é essencial para a democracia, se não consistir num mero conceito. Sem povo não há democracia, mas sem linguagem não há povo.
3
- "Numa democracia de verdade, estar com a razão não autoriza ninguém a censurar a voz do outro, daqueles que não concordam conosco. Se agirmos do mesmo modo que eles, como poderemos afirmar a diferença entre nós?" (1).
- Referência:
- (1) DIEGUES, Cacá. "Indispensável fênix". Crônica publicada em O Globo, 9-12-2019, p. 3.
4
- "Existe uma corrente de pensamento bastante efervescente segundo a qual o conceito de eleição, tal qual o conhecemos, foi enterrado junto com o século 20. A ideia de que esta forma de consulta democrática consegue nivelar diferenças nacionais e concede ao vencedor tempo e espaço para implementar seu programa de governo é coisa do passado. Como escreveu o autor britânico John Harris, a política, depois que o mundo migrou para a vida on-line, passou a operar num ambiente de descrédito, cinismo e guerra tribal que a impede de chegar a qualquer desfecho. Ninguém [mais] realmente vence, conclui Harris. E mesmo quando vence, acaba mantendo a cabeça e o corpo em campanha eleitoral permanente" (1).
- Referência:
- (1) HARAZIM, Dorrit. No eixo Boris-Trump. Crônica publicada em O Globo, 15-12-2019, p. 3. Caderno Opinião.