Querer

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: (1) HEIDEGGER, Martin. "Para discussão da serenidade". In:---------. ''Serenidade''. Lisboa: Instituto Piaget, s/d, p. 32.
: (1) HEIDEGGER, Martin. "Para discussão da serenidade". In:---------. ''Serenidade''. Lisboa: Instituto Piaget, s/d, p. 32.
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: "O [[operar]] do [[questionar]] no [[ser humano]] origina o seu [[querer]], de onde surge a [[vontade]]. Igualmente o [[operar]] do [[questionar]] o faz [[querer]] o [[saber]] de todo [[não-saber]], de onde lhe advém o [[intelecto]]. Não há [[vontade]] sem [[intelecto]] e nem [[intelecto]] sem [[vontade]]. Porém, tanto a [[vontade]] como o [[intelecto]] são [[doações]] da ''[[phýsis]]'', em seu manifestar-se como [[questão]] no [[ser humano]]. Este não apenas quer [[saber]] por compulsão, de alguma maneira ele sabe sempre o que quer e não-quer, porque quer [[saber]] o [[não-saber]] de todo [[querer]] e [[questionar]]" (1).
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: Referência:
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. " ''Phýsis'' e humano: a arte”. In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 266.

Edição de 15h37min de 23 de Abril de 2019

Tabela de conteúdo

1

Há uma tensão essencial entre saber e querer, ou seja, vontade e razão: poíesis e lógos. Ela, como referência dupla essencial (entre poíesis e lógos, vontade e razão, ser e ente, limite e não-limite, verdade e não-verdade) se torna a questão das questões, a questão do entre-ser e da liberdade. Aqui naufraga a subjetividade e se abrem as portas para a questão de [[ser e mônada (ente). Toda a modernidade é o grande debate sobre a vontade e a razão (querer e saber), afirmados ôntica e epistemicamente. O caminho do tempo e da história, porque onticamente considerados, deságua hoje na memória alargada até o génos / moíra. Nesses e por esses a questão se coloca como ser e saber, onde o querer é cura do ser como realização enquanto saber. Daí a questão do mito em Narciso: por que o saber implica a morte? Assim como em Midas, o querer implica também a morte. No entre vige o mito de Prometeu, mas dimensionado pelo mito de Cura, na medida em que esse remete para o fingere. Em todos e sempre presente, a morte. Por isso Cristo, Prometeu, Narciso, Midas, Cura experienciam a Morte, a descida ao rio Léthe. O que a Morte tem a ver com o querer e o não-querer, com verdade e não-verdade? Como questão, o querer é mais complexo do que aquilo que normalmente se compreende por vontade.


- Manuel Antônio de Castro


2

"Somos livres para falar, mas não somos livres diante da linguagem, a partir da qual e só a partir da qual, necessariamente, é que podemos querer e falar. Há uma liberdade do querer ou não querer falar, mas esta liberdade radica na necessidade de sempre querermos a partir da linguagem como necessidade, mesmo quando queremos não querer" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Liberdade, vontade e uso de drogas”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 271.


3

Quem pergunta é porque já quer (saber) e este querer não nos vem de nossa vontade, mas do ser / saber (em Parmênides: einai / noein) que nos foi doado e o qual tendemos já desde sempre a realizar completamente, mas porque somos limitados nunca conseguimos de maneira completa, pois nele não mais poderia haver saber e não-saber. Daí surge a dialética enquanto procura incessante de proximidade e distância, de completude e falta, de sentido e não-sentido, de verdade e não-verdade, onde um tal não não indica falta, mas o que já se tem e tem demais e nunca cabe em nossos limites. Por isso, dentro deles só fazemos nos entregar incessantemente à procura da plenitude para a qual tendemos por sermos e não-sermos, e jamais como uma decisão de nossa vontade, que só aparentemente é que quer.


- Manuel Antônio de Castro.


4

"Não-querer significa, em primeiro lugar, um querer, um querer dominado por um não, mesmo no sentido de um não que incide sobre o próprio querer e o recusa. Não-querer significa, portanto, recusar voluntariamente o querer. A expressão não-querer significa também, em segundo lugar, o que é pura e simplesmente estranho a todo tipo de vontade" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "Para discussão da serenidade". In:---------. Serenidade. Lisboa: Instituto Piaget, s/d, p. 32.


5

"O operar do questionar no ser humano origina o seu querer, de onde surge a vontade. Igualmente o operar do questionar o faz querer o saber de todo não-saber, de onde lhe advém o intelecto. Não há vontade sem intelecto e nem intelecto sem vontade. Porém, tanto a vontade como o intelecto são doações da phýsis, em seu manifestar-se como questão no ser humano. Este não apenas quer saber por compulsão, de alguma maneira ele sabe sempre o que quer e não-quer, porque quer saber o não-saber de todo querer e questionar" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. " Phýsis e humano: a arte”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 266.
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