Conhecer

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:"Conhecer é dar forma à matéria informada, seja construindo utensílios e objetos, seja construindo conceitos causais explicativos, seja inventando teorias de conhecimento: científicas, ideológicas, estéticas, artísticas etc" (1).  
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: "[[Conhecer]] é dar [[forma]] à [[matéria]] informada, seja construindo utensílios e objetos, seja construindo [[conceito|conceitos]] causais explicativos, seja inventando [[teoria|teorias]] de [[conhecimento]]: [[ciência|científicas]], [[ideologia|ideológicas]], [[estética|estéticas]], [[artísticas]] etc" (1).
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:Referência
 
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:(1) CASTRO, Manuel Antônio de. Interdisciplinaridade poética: o "entre". In: Revista ''Tempo Brasileiro'', Rio de Janeiro, 164: 7/36, jan.-mar., 2006, p. 12.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o 'entre'". In: '''Revista Tempo Brasileiro, nº 164'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2006, p. 12.
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: Só o [[ser]] diz a partir do que é e aparece. Nós dizemos [[sempre]] a partir do que conhecemos daquilo que se nos dá a [[ver]], aparecendo e parecendo. No dizer do [[ser]] há [[sempre]] o [[desvelar]] a partir do [[velar]]. Nós só podemos [[dizer]] a partir do que se dá como desvelado. E este nos aparece como o conhecemos. O que [[é]] [[é]] [[sempre]] o [[mesmo]], não a mesma [[coisa]], e pertence ao [[mesmo]] segundo o [[mesmo]]. Isto é incontornável, porque [[é]]. O que conhecemos como desvelado é contornável. O grande [[desafio]] é [[dizer]] no dito e visto e conhecido o não dito, o não visto e o não conhecido, porque isso é que é o digno de [[ser]] [[questionado]]. Essa é a tarefa e o [[desafio]] de [[pensador|pensadores]] e [[poeta|poetas]].
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O Édipo em Píndaro e Freud". In: -----. '''Filosofia contemporânea'''. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 65.
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: "Para a [[ciência]] tudo é [[disposição]] porque a [[realidade]] já está disposta e predisposta para a sua [[intervenção]]. Cientificamente, [[conhecer]] é poder [[intervir]], pois a [[ciência]] não trata do que [[é]], só do [[como é]]" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -----. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 191.
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: "O [[horizonte]] [[radical]] do [[ser humano]] é que ele não vive para depois [[conhecer]]. Não. [[Viver]] para ele é já desde sempre [[conhecer]]. Este [[projeto]] [[poético]]-[[ontológica]] do [[empenho]] de [[viver]] com o [[conhecer]] é que faz do [[ser humano]] o livre [[desempenho]] em que diuturnamente se empenha. Não é um [[projeto]] que possa [[acontecer]] ou não, nem que resulte do [[empenho]] de [[conhecer]] através da [[consciência]]. Tal [[projeto]] se doa na [[intuição]] [[originária]]. Esta não é de conteúdo reflexivo" (1)... “Ela se dá, sem dúvida, na [[reflexão]], mas não como [[reflexão]]"(2).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o ''entre''". Revista '''Tempo Brasileiro''': Rio de Janeiro: '''Interdisciplinaridade: dimensões poéticas, 164''', jan.-mar., 2006, p. 24.
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: (2) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A Fenomenologia de Edmund Husserl e a Fenomenologia de Martin Heidegger". In: -----. '''Filosofia contemporânea'''. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 33.
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: [[Poder]] [[ensinar]] e [[aprender]] a [[virtude]] é a [[possibilidade]] de chegar a [[se conhecer]] naquilo que já [[é]]. Portanto, a grande [[questão]] de [[todos]] nós não é [[ser]], este já nos foi [[dado]], mas chegarmos a [[conhecermos]] o [[ser]] que já nos foi [[dado]].
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: - [[Manuel Antônio de Castro]].
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: [[Conhecer]] o [[ser]] que nos foi dado é [[renunciar]] aos [[limites]] que o [[ser]] jamais tem, por isso somos, mas estamos [[próximos]] e [[distantes]] do [[ser]], isso para [[dizer]] o quanto nos é [[difícil]] deixarmo-nos tomar pelo [[conhecer]] do [[ser]]. É um [[agir]] tão [[difícil]] e tão especial que ele é sem [[intencionalidade]]. Essa é a [[difícil]] tarefa do [[amar]], isto é, [[amar]] é não [[ter]] [[intencionalidade]], por isso é um [[agir]] que não satisfaz, mas leva à conquista do único que [[satisfaz]]: o [[conquistar-se]], pois no [[sermos]] reside a [[plenitude]], [[conquistar]] é [[conquistar-se]] no que já desde [[sempre]] somos. E este é sem [[intencionalidade]]. É dessa maneira que o que está fora não pode nos [[satisfazer]]. O que está fora nunca para de [[poder]] ser substituído, mas só o [[insubstituível]] nos satisfaz, pois o [[insubstituível]] é sem [[limites]]. [[Pensar]] é [[ser]].
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: - [[Manuel Antônio de Castro]].
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: "Em [[poética]] não basta [[conhecer]]. É [[necessário]] [[ser]] o que se conhece. [[Ser]] o que se conhece é apropriar-se do que é [[próprio]]. Este [[próprio]] é o que recebemos como [[destino]], a Moira dos gregos" (1).
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: Referência:
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: (1) CASTRO, Manuel A. de. "Estética: Liberdade e Necessidade", '''ensaio''' não publicado.

Edição atual tal como 22h37min de 18 de janeiro de 2024

1

"Conhecer é dar forma à matéria informada, seja construindo utensílios e objetos, seja construindo conceitos causais explicativos, seja inventando teorias de conhecimento: científicas, ideológicas, estéticas, artísticas etc" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o 'entre'". In: Revista Tempo Brasileiro, nº 164. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2006, p. 12.


Ver também:
* Conhecimento
* Sabedoria

2

Só o ser diz a partir do que é e aparece. Nós dizemos sempre a partir do que conhecemos daquilo que se nos dá a ver, aparecendo e parecendo. No dizer do sersempre o desvelar a partir do velar. Nós só podemos dizer a partir do que se dá como desvelado. E este nos aparece como o conhecemos. O que é é sempre o mesmo, não a mesma coisa, e pertence ao mesmo segundo o mesmo. Isto é incontornável, porque é. O que conhecemos como desvelado é contornável. O grande desafio é dizer no dito e visto e conhecido o não dito, o não visto e o não conhecido, porque isso é que é o digno de ser questionado. Essa é a tarefa e o desafio de pensadores e poetas.


- Manuel Antônio de Castro

3

"No predomínio do homem como sujeito, a tradição moderna leu no dístico apenas o conhecimento: gnoti s'auton, conhece-te a ti mesmo, e entendeu conhecimento apenas como produção e posse de representações do real pelo sujeito. Todavia, todo grego e, com ele, todo homem sentem nesta convocação não apenas um apelo para representar, mas um apelo para viver, nas peripécias de ser e nas vicissitudes de não ser, os percalços de vir a ser que sempre se é e / ou não se é em tudo que se tem e / ou se deixa de ter. Assim na leitura da vida, não se trata apenas de conhecimento por representação, mas de ser e / ou não ser por libertação : vem a ser e / ou não ser o que já és e / ou não és" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O Édipo em Píndaro e Freud". In: -----. Filosofia contemporânea. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 65.

4

"Para a ciência tudo é disposição porque a realidade já está disposta e predisposta para a sua intervenção. Cientificamente, conhecer é poder intervir, pois a ciência não trata do que é, só do como é" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 191.

5

"O horizonte radical do ser humano é que ele não vive para depois conhecer. Não. Viver para ele é já desde sempre conhecer. Este projeto poético-ontológica do empenho de viver com o conhecer é que faz do ser humano o livre desempenho em que diuturnamente se empenha. Não é um projeto que possa acontecer ou não, nem que resulte do empenho de conhecer através da consciência. Tal projeto se doa na intuição originária. Esta não é de conteúdo reflexivo" (1)... “Ela se dá, sem dúvida, na reflexão, mas não como reflexão"(2).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o entre". Revista Tempo Brasileiro: Rio de Janeiro: Interdisciplinaridade: dimensões poéticas, 164, jan.-mar., 2006, p. 24.
(2) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A Fenomenologia de Edmund Husserl e a Fenomenologia de Martin Heidegger". In: -----. Filosofia contemporânea. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 33.

6

Poder ensinar e aprender a virtude é a possibilidade de chegar a se conhecer naquilo que já é. Portanto, a grande questão de todos nós não é ser, este já nos foi dado, mas chegarmos a conhecermos o ser que já nos foi dado.


- Manuel Antônio de Castro.

7

Conhecer o ser que nos foi dado é renunciar aos limites que o ser jamais tem, por isso somos, mas estamos próximos e distantes do ser, isso para dizer o quanto nos é difícil deixarmo-nos tomar pelo conhecer do ser. É um agir tão difícil e tão especial que ele é sem intencionalidade. Essa é a difícil tarefa do amar, isto é, amar é não ter intencionalidade, por isso é um agir que não satisfaz, mas leva à conquista do único que satisfaz: o conquistar-se, pois no sermos reside a plenitude, conquistar é conquistar-se no que já desde sempre somos. E este é sem intencionalidade. É dessa maneira que o que está fora não pode nos satisfazer. O que está fora nunca para de poder ser substituído, mas só o insubstituível nos satisfaz, pois o insubstituível é sem limites. Pensar é ser.


- Manuel Antônio de Castro.

8

"Em poética não basta conhecer. É necessário ser o que se conhece. Ser o que se conhece é apropriar-se do que é próprio. Este próprio é o que recebemos como destino, a Moira dos gregos" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel A. de. "Estética: Liberdade e Necessidade", ensaio não publicado.
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