Objeto
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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+ | : O [[homem]] [[moderno]] criará a partir da [[imaginação]]. Contudo, para isto haverá uma profunda [[transformação]]. E a grande [[metáfora]] para indicar e conduzir esta [[mudança]] será o [[universo]] como um gigantesco relógio. Nesta [[mudança]] o [[Ser]] é substituído pelo [[Tempo]], mas agora um [[tempo]] que pode ser [[conhecido]], [[medido]] e até se podem efetuar [[intervenções]], [[fundamentadas]], claro, desde então, nesse novo [[conhecimento]] que passou a ser denominado [[científico]], porque [[objetivo]]. E desde então só será [[verdadeiro]] o que for [[científico]]. A prática vai levar a [[metáfora]] do relógio/[[tempo]] para todas as esferas da [[realidade]]/[[natureza]]. Temos de ficar atentos às reduções que se vão operando. A mais complexa é aí o abandono da [[preocupação]] [[ontológica]] com ''o que é'' e o foco único ''no como é'', mas não mais relacionado a ''o que é''. Agora ''o como é'' diz respeito a ''o como se conhece''. É este em última [[instância]] que determina [[tudo]], pois [[tudo]] será [[objeto]] do [[conhecimento]] que se torna o [[verdadeiro]] [[sujeito]], o [[verdadeiro]] “[[criador]]”. Um tal conhecimento é exercido pela [[razão]] [[crítica]], que se fundamenta na ''Razão Crítica'' de Kant. | ||
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+ | : "Alguém poderia, no entanto, objetar que o [[sujeito]] também pode [[perguntar]] por si mesmo, [[saber]] a si mesmo, parecendo assim destruir a [[necessidade]] da [[relação]] [[sujeito]]-[[objeto]]. A esta objeção se responde que realmente se trata aqui de mera [[aparência]]. De fato, quando o [[sujeito]] pergunta por si mesmo, torna-se para si mesmo, até certa medida, [[objeto]]. Neste caso, ele não é mais [[sujeito]] como puramente [[sujeito]], mas [[sujeito]] como [[sujeito]]-[[objeto]]" (1). | ||
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+ | : (1) HUMMES, o.f.m. Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal. |
Edição atual tal como 22h10min de 17 de Abril de 2024
Tabela de conteúdo |
1
- "Um outro exemplo da idade moderna de criação da razão e da consciência é de Kant, cogitans objectum me objectum, da Analítica dos Princípios. Pensando o objeto que não sou eu, mas que se opõe a mim e por isso é “ob-jecto”, descubro que sou eu que penso o objeto oposto a mim. Essa oposição não é tão radical assim. Por isso, isso é o que constitui a consciência. Sem essa experiência de não ser radical, de não ser por exclusividade e exclusão radical a diferença entre sujeito e objeto; por isso é que há a possibilidade da consciência, que pode se tornar qualquer coisa, sem violar e deturpar a diferença" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Idea, Eidos". Conf. proferida na UERJ, em 2005.
2
- "Tudo que for limitado pela forma, aspecto, som, cor,
- Chama-se objeto.
- Entre todos eles, só o homem
- É mais do que um objeto.
- Embora, como os objetos, possua ele forma e aspecto,
- Não se limita pela forma. Ele é mais.
- Não pode atingir a não-forma.
- Quando está ele além da forma e aspecto,
- Além 'deste', ou 'daquele',
- Onde a comparação
- Com outro objeto?
- Onde o conflito?
- O que pode servir de obstáculo?
- Referência:
- (1) MERTON, Thomas. A via de Chuang Tzu, 9. e. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 137.
3
- O homem moderno criará a partir da imaginação. Contudo, para isto haverá uma profunda transformação. E a grande metáfora para indicar e conduzir esta mudança será o universo como um gigantesco relógio. Nesta mudança o Ser é substituído pelo Tempo, mas agora um tempo que pode ser conhecido, medido e até se podem efetuar intervenções, fundamentadas, claro, desde então, nesse novo conhecimento que passou a ser denominado científico, porque objetivo. E desde então só será verdadeiro o que for científico. A prática vai levar a metáfora do relógio/tempo para todas as esferas da realidade/natureza. Temos de ficar atentos às reduções que se vão operando. A mais complexa é aí o abandono da preocupação ontológica com o que é e o foco único no como é, mas não mais relacionado a o que é. Agora o como é diz respeito a o como se conhece. É este em última instância que determina tudo, pois tudo será objeto do conhecimento que se torna o verdadeiro sujeito, o verdadeiro “criador”. Um tal conhecimento é exercido pela razão crítica, que se fundamenta na Razão Crítica de Kant.
4
- A prática vai levar a metáfora do relógio/tempo para todas as esferas da realidade/natureza. Temos de ficar atentos às reduções que se vão operando. A mais complexa é aí o abandono da preocupação ontológica com o que é e o foco único no como é, mas não mais relacionado a o que é. Agora o como é diz respeito a o como se conhece. É este em última instância que determina tudo, pois tudo será objeto do conhecimento que se torna o verdadeiro sujeito, o verdadeiro criador. E vamos ter as seguintes reduções:
- Ente > obra > relógio/organismo>corpo. Por isso não se fala mais em ente nem em obra nem em corpo, mas se falará sempre e para tudo em objeto. No lugar da Ontologia vamos ter na Modernidade a Epistemologia. E no lugar da Poética vamos ter a Estética. E cada objeto/corpo/máquina/organismo é objeto de um conhecimento, submetido à razão crítica, que fundamenta o como se conhece. Surgem as disciplinas e seus objetos de conhecimento. Isso tanto no plano singular quanto no plano das entidades coletivas, como o Estado, a Sociedade, as Épocas. Daí a história estar submetida radicalmente à cronologia. Aliás, tudo ficará submetido à cronologia/tempo. Conhecer a partir do tempo/cronologia é uma questão de medição/cálculo. No fundo, tudo estará submetido ao tempo. Mas este passa a ser o que é acessível à medição/cálculo. Disso se encarregam as diferentes disciplinas que para tal são criadas. Porém, o princípio de medição que dará o verdadeiro conhecimento será o efetuado a partir do que se opera pela matemática, base de todo cálculo, a possibilidade de aprender e ser ensinado.
5
- "No exercício da pergunta se manifestou a dualidade de perguntador e perguntado. Quando eu pergunto, tenho a consciência de mim como perguntador e daquilo-outro como perguntado. Quando sei algo, sou cônscio de mim como sabedor e daquilo-outro como sabido. Esta dualidade de perguntador e perguntado ou de sabedor e sabido se chama sujeito e objeto" (1).
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
6
- "Sujeito e objeto são, portanto, entes limitados, finitos. Esta oposição, por sua vez, se manifesta como necessária relação: um perguntado só existe para o perguntador; um sabido só existe para o sabedor. E vice-versa: um perguntador só existe enquanto alguém pergunta algo que lhe é oposto; sabedor só existe enquanto alguém sabe algo a ele oposto. Portanto, sujeito é sempre sujeito relacionado com um objeto, e objeto é sempre objeto relacionado com um sujeito" (1).
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
7
- "Alguém poderia, no entanto, objetar que o sujeito também pode perguntar por si mesmo, saber a si mesmo, parecendo assim destruir a necessidade da relação sujeito-objeto. A esta objeção se responde que realmente se trata aqui de mera aparência. De fato, quando o sujeito pergunta por si mesmo, torna-se para si mesmo, até certa medida, objeto. Neste caso, ele não é mais sujeito como puramente sujeito, mas sujeito como sujeito-objeto" (1).
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.