Édipo

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 19h51min de 12 de Agosto de 2019 por Profmanuel (Discussão | contribs)

1

No ensaio "... poeticamente habita o homem..." (1), há um poema de Hölderlin que Heidegger interpreta, fazendo referência ao terceiro olho de Édipo. A fim de aprofundar a questão, confira o ensaio "Diana e Heráclito" (2), de Emmanuel Carneiro Leão.


- Manuel Antônio de Castro


Referências:
(1) HEIDEGGER, Martin. "... poeticamente habita o homem...". In:______. Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002.
(2) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Diana e Heráclito". In: Aprendendo a pensar. Petrópolis: Vozes, 1977, pp. 187-8.


Ver também:
*Aparência
*Olhar
*Édipo Rei, de Sófocles

2

O mito do homem é a estrutura fundamental da cultura ocidental, daí a vigência do humanismo. A questão fundamental metafísica é o Humanismo. A poíesis (o vigor poético) não é metafísica nem humanista, mas defende a realização do humano do homem. E o maior exemplo é Édipo. Édipo realiza o humano do homem, porque toda a sua vida se funda numa disputa com o destino, para no final deixar que este o tome e dê o sentido da sua vida, quando então ele faz do humano do homem a liberdade como libertação, dimensionando-se pelo destino enquanto sabedoria. Arrancar os olhos é um ato livre de negação do saber e de se deixar tomar pela sabedoria.


- Manuel Antônio de Castro

3

"Pensa-se que destino é o que a razão, fonte do livre agir do ser humano, não podia determinar nem controlar. Pela visão racionalista, o destino se opõe à liberdade humana. No existir o ser humano deve-se dar livremente a sua essência, o seu genos enquanto seu quinhão. Nessa visão, a existência precede e determina a essência. O existir enquanto o como é deve determinar livremente o que é. O homem não tem um destino, dá-se um destino. Esta foi a utopia moderna, esquecida dos ensinamentos do mito de Édipo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte: corpo, mundo e terra. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 26.


4

"O ser humano, desde Édipo - o mito imemorial que pensa o humano no que lhe é próprio em sua essência sócio-político-histórica - sempre teve a pretensão de ser o sujeito das suas escolhas e realizações. A Moira sorri, em silêncio, diante de tais pretensões, deixando-o iludir-se, em seu pseudo-poder racional de dar-se a existência, segundo a liberdade fundada na sua vontade. É uma ilusão que custa caro e gera o sofrimento de muitos fracassos inúteis" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Eduardo Portella, o professor". In: Quatro vezes vinte - Eduardo Portella - Depoimentos. Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Letras, 2012, p. 40.


5

"Mas vem Édipo e, impulsionado pela procura da verdade e convicto de sua inteligência, certo de que é o mais inteligente dos homens, defronta-se com a Esfinge. Brilhando na luminosidade da inteligência e da razão, decifra os enigmas e passa a ser aclamado como o salvador de Tebas. Sem rei, pois Laio, o rei, seu pai, ele o matara. Naturalmente desposa a viúva, sua mãe. É o mais dócil e cuidadoso dos reis para com seu povo, para com seu genos. O seu corpo se confunde com o da pólis. Com o saber da razão achava que tinha resolvido os enigmas. Será que hoje o saber da razão é suficiente para resolver nossos enigmas ou apenas nossos problemas funcionais?" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte: corpo, mundo e terra. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 31.
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