Pós-modernidade
De Dicionrio de Potica e Pensamento
(Diferença entre revisões)
(→4) |
|||
| (3 edições intermediárias não estão sendo exibidas.) | |||
| Linha 14: | Linha 14: | ||
| - | ==2== | + | == 2 == |
| - | :O engano maior em relação à pós-modernidade é procurar características formais. O que então procurar? Em primeiro lugar as questões fundamentais, trazendo ao pensamento: [[natureza]], [[tempo]], [[linguagem]], [[memória]], [[história]]. Mas isto não basta. É necessário complementar como e que experienciações se fazem delas, ou seja, [[mito]], [[pensamento]], misticismo, ''[[poíesis]]''. Estas experienciações têm um eixo básico: ''[[éros]]'' e ''[[thánatos]]''. Quer dizer: como as questões são realizadas enquanto essas experienciações e depois como essas experienciações se "realizam", mobilizadas, alimentadas pelas experienciações fundamentais que são ''éros'' e ''thánatos''. Esse é o caminho para estudo e caracterização da [[arte]] na pós-modernidade. É necessário erradicar de vez o estudo formal e funcional. | + | : O engano maior em relação à pós-modernidade é procurar características formais. O que então procurar? Em primeiro lugar as questões fundamentais, trazendo ao pensamento: [[natureza]], [[tempo]], [[linguagem]], [[memória]], [[história]]. Mas isto não basta. É necessário complementar como e que experienciações se fazem delas, ou seja, [[mito]], [[pensamento]], misticismo, ''[[poíesis]]''. Estas experienciações têm um eixo básico: ''[[éros]]'' e ''[[thánatos]]''. Quer dizer: como as questões são realizadas enquanto essas experienciações e depois como essas experienciações se "realizam", mobilizadas, alimentadas pelas experienciações fundamentais que são ''éros'' e ''thánatos''. Esse é o caminho para estudo e caracterização da [[arte]] na pós-modernidade. É necessário erradicar de vez o estudo formal e funcional. |
| - | :O exemplo maior dessa esterilidade está na discussão em torno do penico de Duchamp. Em vista das profundas transformações por que passa a humanidade e as novas experienciações de ''éros'' e ''thánatos'', ficar discutindo esses [[formalismo|formalismos]] é de uma inatualidade e crueldade devastadora. Daí a necessidade também de combater o [[estética|esteticismo]]. Para tudo isso se faz necessário levantar três fontes: 1ª) abandonar o formalismo, retomando o estudo e aprofundamento da diferenciação fundamental de [[obra]], [[coisa]], [[objeto]], [[utensílio]]; 2ª) retomar a questão da [[história]] e do [[destino]]. Para isto é necessário: a) estudar a história hegeliana e marxista enquanto interpretação [[ideologia|ideológica]] e [[política]] do tempo, da história, etc; b) estudar a postura heideggeriana sobre esses temas, o trans-humanismo e o destino; 3ª) estudar o homem e o real a partir da essência da [[ciência]] e da [[técnica]]. Os tópicos anteriores: as questões, a experiência e pólo/tensão básica ''éros'' e ''thánatos'' têm que ser vistas nesse novo [[horizonte]] do homem e real atuais. | + | : O exemplo maior dessa esterilidade está na discussão em torno do penico de Duchamp. Em vista das profundas transformações por que passa a humanidade e as novas experienciações de ''éros'' e ''thánatos'', ficar discutindo esses [[formalismo|formalismos]] é de uma inatualidade e crueldade devastadora. Daí a necessidade também de combater o [[estética|esteticismo]]. Para tudo isso se faz necessário levantar três fontes: 1ª) abandonar o formalismo, retomando o estudo e aprofundamento da diferenciação fundamental de [[obra]], [[coisa]], [[objeto]], [[utensílio]]; 2ª) retomar a questão da [[história]] e do [[destino]]. Para isto é necessário: a) estudar a história hegeliana e marxista enquanto interpretação [[ideologia|ideológica]] e [[política]] do tempo, da história, etc; b) estudar a postura heideggeriana sobre esses temas, o trans-humanismo e o destino; 3ª) estudar o homem e o real a partir da essência da [[ciência]] e da [[técnica]]. Os tópicos anteriores: as questões, a experiência e pólo/tensão básica ''éros'' e ''thánatos'' têm que ser vistas nesse novo [[horizonte]] do homem e real atuais. |
| - | :Olhando o termo [[época]] para estudar a pós-modernidade, devemos pensar a essência dessa palavra: O que é época? Uma coisa fica evidente: a toda época corresponde um [[mundo]]. Então, a pergunta básica a respeito da pós-modernidade como época é: Que mundo está se configurando? Até onde este mundo se diferencia do mundo da [[modernidade]]? Do mundo medieval? Do mundo antigo? Do mundo de outras [[cultura|culturas]] não ocidentais? | + | : Olhando o termo [[época]] para estudar a pós-modernidade, devemos pensar a essência dessa palavra: O que é época? Uma coisa fica evidente: a toda época corresponde um [[mundo]]. Então, a pergunta básica a respeito da pós-modernidade como época é: Que mundo está se configurando? Até onde este mundo se diferencia do mundo da [[modernidade]]? Do mundo medieval? Do mundo antigo? Do mundo de outras [[cultura|culturas]] não ocidentais? |
| - | :- [[Manuel Antônio de Castro]] | + | : - [[Manuel Antônio de Castro]] |
| + | : '''Ver também:''' | ||
| - | : | + | : *[[Pós-moderno]] |
| - | : | + | |
| + | |||
| + | == 3 == | ||
| + | : "O [[pensar]] a complexidade do [[conhecimento]], numa [[sociedade]] do [[conhecimento]] dominada pelas [[infovias]], é o desafio maior da [[Pós-modernidade]] e um de seus [[caminhos]] é o da [[interdisciplinaridade]], onde a complexidade do [[conhecer]] tem [[lugar]] e acontece. Mas não se trata simplesmente de problemas [[epistemológicos]]. Trata-se de [[pensar]] a [[sociedade]] em [[rede]] e a [[Terra]] como uma grande [[teia]] [[poética]], a [[teia]] da [[vida]]. Porém, não há como [[pensar]] essa [[teia]] [[poética]] sem repensar o [[lugar]] do [[homem]] centrado na [[subjetividade]] [[moderna]]" (1). | ||
| + | |||
| + | |||
| + | : Referência: | ||
| + | |||
| + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Apresentação". In: Manuel Antônio de Castro, (org.). ''Arte: corpo, mundo e terra''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 11. | ||
| + | |||
| + | |||
| + | |||
| + | == 4 == | ||
| + | : "A [[Pós-modernidade]] traz um “Pós-” que não quer [[dizer]] um algo que vem depois, mas um “Pós-” que mergulha ainda mais fundo no [[interior]] da [[Modernidade]], para lá encontrar a [[fala]] do ''[[Logos]]'' [[originário]], como nos convocou a fazer o [[pensador]] Heráclito na [[sentença]] 50: Auscultando não a mim, mas ao ''[[Logos]]'', é sábio reunirmo-nos em torno do [[mesmo]], pois [[tudo]] é [[um]]" (1), (2). | ||
| + | |||
| + | |||
| + | : Referências: | ||
| + | |||
| + | : (1) HERÁCLITO. Fragmento 50. In: ''Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito''. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 71. | ||
| + | |||
| + | : (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Apresentação". In: Manuel Antônio de Castro, (org.). ''Arte: corpo, mundo e terra''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 13. | ||
Edição atual tal como 23h01min de 24 de Outubro de 2018
1
- No exame da questão da arte na pós-modernidade, ao fugir da classificação por forma e matéria, entram para o primeiro plano duas questões, ao menos por enquanto, junto com o que Heidegger denomina quaternidade: o mundo, na medida em que a coisa coisando surge, constitui-se mundo, e o que Heidegger traz para o pensar como sendo os imortais, a questão do sagrado, ou inversamente, a questão do profano: a fuga dos deuses num mundo dominado pela essência da técnica, como é a pós-modernidade.
- Em que consiste a progressiva dessacralização? Como ficam esses dois temas na pós-modernidade? Baudelaire inaugura a problemática da modernidade em estreita relação com a temática do homem e da cidade. O que isso tem a ver com a perda da aura e com o profano, e, sobretudo, com a questão do mundo? Estaria a cidade predominantemente ligada à representação? Como se dá esta construção do homem e do real a partir da cidade? O que significa a cidade na pós-modernidade?
- De alguma maneira isto remete para o mito. E ainda seria possível experienciar a coisa na cidade sem mitos e esquecida do mítico? O que há aí? Não é o caminho da pós-modernidade o caminho, seja da subjetividade impessoal, da extrema comunicação sem proximidade, ou seja, do domínio da distância, num paradoxo com a sociedade do conhecimento e da comunicação, da solidão tão profunda onde não se tem ninguém para ouvir um segredo? Não será esta a essência da globalização, ou seja, da pós-modernidade?
- Ver também:
2
- O engano maior em relação à pós-modernidade é procurar características formais. O que então procurar? Em primeiro lugar as questões fundamentais, trazendo ao pensamento: natureza, tempo, linguagem, memória, história. Mas isto não basta. É necessário complementar como e que experienciações se fazem delas, ou seja, mito, pensamento, misticismo, poíesis. Estas experienciações têm um eixo básico: éros e thánatos. Quer dizer: como as questões são realizadas enquanto essas experienciações e depois como essas experienciações se "realizam", mobilizadas, alimentadas pelas experienciações fundamentais que são éros e thánatos. Esse é o caminho para estudo e caracterização da arte na pós-modernidade. É necessário erradicar de vez o estudo formal e funcional.
- O exemplo maior dessa esterilidade está na discussão em torno do penico de Duchamp. Em vista das profundas transformações por que passa a humanidade e as novas experienciações de éros e thánatos, ficar discutindo esses formalismos é de uma inatualidade e crueldade devastadora. Daí a necessidade também de combater o esteticismo. Para tudo isso se faz necessário levantar três fontes: 1ª) abandonar o formalismo, retomando o estudo e aprofundamento da diferenciação fundamental de obra, coisa, objeto, utensílio; 2ª) retomar a questão da história e do destino. Para isto é necessário: a) estudar a história hegeliana e marxista enquanto interpretação ideológica e política do tempo, da história, etc; b) estudar a postura heideggeriana sobre esses temas, o trans-humanismo e o destino; 3ª) estudar o homem e o real a partir da essência da ciência e da técnica. Os tópicos anteriores: as questões, a experiência e pólo/tensão básica éros e thánatos têm que ser vistas nesse novo horizonte do homem e real atuais.
- Olhando o termo época para estudar a pós-modernidade, devemos pensar a essência dessa palavra: O que é época? Uma coisa fica evidente: a toda época corresponde um mundo. Então, a pergunta básica a respeito da pós-modernidade como época é: Que mundo está se configurando? Até onde este mundo se diferencia do mundo da modernidade? Do mundo medieval? Do mundo antigo? Do mundo de outras culturas não ocidentais?
- Ver também:
3
- "O pensar a complexidade do conhecimento, numa sociedade do conhecimento dominada pelas infovias, é o desafio maior da Pós-modernidade e um de seus caminhos é o da interdisciplinaridade, onde a complexidade do conhecer tem lugar e acontece. Mas não se trata simplesmente de problemas epistemológicos. Trata-se de pensar a sociedade em rede e a Terra como uma grande teia poética, a teia da vida. Porém, não há como pensar essa teia poética sem repensar o lugar do homem centrado na subjetividade moderna" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Apresentação". In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte: corpo, mundo e terra. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 11.
4
- "A Pós-modernidade traz um “Pós-” que não quer dizer um algo que vem depois, mas um “Pós-” que mergulha ainda mais fundo no interior da Modernidade, para lá encontrar a fala do Logos originário, como nos convocou a fazer o pensador Heráclito na sentença 50: Auscultando não a mim, mas ao Logos, é sábio reunirmo-nos em torno do mesmo, pois tudo é um" (1), (2).
- Referências:
- (1) HERÁCLITO. Fragmento 50. In: Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 71.
- (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Apresentação". In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte: corpo, mundo e terra. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 13.
